Dragão de komodo ataca funcionário do ‘Jurrasic Park’ da vida real

dragão ataca funcionário
O dragão de komodo é a maior espécie de lagarto conhecida (Reprodução/ Getty Images/iStockphoto)

Um funcionário de 46 anos foi atacado por um dragão de komodo em um resort na Indonésia, na última semana. Elias Agas foi levado às pressas para fora da ilha em que o polêmico resort multimilionário, apelidado de “Jurassic Park”, está sendo construído. O animal teria “rasgado várias partes do corpo” da vítima. As informações são do Daily Mail e da Vice.

O ataque ocorreu um mês depois que o chefe do parque garantiu a segurança dos trabalhadores envolvidos no empreendimento. O homem era um indonésio, trabalhador da construção civil, que estava ajudando a construir o resort de U$6.5 milhões, cerca de R$ 33 milhões. O réptil o mordeu na perna esquerda e no pulso direito, no dia 9 de dezembro.

Um colega de trabalho estava próximo da vítima e avisou aos guardas, que foram ao local imediatamente e conseguiram evacuá-lo. O trabalhador precisou ser levado ao hospital mais próximo em uma lancha. O chefe da segurança do parque disse à mídia local que o ataque ocorreu na parte da tarde e que o trabalhador ficou “gravemente ferido”.

Dragão de komodo

A vítima foi atacada pelo dragão de komodo, a maior espécie de lagarto do mundo. O réptil vive em ilhas da Indonésia e pode atingir 2 a 3 metros de comprimento e pesar até 166 quilos. Eles são conhecidos por atacar animais muito maiores, como os búfalos. Como se não bastasse, eles têm mordidas venenosas e usam seus pescoços semelhantes a troncos para golpear as presas até que caiam fracas o suficiente para uma mordida na jugular.

O animal deixou partes do corpo de Agas dilaceradas, conforme o relato. Cerca de 3.000 dragões de komodo remanescentes vivem em um aglomerado de ilhas na parte oriental da Indonésia. Além de Rinca, outros cerca de 2.000 komodos vivem nas ilhas de Komodo, Flores e Gili Motang. A espécie é ameaçada de extinção e anda pelo planeta há 4 milhões de anos.

Ilhas de Rinca, Komodo, Flores e Gili Motang, na Indonésia (Reprodução/Google Maps)

Já foi previsto que a mudança climática os forçará à extinção em 2050 e a derrubada de seu habitat para abrir caminho para uma atração turística enfureceu ativistas da causa animal.

Jurassic Park

O resort está localizado na Ilha de Rinca, na Indonésia, e está sendo comercializado como uma versão da vida real do parque fictício de dinossauros de Stephen Spielberg. Em vídeo promocional, o local usou a música-tema dos filmes. Assista:

A construção despertou preocupação entre os conservacionistas. Em outubro, a foto de um dragão de komodo enfrentando um caminhão de construção no projeto se tornou viral e gerou a hashtag #SaveKomodo.

Caminhão e o dragão-de-komodo na selva lamacenta de Rinca
(Reprodução/Save Komodo Now)

Conservacionistas disseram que isso mostra que os répteis já foram perturbados pela destruição e barulho dos enormes veículos. Gregorius Afioma, um ativista local, comentou sobre a imagem: “Este é provavelmente o primeiro caminhão a entrar na área de conservação do dragão-de-Komodo desde que ele chamou a atenção do mundo em 1912.”

“A ideia de construir um Jurassic Park é honestamente embaraçosa”, acrescentou. “As pessoas vêm aqui para ver Komodos em seu habitat natural… Essas pessoas estão vendendo um conceito em que (visitantes) podem andar por dentro para ver os dragões-de-komodo, o que para mim não é diferente de um zoológico”, diz.

Após o vazamento da foto do réptil enfrentando o caminhão dos operários, o governo negou que ela estivesse ligada ao desenvolvimento turístico. Um funcionário do ministério do meio ambiente disse em outubro: “Se controlarmos bem e minimizarmos o contato com a vida selvagem, o atual desenvolvimento do turismo não colocará em risco a população de Komodo”.

Caso recorrente

O ataque não foi o primeiro no parque. Em novembro de 2017, um operário da construção civil foi atacado enquanto consertava um banheiro. Ele tentou espantar o animal com a mão quando foi mordido na perna. Então sua mão foi mordida. Segundo relatos, cerca de quatro pessoas foram mortas por dragões-de-komodo em 16 ataques desde 1987 na Indonésia.

Aloysius Suhartim Karya, que lidera o grupo de preservação Tourism Rescue Society Forum, disse ao VICE World News que o projeto pode prejudicar tanto os trabalhadores quanto os dragões de komodo, que são classificados como vulneráveis. Os lagartos ficam mais agressivos quando são incomodados, segundo Karya, cujo trabalho se concentra no parque. “Eles não conseguem agir normalmente quando ficam estressados”, disse Karya ao VICE World News.

Ele acrescentou que os locais de caça ao dragão de komodo podem ser colocados em risco pelo novo desenvolvimento e que as chances de ataque aumentarão se eles não conseguirem encontrar comida.

O governo rejeitou as preocupações, dizendo que a espécie não seria prejudicados durante a construção do projeto e que um cuidado especial seria tomado para contorná-los.

Protestos

Ativistas na província de Nusa Tenggara Oriental, onde o parque nacional listado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) está localizado, vêm organizando uma série de protestos contra o polêmico desenvolvimento desde 2018.

Em setembro deste ano, um coletivo de organizações da sociedade civil escreveu uma carta aberta à UNESCO pedindo aos funcionários da organização que visitassem o parque e incentivassem o governo indonésio a reconsiderar seus planos.

Os conservacionistas há muito temem que o turismo em massa, o tráfico e a falta de presas naturais ameacem a sobrevivência dos dragões-de-komodo.

No ano passado, a Indonésia descartou os planos de banir turistas da área de conservação e disse que, em vez disso, limitaria o número de visitantes e aumentaria os preços de entrada para criar um ‘destino premium’.

Veja abaixo vídeo sobre o dragão de komodo:

Edição: Roberth Costa

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