Conheça Fivo, artista de Belo Horizonte que teve obras exibidas no Encontro com Fátima

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Fivo é o artista de Belo Horizonte que teve suas obras exibidas no Encontro (Fivo/Arquivo Pessoal)

Fivo, artista plástico de Belo Horizonte, ganhou destaque nesta semana ao ter suas obras exibidas no Encontro com Fátima Bernardes, na Globo. Semanalmente, o programa escolhe um artista para estampar as telas do estúdio e, desta vez, a arte mineira ganhou espaço, representada pelo trabalho de Fivo. Ao BHAZ, Felipe Volponi – nome de batismo dele – contou mais sobre sua trajetória, que começou com incentivo de sua avó, antes de ela falecer.

O contato de Fivo com a arte começou logo na infância, por meio de desenhos e outras criações, que eram vistas apenas como passatempo. Felipe só foi pensar na arte como trabalho depois de passar um tempo morando com a avó, Júlia Volponi, no bairro Itapoã, região da Pampulha.

Ele conta que, em 2014, a avó acabou sendo diagnosticada com câncer e, por conta disso, Fivo largou o emprego e trancou a faculdade de Design para ficar cuidando de Júlia. “Ela não sabia que eu tinha trancado e parado de trabalhar, eu fingia que eu estava indo para poder ficar cuidando dela”, relembra Felipe.

Fivo começa a pintar para a avó

“Nesse tempo eu comecei a pintar, porque eu tive que ficar em casa para cuidar dela, então aí eu comprei umas telas e comecei a pintar mesmo, e era para deixar ela alegre. Ela contava para todo mundo que eu estava pintando e gostava demais”, recorda. Assim, dona Júlia começou a incentivar o neto a postar na internet fotos de suas pinturas.

Em outubro de 2014, Volponi criou, então, um perfil no Instagram para publicar fotos de suas artes, e em pouco tempo começou a ser procurado por pessoas que elogiavam seu trabalho. “Comecei a vender algumas coisinhas, poucas, claro, porque era bem no início, e recebi um convite da galeria Passinho das Artes Portinari para fazer uma exposição”, lembra.

Infelizmente, a avó de Fivo faleceu cerca de 2 meses antes da data da primeira exposição dele, mas ela acompanhou o início do neto nas redes sociais. “Ela não chegou a ver a exposição, mas ela já sabia que eu já tinha feito o Instagram e estava postando, e ela estava me dando essa força”, diz o artista plástico.

Exposição na Casa do Baile

Depois da primeira exposição, as portas começaram a se abrir para o trabalho de Fivo. “Eu não sei explicar muito como foi, eu sei que foi crescendo. Fiz uma exposição solo muito grande em 2017, na Casa do Baile, com o apoio da prefeitura, e foi super bacana. Estava dando tanto sucesso que eles pediram para deixar mais meses à mostra”, conta.

Essa exposição ganhou o título de “Jardins”, e conforme o artista conta, “abordava cenas de jardins de pessoas que passaram pela minha vida. Tinha o jardim da casa da minha vó, tinha o jardim da casa da minha amiga, tinha o jardim da casa da dona Déa, que é a mãe do Paulo Gustavo. Ela é muito minha amiga”, revela Felipe.

Ele chegou a fazer uma tela para a mãe do ator, chamada de “Jardins de Déa Lúcia” que, inclusive, acabou sendo exibida no Encontro com Fátima Bernardes. Nesta semana, Fivo recebeu o convite da produção do programa para exibir suas obras por lá, e a apresentadora chegou a falar sobre seu trabalho.

Jardins de Déa Lúcia (Fivo/Arquivo Pessoal)

Artista queima sua obra

Fátima Bernardes falou sobre um protesto artístico feito por Fivo em 2019, em que ele queimou sua obra intitulada “Amazônia”, quando a floresta amazônica brasileira sofreu uma queimada recorde, no mês de agosto. A apresentadora também mostrou algumas esculturas do artista, chamadas de Iberês, as quais ele relata serem protestos em forma de obras.

Fivo conta que a ideia de queimar a obra “Amazônia” surgiu em um momento de revolta com a queimada que a floresta sofria no Brasil. “Fiquei tão mexido que eu decidi colocar fogo na minha tela, falei ‘já que lá está pegando fogo, vou colocar fogo também’, porque eu fiquei bem revoltado. E na hora que acabou o fogo ficou um resultado incrível”.

Amazônia (Fivo/Arquivo Pessoal)

Iberês

O ato inspirou Felipe Volponi a fazer outro tipo de protesto com sua arte, e daí surgiram as esculturas chamadas Iberês. “Eu comecei pelo Iberê, que é um indiozinho. A primeira escultura dessa série foi o indiozinho sendo enforcado por uma pipa, e o papagaio é a bandeira do Brasil. Eu quis dizer que é o Brasil enforcando o nosso povo originário”, explica.

“Ao mesmo tempo, como ‘Iberê’ significa rio manso, rio lento, rio rasteiro, é a mesma coisa de o Brasil estar acabando com a água, que a nossa maior riqueza e o pessoal não admite isso”, detalha Fivo. As pequenas esculturas são liberadas mensalmente para a venda em grupos de dez, e elas são exclusivas. Veja imagens de alguns Iberês:

Iberês (Fivo/Arquivo Pessoal)

‘A ficha demorou muito a cair’

Apesar de já ter suas obras em diferentes partes do Brasil e do mundo, o artista plástico reconhece a importância de ter tido seu trabalho exibido num programa da Globo durante toda a semana. “A minha ficha demorou muito a cair, eu vou te falar que a minha ficha caiu ontem à noite, eu via e não acreditava, sabe?”, admitiu Felipe.

“Vem na cabeça toda aquela história desde lá do inicio, da minha vó falando, de eu colocando na internet, a parte difícil, porque a gente leva muito não na cara… Quando eu vi ela no palco falando das minhas esculturas e segurando na mão, foi o momento que mais mexeu comigo”, completou o artista.

Segundo Fivo, agora ele tem planos de organizar uma nova exposição para depois da pandemia. “Estou fazendo uma série de telas que chama ‘Dicotomia’, mostrando a ambiguidade do que acontece no nosso país”, revelou o artista. Enquanto isso, vale acompanhar o belo-horizontino pelo Instagram e ficar por dentro de todo o seu trabalho artístico:

Edição: Giovanna Fávero
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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