Rendição de Bolsonaro dura até a próxima ameaça: Contagem regressiva

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Temer e Bolsonaro: como a história irá falar deles? (Alan Santos/PR)
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O país pensante e democrático passou os últimos dois dias discutindo se seria pra valer ou não o recuo do extremista Bolsonaro. Todos buscam querer acreditar por boa vontade, principalmente o mercado que vê nas turbulências obstáculos aos avanços do capital e seus ganhos. Experiente em democracia e golpe, o ex-presidente Michel Temer (MDB) reapareceu das cinzas para virar amortecedor geral da República.

Ao assessorar Bolsonaro na trégua anunciada, Temer ainda disse que precisamos acreditar nele para não lhe dar motivo para recair. Ou seja, poderia ameaçar novamente sob o argumento de que tentou conversar e não foi ouvido. Acredite quem quiser. Bolsonaro só pediu trégua porque saiu do derrotado na operação 7 de setembro, que ele e seus seguidores se acreditaram vencedores por algumas horas.

O recuo levou à frustração de seus fanáticos seguidores, que esperavam o próximo e bote fatal. Diante do isolamento institucional e dos contra-ataques das instituições democráticas, fez a primeira pergunta ‘o que fazer agora?’. Como não achou a resposta, está respondendo agora aos ataques de seus seguidores: “querem que eu degole todo mundo”.

Civilização fala mais alto

Vejam o que disse: “Alguns querem que vá lá e degole todo mundo. Hoje em dia não existe país isolado, todo mundo está integrado ao mundo”, disse Bolsonaro na sexta-feira (10) a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. A declaração foi divulgada por canal bolsonarista no Youtube.

A paralisia de Bolsonaro ante o próximo passo do golpe fatal e a frustração dos fanáticos golpistas reafirmam um ponto que eles ignoraram. O Brasil não é uma república de bananas e o nível civilizatório alcançado pela sociedade brasileira rejeita e deplora, categoricamente, retrocessos, estado agressor e empresarial, covardias. Muito menos racismo, fascismo, misoginia, homofobia, entre outras mazelas que ainda rondam a vida nacional.

O Supremo Tribunal Federal (STF), alvo principal dos ataques antidemocráticos, ainda não se manifestou sobre a rendição de Bolsonaro. Decano do STF, o ministro Gilmar Mendes disse ao jornal Folha de S. Paulo que é preciso acreditar na boa-fé de Bolsonaro. Para Gilmar, os apoiadores do presidente vivem uma ilusão de que o STF ameaça a governabilidade de Bolsonaro e até integrantes do governo dizem acreditar em notícias falsas a respeito da corte.

Ministro do STF põe alguma fé

“Vamos aguardar. Temos de acreditar na boa-fé da manifestação e vamos aguardar os desdobramentos. Eu tenho a impressão de que foi a forma que se concebeu de se fazer uma revisão em relação a isso [aos ataques do presidente]. Eu não vou fazer questionamentos a propósito de estratégias políticas ou estratégias político-eleitorais. Cada qual terá a sua. Então, precisamos de diálogo e precisamos verter nossa energia para esse imenso desafio de reconstrução nacional, de superação desse estado de coisa. Não cumprimos a meta de vacinação e estamos a praticar esse novo esporte de agressões contínuas e alguns delírios”, disse o ministro.

Quando se sentir recuperado, Bolsonaro voltará ao front como é sua natureza e fará as pazes com sua turba. O país está em contagem regressiva para isso… tic, tac, tic, tac…, porém, convencido de que isso pode durar todo o resto do governo ou o que lhe restar. Se fosse inteligente e estratégico, Bolsonaro se concentraria no trabalho de um presidente da República até o final do ano, tentando ainda a reeleição, como está previsto no arcabouço constitucional e na legislação brasileira.

A via democrática é a única capaz de dar-lhe a vitória ou a sobrevivência política ou a derrota, mas de cabeça erguida. Apesar do desastre e fracassos até aqui, há ainda uma chance e tempo, ainda que pequenos, para que ele não entre para a história pela porta detrás como o pior presidente da República Federativa Brasileira. A escolha continuará sendo dele, mas não precisa sair de lá morto ou impichado. Restam-lhe outras duas alternativas.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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