Os principais rivais na disputa estadual – Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PSD) – já definiram. Vão disputar as eleições com chapa puro-sangue. Zema terá como vice Mateus Simões, seu ex-secretário e ex-vereador de BH pelo Novo. Kalil atraiu o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus, para seu partido e o terá como vice.
Para o Senado, Zema fez uma concessão, rasgando o estatuto partidário, ao fazer coligação partidária, entregando a vaga ao Senado em sua chapa. Quem será o candidato a senador? Isso não importa, dizem. “Eles que indiquem”, referindo-se aos aliados que decidirem se aproximar e formalizar aliança. Assim, Zema está conversando com o PP, União Brasil, Podemos, Avante e Cidadania.
Kalil levou mais longe a ideia de chapa própria por outras razões. Terá Agostinho como vice e o candidato a senador é Alexandre Silveira (PSD), que é o atual senador do partido. Além disso, Alexandre Silveira é o presidente do partido em Minas e integrante do projeto político do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD). Tem jeito de imexível, mas o PT está esticando a corda e quer uma palanque duplo, indicando, na paralela, Reginaldo Lopes para senador. Kalil não irá aceitar.
Aliados incômodos
Em ambas as situações, Zema e Kalil tratam o PSDB e o PT como aliados incômodos e terciários. Os dois partidos protagonizaram a cena política, mineira e nacional, por mais de 20 anos. Hoje, nenhum deles tem candidato a governador e são descartados até mesmo da chapa majoritária estadual.
O PSDB reivindica uma vaga na chapa majoritária, mas terá que disputar a vaga de senador, se quiser, com outros partidos. O atual vice de Zema, Paulo Brant, é do PSDB, mas se elegeu pelo Novo, mas depois migrou para o PSDB por divergências. Hoje, é tolerado no governo, não é ouvido nem participa de quaisquer decisões.
Já o PT, embora tenha o candidato líder nas pesquisas presidenciais, foi rejeitado por Kalil, que não lhe deu, ou não pode lhe dar, a vaga de senador na chapa. Ainda assim, o PT, que está formando a primeira federação partidária do país, com o PV, PSB e PCdoB, pretende indicar outro candidato a senador, mesmo apoiando Kalil para governador.
Meta é ampliar o apoio parlamentar
A experiência do atual mandato mostrou que o partido Novo precisa se abrir para buscar o que não teve até agora, que é apoio parlamentar para a aprovação de seus projetos.
Dos 77 deputados da Assembleia Legislativa, apenas 2 são do Novo. (O terceiro eleito, Bartô, foi expulso do Novo). E mais, a pretensão deles é eleger um aliado na Presidência da Assembleia, caso o governador consiga se reeleger. O cargo é avaliado por eles como fundamental para dar a governabilidade que faltou e está faltando no atual mandato.
No campo das alianças, o partido quer manter a parceria construída na gestão com o PSDB e PP. O PP está sendo assediado pelo PL do presidente Bolsonaro, que pretende lançar candidato a governador, com o senador mineiro Carlos Viana. Os aliados do governador admitem que a candidatura de Viana irá tirar mais votos dele do que de Kalil. Tudo indica que a polarização entre esses dois pode ser quebrada por Viana.
Zema ainda conversa com o Podemos, o União Brasil, o Avante e o Cidadania. Os que formalizarem a aliança irão escolher e indicar o candidato ao cargo de senador. O PSDB reivindica a vaga na chapa majoritária; por outro lado, Zema busca segurar o PP na chapa. A União Brasil queria indicar o vice, indicando o ex-secretário de Zema Bilac Pinto, mas o Novo fechou a porta.
Vetos serão derrubados
Por conta da falta de apoio político, no meio da próxima semana, a Assembleia Legislativa deverá derrubar o veto do governador Romeu Zema no projeto da reposição salarial.
Os deputados estão com a faca entre os dentes para derrubar os vetos do governador, especialmente aqueles que barraram a ampliação da reposição para os servidores da segurança, saúde e da educação.
Na quinta passada, foi lida a mensagem oficial do governador com os vetos parciais à Proposição de Lei 25.025, de 2022, que trata das reposições. Até o momento, está garantido para todo o funcionalismo a reposição de 10,06%, a título de perdas inflacionárias, a partir de janeiro deste ano. Os índices maiores para as categorias citadas, de mais 33,24% para o professorado, para corresponder ao piso nacional da categoria. E de mais 14% para os policiais e servidores da saúde, como reposição das perdas salariais.
Contas e falta de transparência
O funcionalismo como um todo estava sem reposição há mais de cinco anos. Outro veto de zema que deverá ser avaliado é o que concede auxílio social para veteranos da área segurança, evitando a quebra da paridade. O governador concedeu quatro auxílios fardamento para os policiais da ativa, afetando a isonomia entre eles e os aposentados, veteranos.
O veto parcial deve ser analisado pelos deputados em turno único. Eles têm até até 30 dias, e pode ser derrubado pelo Plenário por 39 votos contrários (maioria absoluta da Assembleia), mas farão isso até a próxima quarta-feira.
Na mensagem encaminhada à Assembleia, o governador alega que os dispositivos vetados são inconstitucionais e contrários ao interesse público, mas o governo nunca mostrou as contas para justificar seu argumento.