A falácia do trabalho voluntário para mulheres (e homens)

Fonte: http://www.blogarama.com/politics-blogs/230756-mais-casinhas-anos-blog/

o evento mais importante na história da humanidade, é a Revolução Industrial. Período complexo e longo, para alguns historiadores, até subdividido em fases.

O Parlamento inglês era, até então, ocupado apenas por Lordes. Eram os industriais, a burguesia, que ocupavam os assentos. E, obviamente, eram dos industriais as contrapartidas. Tudo o que envolvia política para a população média era sob o “voluntarismo” , na prática da “boa vontade” do Lorde governante.

Toda essa lógica começa a se transformar quando o proletariado toma pra si a reivindicação de seus direitos, inclusive o direito de assentar-se ao Parlamento.

Para que o proletário pudesse assentar-se a instâncias de decisão fora imprescindível que o mesmo recebesse SALÁRIO. Salário e segurança trabalhista eram as únicas vias possíveis de um proletário assegurar-se em qualquer profissão, por vender a sua força de trabalho. E isso em todo o mundo, em cada respectiva época.

O proletário representante de suas bases no poder poderia ser, então, um dos mecanismos de mudança social. A história nos aponta essa via como a única forma de ocupar cadeiras dos Lordes e trazer para si as pautas dos seus.

Para as mulheres, isso ainda demorou muito a acontecer. A mulher era vista como arrimo familiar e a ela cabia apenas os cuidados do lar. Regra geral.

Somente após muitas lutas, as mulheres organizadas alcançaram o direito ao voto, ao trabalho digno, aos assentos nos parlamentos (também regra geral, pois muitos países ainda cerceiam vários desses direitos)

Ocupar o parlamento só nos fora possível porque o parlamento deixou de ser visto como trabalho voluntário de Lordes, e transformou-se em espaço de todos os assalariados.

Fazer esse recorte é imprescindível para entendermos, de forma analógica, o papel de outros agentes, como por exemplo a “Primeira Dama”, este cargo que, apesar de não estar vinculado ao voto popular, ainda carrega o resquício da sociedade burguesa que necessita de uma figura maternal para reger determinadas pautas.

No nosso cenário latino-cristão, carregamos a imaculada figura que “cuida” das crianças. O que não percebemos é que este “cuidar” despreza o trabalho sério de figuras que estudam, dedicam, trabalham com o tema: Pedagogos, Assistentes Sociais, Professores, Psicólogos e tantos outros que se debruçam a tratar o tema com a seriedade que deve ser tratado.

Não é qualquer pessoa “carinhosa” que está apta a lidar com crianças. Muito menos de forma voluntária. Para esta função já existe uma política pública de Assistência Social em curso, e que deveríamos fortalecê-la e não tratar com voluntarismos.

Todas as vezes que tratamos como voluntários postos que devem ser ocupados por nós de forma justa e assalariada estamos trazendo à tona o Parlamento de Lordes, e fortalecendo não a nós, mas aos coronéis de outrora.

Parlamento e suas franjas não são voluntarismo. São, assim como todo espaço de trabalho, imprescindíveis de Remuneração.

Já que tudo produzimos, que a nós tudo pertença!

Luara Colpa tem 29 anos, é brasileira e colunista no BHAZ. É mulher em um país patriarcal e oligárquico. Feminista e militante por conseguinte. Estuda Direito do Trabalhador e o que sente, escreve. 

Luara Colpa

Luara Colpa é brasileira, colunista no Bhaz e na Carta Capital via Blog Negro Belchior. É mulher em um país patriarcal e oligárquico. Feminista e militante por conseguinte. Estuda Direito do Trabalhador e o que sente, escreve.

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