Melhor ser xingado nas ruas do que ser preso: acordão à vista

Entre ser vaiado ou preso na Lava Jato, os políticos optaram, claro, pela primeira possibilidade ao decidir apoiar o acordão e articular a aprovação da anistia ao caixa 2. O pacto vem aí com toda a força, após o terremoto político provocado pelas delações do fim do mundo (dos executivos da Odebrecht), e foi precedido de entendimentos entre três ex-presidentes da República: FH, Lula e Temer.

De um jeito ou de outro, os três, que aparecem denunciados nas delações de esquemas dos últimos 20 anos, negaram a iniciativa pelo acordo político. A costura começou a ser feita pelos dois primeiros, e o tucano tratou de fazer a ponte até o atual presidente.

Diante da corrupção sistêmica, não há mais como separar o joio do trigo: quem recebeu caixa 1, caixa dois ou propina. Ao colocar sua tropa de 77 diretores para colocar a boca no mundo, a maior empreiteira do país jogou todos no mesmo ventilador. Denunciada aqui e no exterior, a Odebrecht, que é dona de indícios e provas, mistura tudo para igualmente se safar. Se haverá acordão na política, poderá acontecer também na economia. e a empresa receber punição menos radical.

Lista com mineiros

Alguns sites, como o Poder 360, divulgaram, durante todo o dia de ontem, listas com nomes de mineiros, desde vereadores e ex-vereadores de Belo Horizonte, deputados estaduais e federais, entre outros, que teriam recebido dinheiro, legal ou ilegal, eleitoral e não eleitoral, da Odebrecht. Os nomes teriam sido apontados pelo delator Benedicto Júnior, o BJ, da mesma empreiteira.

O site citado possui credibilidade, mas, estranhamente, a lista não apresenta nomes do PMDB mineiro e tem poucos petistas. A maioria é de tucanos e seus aliados. Seja como for, as delações provocaram um silêncio quase sepulcral no plenário da Assembleia Legislativa, onde tucanos e petistas, até então, se digladiavam numa luta autofágica sem fim.

Não custa esperar mais um pouco para não cometer injustiças, porque os nomes desses mineiros irão descer, nos próximos dias, para o Tribunal de Justiça de Minas, já que não têm o foro privilegiado do Supremo Tribunal Federal.

P.S. – É com o entusiasmo de sempre que, a partir de hoje, passo a frequentar e a dividir esse espaço com vocês para entendermos, juntos, o que acontece nos bastidores da política e nos três poderes e por que, como e pra quem eles decidem em nosso nome.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

A foto que irritou Kalil

Reprodução Whatsapp

Não foi a viagem à Itália, mas a foto do presidente do Atlético e secretário de Desenvolvimento da Prefeitura de Belo Horizonte, Daniel Nepomuceno, causando tumulto nas redes sociais. Ao lado de Castellar Neto (presidente da Federação Mineira de Futebol), do publicitário Cacá Moreno, e mais uma turma de atleticanos, entre eles Sette Câmara e Rodrigo Carneiro, em um camarote do estádio da Juventus durante a goleada sobre o Barcelona de Neymar. Apesar da licença não remunerada, Nepomuceno criou o clima ruim para o chefe ao se expor daquele jeito.

Sérgio Moro e risco de atos radicais tiram Lula de Ouro Preto

De um lado, prevaleceu a orientação jurídica sobre a política na desistência do ex-presidente Lula (PT) em voltar a Ouro Preto (região Central), no dia 21 de abril, para ser homenageado durante as celebrações da Inconfidência Mineira. Os advogados do petista convenceram a área política de que a alta exposição nesse evento soaria como uma afronta ao Judiciário, em especial ao juiz federal Sérgio Moro, que comanda a Lava Jato e que, no próximo dia 3, ouvirá o depoimento dele em ação que o ex-presidente figura como réu (caso do triplex). Se o 21 de abril fosse depois do dia 3 de maio, ele iria, vaticinou uma alta liderança petista.

De outro lado, em nova manifestação de cautela, Lula foi orientado pelo governo mineiro, por iniciativa da área de inteligência das forças de segurança, a desarmar a homenagem em função dos riscos de atos radicais contra o ex-presidente.

Tudo somado, o governador Fernando Pimentel (PT) e Lula optaram por cancelar o ato “pra não cutucar a onça com a vara curta”. A onça, no caso, atende pelo nome de Moro e de grupos de empresários que preparavam ações graves contra a vinda do petista. Havia planos ‘a’, ‘b’ e ‘c’ até mesmo para impedir sua chegada à primeira capital de Minas.

No custo-benefício, calculou-se que o prejuízo e desgastes poderiam ser maiores, embora o poder de mobilização do PT seja maior do que o de qualquer outra organização política. Estavam convidados e convocados milhares de aliados de todo o país. O momento brasileiro, bastante atípico, no entanto, não recomenda o confronto; qualquer ocorrência grave daria à iniciativa repercussões negativas e desnecessárias.

Além disso, o ato pró-Lula seria uma forçação, porque, ele não poderia mais ser homenageado com a Medalha da Inconfidência, já que havia sido, em 2003, pelo arquirrival Aécio Neves (PSDB), então governador de Minas, com o grau máximo. Segundo, a tradição manda que o discurso deve ser do principal homenageado com a Grande Medalha (ainda não divulgado).


*Jornalista político, Orion Teixeira recorre a sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

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