[Coluna do Orion] Destino de Aécio segura PSDB na base do governo Temer, que busca saída “honrosa”

Reprodução/Cultura Mix

Os tucanos estão divididos por dois motivos. Primeiro, porque deixar o governo é considerar que, pelas gravações, o presidente Michel Temer é culpado e deve sair, ou seja, as mesmas gravações que ameaçam o ex-presidente do PSDB e senador afastado Aécio Neves. Seria a sentença de morte política e definitiva de Aécio, que passaria a ser somente um problema da justiça, talvez do juiz federal Sérgio Moro.

Aécio hoje é investigado por suspeita de ter recebido R$ 2 milhões em propinas da JBS, de acordo com as gravações e delações. Ele contesta e se diz vítima de armação.

Alguns diretórios estaduais já defendem o rompimento com o governo e até o impeachment de Temer. O presidente tucano em exercício, Tasso Jereissati, tenta segurar sua turma.

Outra razão é a possível campanha por eleições indiretas. Nesse caso, o PSDB, que tem candidato, quer o apoio do PMDB e até de Temer, que manteria ainda alguma influência entre deputados e senadores que votarão e escolherão o novo presidente indiretamente.

Renúncia, cassação, eleições indiretas ou diretas?

A situação do presidente é cada vez mais frágil. Enquanto segura sua base aliada, ele se agarra ao formalismo para desmontar as acusações, mas não se defende do teor delas, porque, provavelmente, não há defesa. É como num flagrante. Começa por receber um sujeito investigado, com todo aquele histórico de financiar legal e ilegalmente os políticos, fora da agenda às 10 ou 11 da noite. Depois, aceitar aquele tipo de conversa, quando ele aparece ainda aprovando a compra de silêncio do Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e preso em Curitiba, e ainda de procurador, promotor etc.

Então, é uma questão de tempo para ele sair. Tudo indica que ele quer encontrar uma saída menos traumática do que a renúncia, como, por exemplo, a cassação da chapa Dilma/Temer por conta do financiamento eleitoral. Assim, ele sairia sem explicar as denúncias das quais é acusado agora e ainda colocaria a culpa em Dilma pela cassação da chapa.

O julgamento está previsto para começar no dia 6 de junho e é uma das principais apostas de aliados que consideram a permanência de Temer insustentável.

A terceira alternativa, o impeachment dele, não iria pra frente se Temer mantiver o apoio mínimo de sua base governista e a fidelidade do presidente da Câmara. Para isso, tenta manter a todo o custo a governabilidade mínima para evitar o impeachment, que seria um processo também demorado. Só um grande rompimento da base deixaria ele mais nu, mais frágil do que já está.

Rodrigo Maia já engavetou três dos oito pedidos de impeachment que chegaram à Câmara desde a semana passada; mas até quando. Não se pode esquecer que, apesar de aliado, Maia é como aquele vice que todo mundo desconfia. Afinal se Temer sai, é ele quem assume, pelo menos por 60 dias, e ainda poderia se candidatar para presidente em uma eleição indireta.

A eleição direta também depende dele e da maioria parlamentar. Nesta terça (23), Maia manobrou para que a PEC das Diretas não fosse discutida na reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Se houver pressão das ruas, ela poderá deixar de ser só bandeira da esquerda, mas aí, teríamos Rodrigo Maia na presidência por muito tempo. Quatro, cinco meses, até a aprovação das diretas e de suas regras, depois viria a campanha eleitoral para eleger o novo presidente.

Oposição a Pimentel denuncia “tratorada” e derruba regime de urgência

Um dia depois de denunciar o uso do rolo compressor para aprovar o projeto do governador Fernando Pimentel (PT), que vende imóveis públicos em Minas, a oposição conseguiu derrubar o regime de urgência na tramitação baixado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB). Agora, o projeto entrará na fila.

De acordo com o projeto, o governo pretende vender, através de uma operação polêmica de criação de fundos, cerca de cinco mil imóveis (eram 6 mil), para gerar recursos que tirem suas contas do vermelho.

Para os deputados de oposição, o projeto ainda tem pontos a serem esclarecidos, como a listagem de imóveis à venda, enviada pelo governo, que inclui imóveis que sediam serviços públicos essenciais em Belo Horizonte e municípios do interior.

Além disso, defendem prioridade na votação dos Projetos de Lei 3840/2016 e 3794/2016, sobre a data-base do Judiciário e do Ministério Público, e o PL 4.092/2017, que instituirá benefícios para estudantes da UEMG e Unimontes, e que tramitam desde o ano passado.

“Se fosse do interesse do governo e da base aprovar os benefícios para os servidores, bastava acatar o pedido da oposição para votar com prioridade os interesses do funcionalismo. Bastava retirar a urgência do PL dos fundos imobiliários, esse sim nocivo aos mineiros e cujos prejuízos serão imediatos e vão perdurar, no mínimo, nos próximos 50 anos com o pagamento de R$ 700 milhões anuais de aluguel para usar imóveis que pertencem ao Estado”, critica o deputado Antônio Carlos Arantes.

Orion Teixeira é jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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