Deputada é retirada de avião em Confins com item proibido na mala

Deputada Alê Silva
Parlamentar alega que foi chamada de ‘miliciana’ e ‘genocida’ por atendente (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

A deputada federal Alê Silva (PSL-MG) foi retirada de um avião pela Polícia Federal, na manhã desta terça-feira (25), após se recusar a ter a mala inspecionada pelos funcionários do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. A parlamentar embarcou na aeronave, que viajaria com destino a Brasília, sem autorização.

De acordo com a deputada, uma atendente do local a chamou de “miliciana” e “genocida”. Já segundo a PF e a BH Airport, concessionária que administra o aeroporto, a deputada se negou a ter a bagagem revistada depois que um objeto não permitido foi encontrado na mala, e entrou no avião mesmo sendo alertada pela companhia aérea de que não estava autorizada a embarcar.

“Durante o processo de inspeção dos pertences de mão de uma passageira, foi identificado um item proibido para ingresso em Área Restrita de Segurança e a bordo de aeronaves, sendo necessário o encaminhamento para a inspeção física da bagagem. A passageira não concordou com o processo, que é uma norma da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e se dirigiu para área de embarque do aeroporto, antes da finalização do procedimento de segurança e autorização para ingresso. Neste momento, a Polícia Federal foi acionada”, informou a BH Aiport, por meio de nota (leia na íntegra abaixo).

Tesoura infantil

De acordo com nota divulgada pela deputada Alê Silva, quando ela passou pelo detector de metais, uma atendente que trabalha em uma empresa que presta serviço ao aeroporto avisou que abriria a mala em um procedimento de revista aleatória. “A deputada abriu a mala, sendo a atendente colocar a mão sobre a mesma e disse: ‘mala de miliciana e genocida tem que ser revistada com cuidado'”, diz o comunicado (leia na íntegra abaixo).

A parlamentar, então, teria fechado a mala e saído em direção ao portão de embarque. De acordo com a nota, já no avião, ela ligou para o seu chefe de gabinete e pediu para que ele entrasse em contato com a Delegacia da Polícia Federal do Aeroporto de Confins, mas a corporação não teria atendido o telefone. Pouco depois, agentes da PF entraram no local e retiraram a deputada da aeronave, levando-a ao local de revista de bagagens.

“Depois de revistada, foi encontrada uma tesoura cor de rosa infantil. No momento a deputada achou que o artefato fosse de sua filha, mas depois de indagada a adolescente, essa disse que não, sendo que a deputada então desconhece como que a tesoura foi parar lá”, completa a nota.

A PF e a BH Airport confirmaram que um objeto não permitido em voos foi encontrado com a deputada, mas não mencionaram qual era o item. “Após autorização do comandante da aeronave, de forma a não comprometer a programação de decolagem, a PF procedeu à fiscalização de rotina da referida bagagem, sendo encontrado objeto não permitido em voos. O objeto foi retirado da bagagem, e a passageira foi autorizada pelo comandante a seguir viagem”, informa a Polícia Federal.

‘Medidas estão sendo tomadas’

Ainda por meio da nota, a deputada Alê Silva afirma que “já estão sendo providenciadas as medidas cabíveis junto à ANAC em relação à funcionária da empresa terceirizada”. O comunicado também informa que a empresa também será notificada, e uma ação será realizada ajuizada na corregedoria da Polícia Federal, “tendo em vista que foi tentado contato via telefone no aeroporto com a negativa de atendimento e resposta”.

“Destaca-se também o modo de abordagem, que foi mediante truculência e abuso de poder, por parte dos policiais ao constranger a deputada”, finaliza o comunicado. “Com relação ao fato ocorrido hoje junto ao aeroporto de Confins, o que eu tenho a dizer é o seguinte: todas as medidas administrativas e judiciais já estão sendo por mim tomadas junto a ANAC, a empresa prestadora de serviços e PF. Todos serão chamados a prestar esclarecimentos”, escreveu Alê Silva no Twitter.

Nota da deputada Alê Silva

“A Deputada Federal Alê Silva estava na manhã de hoje, 25 de maio, no Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, para voar com destino a Brasília.

No detector de metais, uma atendente que trabalha em uma empresa que presta serviço ao aeroporto disse que iria abrir a mala da deputada. A atendente disse que isso era uma “revista aleatória”.

A Deputada abriu a mala, sendo a atendente colocar a mão sobre a mesma e disse: “Mala de miliciana e genocida tem que ser revistada com cuidado”. A deputada após esses dizeres se calou, fechou a mala e foi em direção ao portão de embarque.

Após o embarque, a deputada realizou uma ligação para o seu chefe de gabinete, para que entrasse em contato, como de fato tentou, com a Delegacia da Polícia Federal do Aeroporto de Confins para dizer do ocorrido e também para falar que estava tudo bem com ela e que já estava dentro da aeronave, mas que não deixaria a atendente revistar a sua mala sem a presença de policiais. Porém, apesar das tentativas, a PF não atendeu ao telefone.

Neste meio tempo, dois policiais federais adentraram na aeronave e com muita truculência fizeram a deputada descer do avião e levar a mala até o local de revista.

Depois de revistada, foi encontrada uma tesoura cor de rosa infantil. No momento a Deputada achou que o artefato fosse de sua filha, mas depois de indagada a adolescente, essa disse que não, sendo que a Deputada então desconhece como que a tesoura foi parar lá.

Tendo em vista dos fatos, já estão sendo providenciadas as medidas cabíveis junto a ANAC (Agencia Nacional de Aviação Civil) que tem responsabilidade objetiva e solidária em relação à funcionária da empresa terceirizada. Ademais, a notificação oficial junto à empresa será também realizada sobre o fato ocorrido.

Ainda, uma ação será ajuizada na corregedoria da Polícia Federal, tendo em vista que foi tentado contato via telefone no aeroporto com a negativa de atendimento e resposta. Destaca-se também o modo de abordagem, que foi mediante truculência e abuso de poder, por parte dos policiais ao constranger a deputada”.

Nota da PF

“A Polícia Federal informa que, na manhã de hoje, 25/5/2021, foi acionada no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins/MG, para comparecimento em aeronave que voaria com destino a Brasília/DF.

O acionamento ocorreu em virtude de uma passageira ter negado que sua bagagem fosse submetida à inspeção. Após autorização do comandante da aeronave, de forma a não comprometer a programação de decolagem, a PF procedeu à fiscalização de rotina da referida bagagem, sendo encontrado objeto não permitido em voos. O objeto foi retirado da bagagem, e a passageira foi autorizada pelo comandante a seguir viagem.

Seguindo todos os protocolos de cuidados do Ministério da Saúde em face da pandemia do Covid-19, a Polícia Federal continua trabalhando“.

Nota da BH Airport

“A BH Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, informa que na manhã desta terça-feira, dia 25 de maio, durante o processo de inspeção dos pertences de mão de uma passageira, foi identificado um item proibido para ingresso em Área Restrita de Segurança e a bordo de aeronaves, sendo necessário o encaminhamento para a inspeção física da bagagem. A passageira não concordou com o processo, que é uma norma da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e se dirigiu para área de embarque do aeroporto, antes da finalização do procedimento de segurança e autorização para ingresso. Neste momento, a Polícia Federal foi acionada.

A passageira se encaminhou para a aeronave, mesmo sendo alertada pela companhia aérea de que não estava autorizada. Já no interior da aeronave, ela foi chamada pela Polícia Federal e conduzida novamente ao canal de inspeção, onde foi retirado o item proibido e a passageira foi liberada”.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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