O ‘ministério técnico’ do presidente é, na verdade, o mais despreparado

Reprodução/YouTube + Domínio público

Por Rodolpho Barreto Sampaio Júnior*

O ano começa com mais um “imprecionante” erro de português do ministro da Educação. Mais um, para quem já tem os acepipes e kafta em seu curriculum.

A ministra da Família, para não ficar para trás, aparece com a mirabolante política pública baseada na abstinência sexual, a ser lançada justamente durante o Carnaval; uma garantia a mais de que dará certo…

O ministro astronauta divulga em vídeo amador a inauguração da base na Antárctica, como se fosse um “grande projeto do governo”, esquecendo-se que o edital foi divulgado ainda no governo Dilma e as três primeiras etapas da obra foram concluídas no governo Temer.

Descobriu-se que o Superministro Moro, ao ser avisado de sua iminente demissão, enxugou as lágrimas em sua capa vermelha, enquanto pedia uma segunda chance ao presidente, prometendo comportar-se direitinho. Já o outro Superministro, honrando sua tradição liberal, reajusta em 15% o valor do frete para os caminhoneiros, logo depois de ter tabelado os juros do cheque especial. Um liberal raiz…

O chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência não perdeu a oportunidade para beneficiar-se de sua posição. No governo que terminou 2019 “sem denúncias de corrupção”, revelou-se que sua empresa tem contratos com o SBT e a Record, justamente as emissoras mais favorecidas com verbas públicas pela atual gestão.

Quando se achava que a ópera bufa se encerraria com o espetáculo protagonizado pelo presidente, que novamente ofendeu um repórter, criticou o jornal em que ele trabalhava e fugiu de mais uma entrevista coletiva, descobrimos que o grande ato ainda estava por vir: o burlesco vídeo divulgado pelo o agora ex-Secretário da Cultura, inspirado em Goebbels e na estética nazista.

Ninguém realmente está assustado com o fato de termos um nazista no governo. Se existe um local propício para que se encontrem é justamente no governo fascista e de extrema-direita de Bolsonaro.

O que assusta é a desfaçatez com que copia trechos do ministro da Propaganda de Hitler, ao som de seu compositor favorito. O que assusta é o conteúdo de seu discurso, evidenciando como pretende reproduzir a ideia nazista de cultura, desvinculando-a de sua origem popular e retornando a uma concepção estatal. O que assusta é imaginar que não se pensou no constrangimento internacional que esse ato poderia provocar, apequenando ainda mais a imagem do país no exterior.

Quando achávamos que a estupidez semanal mais relevante seria a desprezível afirmação de um deputado de Santa Catarina, empenhado em defender o “direito ao assédio” e em afastar a legitimidade do direito das mulheres de rechaçarem aproximações indesejadas, nos deparamos, logo cedo, com a explícita evocação nazista em nossas redes sociais.

É realmente um ministério técnico. O mais técnico que já tivemos. Vamos esperar, agora, a declaração do ministro do Meio Ambiente. Ele anda estranhamente quieto este ano, mas não demora para reaparecer. E nos surpreender!


* Rodolpho Barreto Sampaio Júnior é doutor em direito e professor universitário. Foi o primeiro presidente da Comissão de Direito Civil da OAB/MG e é membro do Instituto dos Advogados de Minas Gerais.

Rodolpho Barreto Sampaio Júnior[email protected]

Rodolpho Barreto Sampaio Júnior é doutor em direito civil, professor universitário, Diretor Científico da ABDC – Academia Brasileira de Direito Civil e associado ao IAMG – Instituto dos Advogados de Minas Gerais. Foi presidente da Comissão de Direito Civil da OAB/MG. Apresentador do podcast “O direito ao Avesso”.

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