Reforma de Zema só enxuga gelo e o mantém como gerente de contas a pagar

Henrique Coelho/BHAZ + Facebook

Como já assumiu a boa convivência com o PSDB, partido que derrotou no segundo turno e sempre o chamou de ‘velha política’, o governador Romeu Zema (Novo) apresentou, na terça (5), projeto de reforma administrativa ao estilo tucano, de apenas cortar cargos e reduzir secretarias, visando redução de despesas. Não conseguirá, com isso, reduzir o tamanho do monstro que é a máquina pública estadual.

Encheram a boca pra dizer que a economia será de R$ 1 bilhão em quatro anos, durante todo o mandato. Qualquer economia de dinheiro público é bem-vinda, mas essa é muito pequena. Para se ter uma ideia do tamanho, apenas a folha mensal com os salários dos cerca de 600 mil servidores estaduais custa R$ 3 bilhões. É bom repetir, gasto mensal é de R$ 3 bi.

A economia anual com a reforma é quase nada do ponto de vista dos números e da crise, e menor ainda diante das mudanças necessárias que deveriam trazer mais eficiência ao governo, retomada da atividade econômica e aumento da arrecadação de impostos, especialmente do ICMS.

Após 40 dias de transição e 30 de governo, Zema não apresentou, até agora, como já dissemos aqui, nenhum projeto que justifique o chamado ‘novo’ de seu partido, que havia prometido fazer algo diferente na prática administrativa, capaz de tornar o Estado mais eficiente e menos oneroso.

Agora, com a mineração em crise, após as tragédias consecutivas e anunciadas de Mariana e Brumadinho, o governo continuará sem rumo em vez de buscar a diversificação da atividade econômica e regional de Minas. Sem investir em seu turismo e nas novas tecnologias.

 A reforma apresentada pode até funcionar bem, mas em qual direção? Essa é a pergunta que falta. Porque cortar só para economizar é muito pouco. O Estado precisa voltar a crescer, atrair novas e grandes empresas e gerar muitos empregos. Fora daí, é enxugar gelo e gerenciar contas a pagar.

E mais, ficará dependente do governo federal, que, ao aprovar a renegociação da dívida de Minas com a União, na casa dos R$ 90 bilhões, dirá como o Estado deverá ser governado. Ao tirar a autonomia estadual, exigirá que Minas abra mão da dívida do próprio governo federal com Minas, que ultrapassa os R$ 100 bilhões herdados da Lei Kandir, aquela que, há 23 anos, exonerou os produtos de exportação desde setembro de 1996. Ou seja, Minas terá que abrir mão da ação judicial que faz essa cobrança.

Outras medidas imporão a venda de estatais, aumento de contribuição previdenciária dos servidores, adesão ao teto de gastos, etc. Tudo somado, o pacote de maldades vem aí com força total e, para se defender, o governador terá desculpas por algum tempo, afinal, herdou um déficit de R$ 11 bilhões, que deve ser, na verdade, de quase R$ 30 bilhões, deixado pelos governos anteriores e agravado no último, de Fernando Pimentel (PT). São argumentos fortes, mas é preciso fazer e mostrar algo mais, porque, desde a campanha, todos sabiam dessa situação.

Kalil quer ir além do ‘feijão com arroz’

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), fez, até agora, uma gestão ‘feijão com arroz’, sem deixar salgar nem gourmetizar, mas está pensando alto. Por isso, decidiu sofisticar o cardápio político ao convocar o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (MDB), para ser o consultor na área. 2019 é o ano das possíveis realizações da administração, pavimentando o terreno para buscar a reeleição no ano seguinte: 2020, hora de mostrar o que fez e costurar as alianças políticas.

Ele quer mais do que isso; está de olho é na eleição para governador em 2022. Kalil mantém um bom recall, aprovação junto ao eleitorado, seu estilão continua agradando por ser pouco ou nada político, de ser franco e destemido. Então, calculou que, se fizer tudo direitinho nos próximos três anos, poderá ser um forte candidato a governador. Hoje, ele está no PHS, amanhã, pode mudar.

(*) Jornalista político; leia mais no blog do Orion

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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