Greve nacional da educação: Universidades estão sem dinheiro para conta de luz

Marina Silva/Correio

Movimentos sindicais e organizações estudantis convocaram uma greve nacional pela educação no dia 15 de maio. O movimento grevista será um ato de repúdio e de resistência aos violentos cortes de verbas promovidos pelo governo Bolsonaro à educação pública de todo o país. A greve nacional está sendo articulada por diversas entidades, entre elas a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). Além dos profissionais da educação, a greve terá participação também da Federação Única dos Petroleiros, que manifestou seu apoio com a frase “Não mexa com a educação, não mexa com a Petrobrás”.

Essa mobilização nacional objetiva criar uma unidade em defesa da educação pública e combater o corte orçamentário de 30% para as universidades federais. É um ato necessário, pois esse corte anunciado por Bolsonaro fará com que muitas universidades não tenham condições de pagar água, luz e nem de manter contratos de prestação de serviço nas áreas de limpeza, segurança e alimentação, por exemplo. Se os cortes do governo não forem revistos, algumas instituições terão ainda suas atividades acadêmicas do segundo semestre diretamente prejudicadas. A UFRJ, por exemplo, sofreu corte de 41% das verbas destinadas à manutenção; na UFPR houve corte de 30% de suas verbas de custeio; na UFG, o corte ultrapassou R$ 30 milhões, levantando a possibilidade de a universidade suspender as aulas e as pesquisas por falta de estrutura básica.

Esses cortes significarão também o fim das pesquisas científicas no país. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para não cortar bolsas já existentes, terá que praticamente zerar investimentos em pesquisas para os próximos anos. Com corte de 33%, o orçamento do CNPq cairá para R$ 800 milhões. No entanto, apenas as bolsas atuais custam cerca de R$ 900 milhões para o Conselho. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), frente a esse terrível cenário, anunciou que vai congelar e cortar bolsas. Além do fim das bolsas, a Capes pensa em encerrar o programa Idiomas Sem Fronteiras.

É mentiroso e falacioso o discurso de que esses cortes na educação superior significarão maiores investimentos na educação fundamental e infantil. Isso porque o governo Bolsonaro congelou cerca R$ 680 milhões da educação básica. Além disso, contingenciou valores significativos destinados a creches e a pré-escolas. Congelou também R$ 144 milhões dos recursos para compra de livros escolares e cortou R$ 23 milhões do programa de aquisição de veículos escolares. Para agravar o quadro, foi anunciado corte de 41% no valor destinado a ações de alfabetização e educação de jovens e adultos. Todos esses cortes sinalizam o projeto econômico e ideológico do governo Bolsonaro: sucatear a educação pública no país e priorizar as instituições particulares de ensino. Infelizmente esse projeto carrega uma roupagem elitista e excludente a qual transformará, em poucos anos, a educação em uma mercadoria inacessível às famílias pobres brasileiras. É um projeto que aumentará os lucros dos grandes oligopólios da educação privada e amplificará as desigualdades sociais brasileiras. Nesse sentido, é fundamental a intervenção popular por meio de greves, mobilizações e manifestações para manter firme o projeto nacional de uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Duda Salabert[email protected]

Duda Salabert é professora de literatura, ambientalista e acadêmica de Gestão Pública pela UEMG. Ativista no campo da educação popular, idealizou e preside a Transvest: ONG que oferece há quatro anos cursos gratuitos para travestis e transexuais de BH. Vegana há sete anos, desenvolve projetos e ações de conscientização ambiental e de defesa dos direitos dos animais.

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