Queimaram a Amazônia para transformá-la em pasto bovino

Daniel Beltrá/Greenpeace + Arquivo EBC

Os relatórios publicados pelo Banco Mundial revelam que 91% dos desmatamentos que ocorreram no Amazônia foram causados pela pecuária. Isso significa que nossa floresta está se transformando em um imenso pasto para bois e em campos de plantação de soja para alimentar esses bois. Sim, 80% da soja processada no país torna-se ração para alimentar animais. Essa realidade, além de  causar danos irreversíveis ao meio ambiente, impacta negativamente, a longo prazo, a economia do país, pois para cada 1 milhão de reais de receita com a pecuária bovina são gerados cerca de 22 milhões de custos ambientais¹. Tais números mostram que o projeto econômico brasileiro é ecocida e inviável às próximas gerações.

Não é embutido, por exemplo, no preço da carne  o custo ambiental de sua produção. É importante lembrar que para se produzir um quilo de carne bovina gasta-se cerca de 16 mil litros de água². Lembremos também que, de acordo com o Instituto SOS Pantanal, 16% do território do pantanal se transformou em pasto para boi. E mais: 50% do cerrado foi devastado pela pecuária. Realidade parecida é encontrada também na caatinga brasileira. Transformamos o Brasil em um grande pasto, cujo lucro financeiro nunca foi sustentável no ponto de vista social e ambiental.

Essa realidade tem se agravado no governo Bolsonaro. É a primeira vez na história brasileira que um presidente declara abertamente  guerra ao meio ambiente. Os números do INPE descortinaram um crescimento assustador do desmatamento na Amazônia. Bolsonaro, em vez de buscar reduzir tais números, insiste em atacar as politicas ambientais, os ambientalistas e os órgãos de fiscalização. Essa postura acabou incentivando ruralistas a fazerem o “dia do fogo”, realizando a maior queimada da história nacional. Queimaram o país e o transformaram em pasto. Para piorar o cenário, Alemanha e Noruega, descontentes com a política anti-ambiental de Bolsonaro, cancelaram seus apoios financeiros destinados ao “Fundo da Amazônia”.   

É extremamente importante, nesse contexto de crise ambiental, um maior engajamento da sociedade em relação à preservação dos biomas nacionais. Tal engajamento deve envolver não apenas cobranças políticas, mas também uma profunda reflexão sobre nossos hábitos. Nesse ponto urge seguir a orientações da ONU, a qual aconselha que é preciso reduzir o consumo de carne para frear o desmatamento e o aquecimento global. A alimentação vegana, por exemplo, tem baixa pegada de carbono, é mais saudável para o humano e para o meio ambiente.

Reduzir ou cortar o consumo da carne significa ir contra à indústria responsável pela destruição dos biomas nacionais, pela extinção de milhares de espécies, pelo genocídio indígena, pela poluição de rios e mares. Além disso, a indústria da carne é responsável ainda pelo sustento político e econômico da “Bancada do Boi”, que no Congresso tradicionalmente vota contra os direitos dos trabalhadores, dos indígenas, dos quilombolas e dos animais. E por tocar nesse ponto, a indústria da carne financia a morte de 70 bilhões de animais por ano³.  Por isso, repense: qual o impacto socioambiental do seu consumo de carne?

Fontes:

  • 1 – Conselho empresarial brasileiro para desenvolvimento sustentável
  • 2 – Walter foot print
  • 3 – Sociedade vegetariana brasileira
Duda Salabert[email protected]

Duda Salabert é professora de literatura, ambientalista e acadêmica de Gestão Pública pela UEMG. Ativista no campo da educação popular, idealizou e preside a Transvest: ONG que oferece há quatro anos cursos gratuitos para travestis e transexuais de BH. Vegana há sete anos, desenvolve projetos e ações de conscientização ambiental e de defesa dos direitos dos animais.

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