A pandemia do novo coronavírus escancarou um dos principais problemas do país: o desemprego. Milhares de pessoas perderam a fonte de renda, em decorrência dos impactos provocados pela doença, e procuram formas variadas para levar o sustento para casa, mas nem sempre conseguem.
Valter da Silva tem 56 anos e com um cartaz resolveu ir para a avenida Prudente de Morais, na Zona Sul de Belo Horizonte, pedir por uma oportunidade de trabalho. “Estou a procura de emprego. Você pode me ajudar? Sou porteiro há 25 anos”, escreveu ele. Valter conversou com o BHAZ nesta segunda-feira (24) e contou uma pouco da trajetória dele.
“Estou desempregado desde dezembro. Trabalhava como fiscal de loja. Com os fechamentos [dos comércios] muitos funcionários foram dispensados e fui um deles. De lá pra cá estou entregando currículos, mas ainda não fui chamado por nenhuma empresa”, diz.
Valter mora no bairro Xangri-lá, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, junto com a mãe, 82. Os dois estão vivendo apenas com o salário recebido pela idosa. “A minha situação só piorou e me vejo numa situação ruim, pois era eu quem deveria estar ajudando a mãe”.
Dívidas
Sem emprego e com as contas chegando, Valter precisou vender até mesmo alguns bens. “A água e a luz de casa foram cortadas por causa dos atrasos nos pagamentos. Tive que vender guarda-roupa e celular para a ligação ser feita novamente. Não poderia deixar minha mãe sem o essencial e o sagrado”, diz emocionado.
‘Desespero’
A necessidade de conseguir um emprego com urgência fez Valter ir para a esquina da avenida Prudente de Morais pedir uma oportunidade. “Me vi no desespero e sem saída. Estava me sentindo um inútil e o cartaz foi a forma que encontrei para tentar chegar em mais pessoas”.
Valter conta ter recebido o apoio de muitas pessoas que passam pelo local. “Me desejam boa sorte, elogiam a coragem de expor as dificuldades que estou passando. Alguns deixam uma contribuição em dinheiro. Já ganhei até cesta básica. O carinho recebido tem me ajudado bastante”, destaca.
Ficar sem emprego por tanto tempo não é comum na vida de Valter. “É a primeira vez que passo por esta situação. Estou acostumado a ir para o trabalho e deixar uma comida diferente pra minha mãe. Hoje eu nem consigo fazer mais isso. Tem dia que ela está com vontade de tomar um suco de laranja e não tenho o dinheiro para comprar a fruta”.
Ajuda
Valter tem experiência como porteiro, fiscal de loja e vigia noturno. Quem tiver ou souber de alguma oportunidade, pode entrar em contato pelo 9 8214-1546. “Já quero agradecer a quem puder ajudar. Sei que tem várias pessoas na mesma situação que eu. Peço que Deus também abençoe todas elas”, finaliza.