Senador diz que Coronavac tem ‘células de fetos abortados’ e Covas rebate

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Eduardo Girão questionou diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas (Reprodução/@eixopolitico/Twitter)

O senador Eduardo Girão (Podemos) questionou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, sobre a presença de células “extraídas de fetos abortados” nas vacinas da Sinovac. O questionamento veio à tona nesta quinta-feira (27), na sessão da CPI da pandemia, em que Dimas afirmou que fez a primeira oferta de imunizantes contra a Covid-19 em julho do ano passado.

Durante a sessão, Eduardo Girão mencionou uma pesquisa feita pela China sobre os componentes da Sinovac. “Um estudo acadêmico publicado na China em 9 de abril de 2020, sobre a vacina Sinovac contra a Covid-19, esse estudo faz menção às células HEK293-F, é o ‘Thermo Fisher'”.

“Seria possível o Butantan disponibilizar, porque essas células aí são extraídas de fetos abortados, eu queria saber se era possível o Butantan disponibilizar a mostra laboratorial da Coronavac ou permitir que um laboratório independente fizesse a referida análise?”, perguntou o senador.

Células de controle de qualidade

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, explicou que tais células foram usadas para o controle de qualidade da vacina, e não diretamente no processo de produção. “Essas células são células disponíveis comercialmente, elas não entram na produção da vacina, elas entram no processo de controle de qualidade”.

“A vacina é produzida numa outra célula, que chama veron, uma célula de rim de macaco, não é uma célula embrionária humana”, esclareceu. “Essas células que o senhor menciona, são células hoje disponíveis para empresas de biotecnologia. Todas as biofarmacêuticas do mundo utilizam células, sejam células humanas, como essa, a HEK, que é uma célula usada até, principalmente, em processos biotecnológicos”.

Ele continuou: “Isso é de uso universal. Em relação a essa vacina, especificamente, são usadas as células veron, que são células de rim de macaco, e é utilizada na produção de outras vacinas, não só a Coronavac”. Assista ao vídeo completo:

Vacinas não possuem material humano

Segundo o portal Veja Saúde, a partir da década de 1960 os cientistas começaram a utilizar algumas células de fetos cujos abortos foram feitos de forma legal, para reaplicá-las em laboratório. Entretanto, não é a utilização dos fetos em si, e nem de suas células originais.

“São linhagens descendentes, que se multiplicam e são mantidas vivas desde então em laboratório”, afirmou a microbiologista Natália Pasternak. A informação de que a vacina possui material humano é falsa, e a especialista explicou o motivo: “Elas passam por um processo extenso de purificação para garantir que não haja contaminação de qualquer que seja o veículo utilizado para replicar o vírus ou parte dele”.

O microbiologista Flávio Guimarães pontuou que não é possível utilizar células de adultos nos processos laboratoriais envolvendo vacinas. “Porque elas têm uma espécie de prazo de validade: suas descendentes se multiplicam algumas vezes e, depois, perdem essa capacidade. Já as fetais se replicam indefinidamente no laboratório”.

Vale ressaltar que abortos dos fetos utilizados não são causados para esse fim, os cientistas somente se aproveitam de uma situação já estabelecida. No caso das vacinas, as células servem para cultivar o vírus, pois eles são parasitas intracelulares, e o desenvolvimento de qualquer imunizante necessita do vírus ativo para ser concretizado.

Edição: Giovanna Fávero
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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