Kalil tem teste de fogo que ameaça seu mandato e candidatura a governador

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Kalil e Zema enfrentam turbulências da campanha eleitoral antecipada (Reprodução/Propaganda eleitoral gratuita)

Muita tensão entre a Câmara Municipal e a Prefeitura de Belo Horizonte nesta semana. Os vereadores estão na reta final das CPIs que investigam atos do prefeito e de sua gestão. A Comissão que investiga a caixa preta da BHTrans quer votar, nesta segunda (8), o relatório com o pedido de indiciamento do prefeito Alexandre Kalil (PSD). Na próxima quinta (11), será a vez da CPI que apura gastos no combate à pandemia analisar o texto final.

Daí a tensão que está dominando, agora, a política municipal com foco na política estadual. A partir daí, desses dois relatórios, a presidente da Câmara Municipal, vereadora Nely Aquino (Podemos), irá analisar os pedidos de impeachment contra Kalil. Segundo ela, seriam seis ou sete pedidos, mas ela vinculou o encaminhamento deles aos resultados das CPIs que poderiam sustentar a instalação de uma comissão processante.

Os relatores das CPIs dizem ter farta documentação para sustentar as denúncias apresentadas. A prefeitura aponta politicagem nas investigações. O objetivo principal da oposição é deixar Kalil encurralado, nas cordas de modo a atrapalhar sua organização e início da pré-campanha para governador no ano que vem. Não dá para desvincular o movimento oposicionista da união de bolsonaristas e aliados de Zema para barrar o projeto eleitoral de Kalil. Se as denúncias feitas apresentarem provas contundentes, a situação política de Kalil pode se complicar.

Votos falarão mais do que provas

Além de os vereadores provarem suas denúncias, cabe ao prefeito fazer a contraprova em cima dos fatos objetivamente apontados. Mais do que isso, nesta semana, será a hora de fazer a política que o prefeito deixou de fazer ao aceitar o enfrentamento que os vereadores lhe ofereceram desde o início do segundo mandato. Se recuperar a condição política junto à sua base de apoio, o prefeito poderá se recuperar e evitar o pior. Ou seja, agora precisa de votos, 23 para ser mais exato.

Para o presidente da CPI da Covid, vereador Juliano Lopes (Agir), as investigações dão conta de uma “pedalada fiscal” feita pela prefeitura para liberar recursos para empresas de ônibus. “Kalil teria que ter mandado um projeto de urgência de subsídio, mas preferiu fazer por conta própria, para dar R$ 220 milhões para as empresas. Foi o único segmento que teve lucro durante a pandemia em BH”, acusou Lopes.

O líder de governo na Câmara, vereador Léo Burguês (PSL), rebate as denúncias e críticas e afirma que não existe fato para abertura de uma comissão processante contra Kalil. “O fim das CPIs trará atestados que esse governo não cometeu irregularidades na gestão pública. E não acredito em abertura de processo de impeachment, pois não existe fato que leve os vereadores a abrirem tal processo”, disse ele, apostando no diálogo. “Continua da mesma maneira, a prefeitura buscando administrar a cidade e a Câmara cumprindo seu papel de fiscalizar. O que eu gostaria é de deixar a eleição para a época da eleição”, afirmou o vereador.

Tuíte falso agita oposição

Além de Kalil, o clima político eleitoral antecipado também afeta o governador Romeu Zema (Novo). No sábado (6), um dia após a trágica morte da cantora Marília Mendonça, no leste mineiro, foi feita uma postagem em rede social usando ou falseando o perfil de Zema. De acordo com o tuíte, Zema estaria vinculando o acidente aéreo à falta de investimentos da Cemig em uma de suas torres, o que teria sido a causa da tragédia. E mais, insinuando a necessidade de privatização.

Veja o texto do tuíte atribuído a Zema: “O Corpo de Bombeiros apurou que a falta de sinalização de torres elétricas de alta tensão da Cemig acarretou o acidente que decorreu na queda do avião onde estava a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas. A Cemig precisa voltar a investir em Minas Gerais #PrivatizaCemigJá”.

Assim, interpretou e embarcou a oposição na fake News, que, por tuítes dos deputados Professor Cleiton (PSB) e Beatriz Cerqueira (PT), condenou o gesto do governador. Em seguida, a assessoria do governador divulgou nota afirmando que o tuíte era falso e lamentando a exploração política. Como se viu, o jogo será pesado e sem limites na disputa eleitoral que se avizinha para o ano que vem.

Nota do governo repudia ato

Em nota, o governador repudiou “atitudes que visam espalhar informações falsas para prejudicar a reputação de pessoas e empresas”. Confira a nota na íntegra:

“Em relação ao trágico acidente que resultou na triste morte da cantora Marília Mendonça e de mais quatro pessoas, a Cemig esclarece que a Linha de Distribuição atingida pela aeronave prefixo PT-ONJ está fora da rede de proteção do Aeródromo de Caratinga, nos termos de Portaria Específica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo(DECEA) do Comando da Aeronáutica Brasileiro. A Cemig reitera que segue rigorosamente as Normas Técnicas Brasileiras e a regulamentação em vigor em todos os seus projetos. As investigações das autoridades competentes irão esclarecer as causas do acidente”.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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