Impeachment quebra confiança e ameaça aliança PT e MDB em Minas Gerais

O pedido foi acolhido ontem, quando o deputado Lafayette Andrada (c) presidia a Mesa

Parece que deu a louca na Corte mineira. Sabemos como começam essas crises, mas não como terminam. E qual é começo dessa nova crise na política, deixando graves sinais de instabilidade, com o pedido de impeachment do governador Fernando Pimentel? Falta de dinheiro, como tem sido a marca da atual gestão? Não. A condição de réu do governador em três processos no Superior Tribunal de Justiça? Também não. O problema é única e exclusivamente político.

Tanto é que o governo do estado parcela há dois anos os salários de boa parte dos servidores, atrasa o repasse constitucional de impostos aos municípios que financiam a saúde e a educação, faz o mesmo com dinheiro dos hospitais, dos repasses orçamentários do Judiciário e da Assembleia Legislativa, mas nada disso foi suficiente para que a maioria dos deputados estaduais reagisse. Em todas as situações, a Assembleia deu sustentação política a Pimentel, lhe deu governabilidade e tranquilidade para governar.

Porém, bastou mexer com os interesses políticos do principal fiador (Adalclever Lopes, presidente da Assembleia) dessa governabilidade para a coisa desandar. O ponto principal, ou inicial, foi a transferência do título eleitoral da ex-presidente Dilma Rousseff para Minas. Por quê? Porque ela vem para disputar as eleições, e para qual cargo? O de senadora. Isso soou como traição e quebra de confiança para Adalclever Lopes, que era ou é pré-candidato ao Senado na aliança de seu partido, o MDB, com o PT do governador Fernando Pimentel, que busca a reeleição neste ano.

Adalclever acha que Dilma candidata atrapalha seus planos. Daí pra frente, o clima azedou entre eles. Surgiu uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado, com a morte precoce da conselheira Adriene Andrade, que seria, então, oportunidade de pacificação entre eles, mas vazou a informação de que o governador já havia escolhido o nome do substituto e sem consultar o principal aliado. Daí para autorizar o impeachment foi só apertar o ‘enter’. É um trunfo forte nas mãos de Adalclever, mas que beira à chantagem e, com certeza, quebra de confiança na relação do governador e o presidente da Assembleia.

Aliança pode ficar comprometida

Tudo, agora, vai depender da condução dessas lideranças políticas. O problema não é administrativo ou financeiro, como sugere e sustenta o pedido de impeachment. Também não se trata de ter ou não sustentação jurídica, é apenas e exclusivamente político.

Pode não ser definitivo, podem se recompor nos próximos 15 dias. Adalclever retoma, na próxima semana, o comando da Assembleia e corrigiria o estrago de seu vice. Nos últimos dias, quando você procura por Adalclever na Assembleia, dizem que ele está em LINS. Aí você pergunta se é aquela cidade de São Paulo? Não, é um código e LINS quer dizer “Local Incerto e Não Sabido”.

Ao final, pode estar blefando e, ao mesmo tempo, brincando com fogo. Adalclever pode conduzir o impeachment para o arquivamento, se os motivos que o levaram a fazer isso, forem superados, mas fica a pergunta: e relação de confiança e aliança entre eles vai permanecer? A ética dos políticos pode ser diferente daquela que conhecemos, mas tudo tem também limite.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

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