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A guerra das asinhas de frango em BH

21/11/2024 às 08h37
Asinhas de frango tem tido protagonismo nos butecos de BH
Asinhas de frango tem tido protagonismo nos butecos de BH

Nunca totalmente esquecida, mas também nunca plenamente celebrada, as asinhas de frango estão mais firmes que nunca nos butecos de BH.

Talvez esse fenômeno tenha acontecido pela subida de preço das outras partes do frango, especialmente do meio da asa – ou tulipa – a irmã rica da asinha. A inflação ao longo do anos pode ter encorajado os comerciantes a serem mais criativos na escolha dos insumos, sem pesar no bolso do cliente.

Outra possibilidade é que elas sempre estiveram por aí, nós que não reparamos. Ainda que esta possibilidade se confirme, conheci em um curto espaço de tempo alguns lugares que se orgulham do modo de preparo da iguaria. Como o ciúme de seus feitos é grande, achei que valeria a pena escrever a respeito. Você pode não gostar ou pode não ter percebido, mas vivemos em tempo de guerra das asinhas de frango em BH.

Abaixo estão as asinhas que provamos este ano e que merecem menção. Tirei da lista as tulipinhas. Nada contra as coitadas, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

O Bar do Faria, no Camargos, se orgulha de ter a melhor asinha frita do Brasil. Auto condecorações sempre me despertam o interesse. Ou é falta de conhecer a concorrência, excesso de confiança ou pode ser que seja a verdade. Por via das dúvidas, sempre costumo ir conhecer os superlativos gastronômicos. Pois bem, a do Faria é realmente boa: Ao primeiro toque, a asinha é sequinha e o empanamento é seguro. Deveras a mais crocante desta humilde lista, não necessariamente a melhor. O tempero está presente em toda a extensão da asa e o preço é convidativo: Justos R$ 7,00 a unidade.

A crocância da asinha do Bar do Faria, tão bem fritinha que é vítima fácil para os dedos.
A crocância da asinha do Bar do Faria, tão bem fritinha que é vítima fácil para os dedos.

No Bar do Maradona temos uma asinha menos crocante que no Faria. Não necessariamente isso é um problema, pois normalmente o empanamento muito crocante não entrega pujança no tempero. Aqui temos um melhor equilíbrio entre a crocância e o tempero. Destaque também para a suculência, garantida pelo cuidado ao empanar. Provei a iguaria em uma segunda feira, dia em que se serve a asinha do próximo bar da lista. Quando brinquei que ia no concorrente, Maradona proferiu xingamentos que estão na linha tênue entre a amizade e a raiva. A guerra das asinhas de frango em BH está muito viva. Aqui a asinha custa R$ 8,00.

A receita da asinha do Sucata Lanches é antiga. Criada pelo saudoso Itamar, velho conhecido da zona leste belo-horizontina. Não está mais entre nós, mas seu legado segue vivo no Sucata, local onde ele provavelmente assou suas receitas pelas últimas vezes. A marinada é muito bem feita e o tempero realmente impressiona. Ela vem coberta de queijo, mas eu sinceramente não vi muita razão de ser. A asinha é tão boa que dispensaria o laticínio tranquilamente. Custa R$ 29,40 a porção. Tal experiência vem com uma restrição: Só é servida uma vez por semana, no tradicional churrasco de segunda a noite do bar. Um aviso aos CLTs: Vale.

Representando os bares da nova geração, o Bar do Gordim também entrega uma bela receita. Passa a impressão de que seleciona cuidadosamente as peças, pois parecem ser todas bem carnudas. O tempero da casa é presente e o queijo é o maior aliado. Diferente do Sucata, aqui as asinhas estão literalmente enterradas no queijo ralado. Dessa forma se sente mais o queijo, o que será positivo para os que procuram por isso. Minha intolerância à lactose não permite tantas estripulias, mas reconheço que a combinação funciona. As asinhas também são assadas na churrasqueira e a porção sai a R$ 30,00.

O Tip Top é praticamente o bar mais antigo de BH, mas não sei quando foi que a asinha entrou no cardápio. Fato é que tem colecionado fãs. Nela vai um vinagrete de cheiro verde, com limão capeta, cachaça e mel. São assadas na brasa e a porção com 5 sai a R$ 40,00. Da lista é a mais cara, mas não decepciona, como é de praxe do estabelecimento.

Sempre fui mais fã das coxinhas, creio que pela facilidade de comer. A geração de conteúdo nos bares é frenética e os dedos engordurados não combinam muito com a tela do celular. Talvez por esse motivo as asinhas não figuravam com frequência nos meus pedidos. Isso mudou, no entanto. Em tempos de guerra, meus amigos, é preciso escolher um lado.

Editado por: Pedro Costa

Pedro Costa

Deixou a carreira de gerente comercial para se dedicar totalmente a sua paixão: O universo da gastronomia. À frente de bares e projetos do ramo, é belo-horizontino com o maior orgulho possível, cozinha por gosto e também por obrigação e não dispensa uma boa festa.
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Pedro Costa

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