Disney reinventa clássico com efeitos especiais e tecnologia 3D

Mogli: O Menino Lobo, que estrou na última semana, traz versão inovadora de obra clássica de animação, marcando tendência ultrarrealista no gênero.

À exceção do ator mirim Neel Sethi, que interpreta o personagem central da nova animação da Disney, nada mais do que se vê na tela é real. Em Mogli: O Menino Lobo, a floresta, os bichos e toda cenografia são criações exclusivas de um trabalho magistral de computação gráfica, reproduzindo a vida na selva com extraordinário realismo.

Não fosse pelo fato de os animais falarem, bem poderia pensar se tratar de um documentário produzido pelo Animal Planet ou National Geographic Channel. O filme de Jon Favreau — que dirigiu os dois primeiros filmes da franquia Homem de Ferro — alcança um grau inédito de ultrarrealismo, levando a alguns críticos a considerá-lo como o melhor filme para assistir em 3D, desde Avatar (2009).

Como efeito colateral, entretanto, a estética realista refuta o ar lúdico, colorido e aprazível da animação clássica, The Jungle Book (1967) — um dos mais importantes desenhos da chamada Era de Ouro da Disney. As canções que ganham a maior parte do filme clássico, nesta versão contemporânea, digitalizada e realista, são apenas lembradas em modestas passagens.

Embora a essência musical do filme seja perdida, Mogli: O Menino Lobo tem lá os seus aspectos positivos. Além da estética inovadora, o enredo fiel às obras do escritor britânico Rudyard Kipling, criador do personagem Mogli (Mowgli), talvez seja a grande virtude do filme — característica rara à maioria das adaptações.

Na fábula publicada em 1894, lê-se, com frequência, referências às noções de leis, normas e organização social. Neste filme, não é diferente. “O que é lei?”, pergunta o menino lobo à Bagheera — fera que o acompanha na floresta.

É interessante analisar que a mensagem suscitada pelo autor original da obra é respeitada nesta produção eminentemente contemporânea, há mais de um século depois. A ideia de uma sociedade selvagem, organizada por regras e líderes — conforme sustenta a obra de Rudyard Kipling —, é exaltada ao longo de todo filme.

Na selva criada pelo autor britânico, existe uma assembleia de lobos, disputa de poder e hierarquia social. Uma negativa evidente às teorias contratualistas que prosperaram no século XVII na Inglaterra, as quais são refutadas por Kipling em suas obras. A propósito, o autor fora conhecido como o “poeta do imperialismo britânico”, na Europa.

A análise, é claro, está além do alcance do público infantil. Mas há outros elementos, como jogo de vozes e imagens que, certamente, despertam e prendem a atenção dos pequenos.

Scarlett Johansson distribui mistério e sensualismo ao dublar a hipnótica figura da cobra Kaa — o que, na verdade, acaba por ser mais atrativo para os adultos do que para as crianças. No entanto, os pequenos divertem mesmo é com o preguiçoso urso Baloo, na inconfundível voz de Bill Murray (do clássico Os Caça-Fantasmas).

Já o Templo dos Macacos reserva o personagem mais legal de todo filme, que é o primata gigante King Louie. Destacado pela voz (dublado por ninguém mais, ninguém menos do que Christopher Walken), e também para trabalho gráfico perfeito, o personagem impressiona e ganha a simpatia de todos. Muito embora, vale ressaltar, a dublagem do vilão — o tigre Shere Khan —, talvez seja a melhor composição do elenco. Idris Elba (Thor, Prometheus) , com sua voz grave e imponente, cria um vilão digno de respeito, temido por toda a selva.

Mogli: O Menino e o Lobo é um daqueles filmes que rendem muitas semanas de cartaz — no Brasil, foi lançado na última quinta-feira (14/04/16). Com potencial de sucesso de bilheterias, deve manter as salas de cinema cheias no feriado próximo, e seguirá em cartaz, muito provável, até o final do mês.

O veredicto: Mogli: O Menino Lobo vale a ida ao cinema.

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