[Coluna do Orion] Tucanos mineiros sonham com canetada de Jucá para tirar PMDB do PT

Sem rumo e sem pré-candidato para as eleições a governador do ano que vem, os tucanos sinalizam que irão repetir a malsucedida estratégia de 2014 de deixar tudo para a última hora. Na quinta (16), o senador Antonio Anastasia (PSDB), que tem mandato até 2022, voltou a negar que vá disputar o cargo de governador novamente em 2018 (foi governador de 2010 a 2014). Falou ainda de outras duas situações, até onde se sabe, improváveis: que o senador e ex-governador Aécio Neves (PSDB) poderá, se quiser, ser candidato a governador e que teria seu apoio, e que a reedição da aliança do PMDB com o PT do governador Fernando Pimentel não estaria 100% certa.

Anastasia avaliou que o rompimento do PMDB nacional com o PT poderá ter influência sobre os acordos regionais. “Aqui (Minas), existe uma questão muito específica, que é uma composição já antiga entre o PMDB e o PT, uma aliança estadual que já existe há mais tempo. Então, em um primeiro momento, não sabemos como ficará. Claro que, hoje, o afastamento em nível nacional entre o PMDB e o PT pode facilitar o entendimento no estado, mas ainda vamos ter muita discussão antes de ter uma decisão sobre isso”, apontou o senador.

O presidente estadual do PMDB e vice-governador Antônio Andrade, que está rompido com o governador, trabalha intensamente para ter candidatura própria e afastar o partido do PT. Está esvaziado e enfraquecido politicamente no estado, razão pela qual busca outros meios para alcançar seus objetivos, a exemplo do que fez com a sucessão na regional da Fundação Ulysses Guimarães, onde trocou o comando sem ouvir a executiva. Presidente nacional licenciado do PSDB, Aécio Neves também tem linha direta com o presidente Michel Temer e com o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá.

A corda será esticada de ambos os lados. De acordo com Fábio Ramalho (PMDB), coordenador da bancada federal mineira, Jucá garantiu-lhe que fará o que for melhor para a bancada parlamentar do partido, estadual e federal. Ramalho ainda foi a Michel Temer e ouviu a mesma posição. Longe de amores pelos petistas, Ramalho disse que a aliança com o PT seria o melhor caminho para que o PMDB reeleja as bancadas e até as amplie. Esse é o mesmo pensamento da maioria absoluta da bancada estadual.

Aécio voltou a Belo Horizonte após um tempo maior do que os outros, para dizer que estava retomando a caminhada para que o PSDB e seu grupo político reconquistem o Palácio da Liberdade. Sua estratégia é parecida com a de Lula. Diante dos problemas e dos riscos de processos e condenações, parte para o ataque, dizendo que vai disputar as eleições.

Não disse a qual cargo, se com a própria candidatura ou de outro nome. Como é sua prática, o PSDB não preparou outros quadros, nem de seus parceiros, para a disputa majoritária. Sempre foi dependente de Aécio e de Anastasia. Ainda na entrevista, Aécio disse apenas que irá disputar as eleições do ano que vem e que estaria descartando uma vaga para deputado federal. Pode ser, mas esse cargo seria o ‘mais fácil’ para manter o foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal, onde ele responde a nove inquéritos e poderá ser julgado por corrupção, de acordo com a delação do dono da JBS e da gravação na qual pede R$ 2 milhões de reais. O delator diz que é propina, o tucano fala que é empréstimo para pagar advogado.

Do ponto de vista das delações, denúncias e riscos de processos judiciais, a situação do governador Fernando Pimentel é semelhante, mas ainda não apareceu nenhuma gravação com ele pedindo dinheiro. O jogo a ser jogado no ano que vem será pesado, com troca de farpas sendo substituída pela troca de denúncias e ofensas. Ao contrário de Pimentel, a reputação de Aécio entrou em declínio, deixando-o com alta impopularidade. Nas pesquisas divulgadas até agora, o petista lidera a disputa no ano que vem.

A falta de adversário competitivo facilita a vida de Pimentel. Fora do campo político e jurídico, onde denúncias contra ele aguardam parecer do Superior Tribunal de Justiça (corrupção passiva no período em que foi ministro do Desenvolvimento Econômico, de 2010 a 2014), ele tem o desafio administrativo, de viabilizar sua gestão. Terá que resolver o problema do parcelamento de salários dos servidores, atualizar o repasse para os municípios e passar a impressão de que conseguiu sanear as contas para tentar cumprir as promessas que fez. O mais imediato é o pagamento do 13º salário dos 640 mil funcionários. Caso contrário, seu capital eleitoral correrá riscos.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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