[Coluna do Orion] Vácuo na sucessão mineira é campo aberto para ‘outsider’

Pimentel e Aécio vivem dilemas políticos e pessoais antes da sucessão de 2018 (Reprodução)

O governo inteiro comemorou como vitória o resultado do julgamento que inocentou o governador Fernando Pimentel (PT) de uma das três ações penais apresentadas contra ele no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O assunto referia-se a fato ocorrido há 14 anos, quando era prefeito de Belo Horizonte, mas outras duas, e mais graves, estão na fila aguardando a manifestação do mesmo tribunal. A situação pessoal do governador é delicada, mas não é desastrosa nem dramática, quase terminal, como a do senador afastado Aécio Neves, também afastado do comando do PSDB nacional.

Ainda assim, a conclusão do mandato e a possível reeleição de Pimentel ficam ameaçadas pela falta de entregas, obras e realizações. Ao contrário dele, os tucanos têm, até o momento, mais entregas caso venham a disputar, embora não tenham nomes para o enfrentamento.

Sobram, então, duas questões para o ano que vem: Aécio sai dessa ou não? Descartado por um cartão vermelho, não possui chances de se recuperar a tempo, talvez, por muito tempo. Se sair dessa, poderá, no limite, virar deputado federal e tentar reagrupar sua turma. Para Fernando Pimentel, o desafio é saber se e como chegará ao final do mandato, passando a sensação de que Minas vai bem. Há duas publicidades do governo no ar, a primeira divulga um aplicativo da Copasa, que não leva a nada nem mostra melhoria em seus serviços; outra, diz que o governo está ouvindo o cidadão, mas sem exibir resultados.

Por conta dessas duas incertezas, envolvendo as duas maiores lideranças políticas do estado, criou-se um vácuo na sucessão mineira, cuja campanha começa daqui a 10 meses, deixando o campo aberto para um típico outsider, aventureiro: um nome muito conhecido, desvinculado da política tradicional e com capacidade de realizações, tal qual encarnou Alexandre Kalil (PHS) em sua eleição a prefeito de Belo Horizonte.

PSDB ainda não desistiu de Anastasia

Os tucanos e parte dos aliados estão insistindo e cobrando do senador Antonio Anastasia (PSDB) para que ele seja candidato a governador, porque, além de seu favoritismo, não teriam alternativas. Anastasia continua recusando, mas não dá para garantir até onde vai com a posição, porque a pressão e os desgastes aumentarão até lá.

Partido Novo quer empresário candidato

Integrantes desse partido estão construindo um diagnóstico completo sobre a realidade social e econômica do estado, a partir do qual pretendem incentivar e apoiar a candidatura de um empresário ao governo mineiro no ano que vem. Já conversaram com o prefeito de Betim (Grande BH), o empresário Vitorio Medioli (PHS), mas ainda não sabem se ele encaixa no perfil desse outsider.

O prefeito empresário é do tipo independente, que faz tudo sozinho; sequer tem um time atrás de si, além do que seu modelo bem-sucedido em Betim pode não dar certo em nível estadual. Como terceira força, está sendo cortejado pelos políticos, mas terá que provar capacidade de articulação. Ainda a seu favor, é o único dos cogitados que tem dinheiro próprio para fazer o dever de casa.

Dinis precisa escolher o próprio figurino

O ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro, pré-candidato do PP a governador, estrelou inserções partidárias na TV, que lembram o estilo adotado por Alexandre Kalil (PHS) para se eleger prefeito de Belo Horizonte. Ele se apresenta impressionado e indignado com o mau desempenho dos serviços públicos, mas poderá ser cobrado por rivais, já que está na vida pública há 20 anos, como deputado estadual e presidente da Assembleia. Copiar marketing político é operação de alto risco. Para ser candidato, terá que encontrar sua própria roupa, já que aquela só serve em Kalil.

Não me falem de pesquisas a 16 meses

As pesquisas de opinião política se tornaram ainda mais voláteis do que as de antes por conta da velocidade atual dos fatos. Quem não se lembra das últimas, que apontavam o tucano João Leite com 40% e Alexandre Kalil com 2%? Quem faz pesquisa (quanti ou qualitativa) agora, está rasgando dinheiro. Ou busca ter alguns minutos de fama.

(*) Orion Teixeira é jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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