[Bhaz nas Eleições 2016] Entrevista Luis Tibé

Confira a transcrição do que falou Luis Tibé (PTdoB) nas Entrevistas Bhaz dos Candidatos à PBH 2016.

Perguntas temáticas

Thiago Ricci -Uma das suas propostas inclui voltar a cobrar a taxa do Custo de Gerenciamento Operacional (CGO) às empresas de transporte público, suspensa em 2014 pelo prefeito Marcio Lacerda para manter o preço, à época, em R$ 2,65. Mesmo assim, o preço das passagens sempre é alvo de queixa da população. Com a volta dessa cobrança, não tem que as empresas possam repassar essa despesa ao consumidor?

Luis Tibé – Bem, na realidade o problema da CGO é que liberou a CGO, quando estava tendo aquele problema de manifestação, de aumento de passagem, para que não houvesse o aumento. E aconteceu agora no inicio do ano um aumento de R$ 0,60 na passagem. Então teve o aumento e eles ainda não pagam a CGO. E esse valor da CGO daria para dar passe livre para todos os estudantes de baixa renda de Belo Horizonte. É um absurdo ter o aumento da CGO, ter o aumento da passagem. Porque se liberar a taxa revertesse pra população não tinha problema, ia ser compreensível. A empresa deixa de pagar e ainda há o aumento da tarifa. É um absurdo isso. Vamos fazer com que essa CGO seja revertida para a população que mais precisa que é o estudante, e não só no caminho do estudante pra escola. Pra atender a família como um todo. Porque se você põe uma renda dessas em casa, pra uma família de baixa renda, isso faz diferença pra fazer um tipo de ação em casa.

Thiago Ricci – Será incluído algum dispositivo para evitar que a taxa seja repassada aos usuários do transporte público? Há o risco de novo aumento de tarifa pela volta da cobrança da CGO?

Luis Tibé – Não, de maneira alguma. Não vai haver aumento de tarifa. Eles vão pagar esse custo de gerenciamento e não vai ter aumento de tarifa.

Thiago Ricci – Nesse sentido, as planilhas do transporte público, em especial das empresas de ônibus, serão abertas e divulgadas ao público pelo senhor?

Luis Tibé – É claro. Tem que ter transparência em tudo. Quanto mais transparência na gestão pública, melhor é utilizado o dinheiro público e evita os desvios que estão acontecendo. Na verdade o objetivo nosso e de nossos partidos é romper com esse modelo tradicional onde se recebe ajuda agora na eleição e depois não se pode cutucar a ferida na gestão. A ideia é fazer diferente, e isso começa agora, na eleição. A gente está fazendo parcerias, as ajudas são bem vindas, mas desde que não comprometa em nada os serviços da prefeitura depois.

Maira Monteiro – Estruturas importantes de Belo Horizonte na área da Saúde estão sofrendo com a falta de verba adequada. São os casos do Hospital do Barreiro e do Hospital Risoleta Neves. De forma objetiva, como o senhor agiria, se fosse eleito, para tomar medidas imediatas diante desse problema?

Luis Tibé – Bem, na verdade todo serviço que dependa de recurso do governo federal, ele tem que ser tratado com política. E como se faz isso? Eu estou há seis anos como deputado federal e o prefeito nunca reuniu a bancada federal em Minas para brigar pelas coisas unidos. A gente vê aquela velha política onde os partidos acabam a eleição e continuam com aquela briga permanente e acaba que os interesses de Belo Horizonte, de Minas ficam prejudicados. A gente vê bancadas menores que a nossa, do norte ou nordeste, que acaba a eleição e eles se unem, brigando pelas coisas do estado, do município deles. Então, o que precisa fazer? Não só pra isso, como que para o metro também. Se a gente junta essa bancada nossa que é grande, pra um objetivo específico que é o bem para Belo Horizonte, pra Minas o resultado vem. É um absurdo o Hospital do Barreiro funcionar com 10% da capacidade. A saúde é um colapso. A gente vê o candidatos falarem que a saúde vai bem. Não vai. Pra marcar consulta especializada demora 90 dias ou 120 dias. Quando chega o dia da consulta a pessoa tem tantos problemas que esquece a data. A prefeitura não tem um sistema de enviar um SMS ou um WattsApp pra avisar a pessoa. Uma coisa básica, simples. Outra coisa da saúde, que é uma coisa simples, uma falta até de gestão da prefeitura é a questão do uso de medicamentos de uso continuado. A gente vê que 30% desses medicamentos não foram comprados porque a prefeitura não teve capacidade de licitar. E as pessoas que usam o medicamento, precisam do medicamento estão sem ele. Isso agrava o problema da saúde, porque as pessoas que precisam do medicamento vão procurar atendimento. Não adianta fazer promessa de coisas impossíveis, que vai ter o recurso, porque não tem. A prefeitura não tem recurso. A gente tem que usar estratégias inteligentes de gestão pra com o pouco que a gente tem, melhorar o serviço.

Guilherme Scarpellini – A Guarda Municipal de BH tem hoje 2,1 mil homens e mulheres – um déficit considerável, já que, baseado no Estatuto das Guardas Municipais, previsto em lei federal, a capital mineira deveria ter 4,5 mil agentes. Alguns deles estão portando arma, mas esse tipo de armamento acarreta em capacitação, fortalecer corregedoria etc. Como vai lidar com isso?

Luis Tibé: A segurança, tem muito candidato falando que a segurança não é responsabilidade do município. E no meu governo, a gente encara a segurança, quando as pessoas não tem condições de ir pra sua casa, de frequentar os espaços públicos da cidade é responsabilidade do prefeito sim. A guarda, nem completar o contingente dela, que é de 2400 homens, que muitos saíram da guarda, nem isso a prefeitura fez. A gente falar em aumentar, é claro que precisa aumentar. Mas numa situação que a gente está, com uma dificuldade imensa. A prefeitura está devendo um bilhão. Num orçamento que a gente pensa que é de 12 Bi, pode ser que se arrecade só 10. Se fala em aumentar, mas a realidade não é essa. A gente tem que trabalhar com o que tem. A guarda está com os coletes vencidos. Eles estão trabalhando com equipamento ruim. Tem pouca arma para o número do efetivo. A gente tinha um contingente que é de 2400, ou seja, três turnos de 800. Se trabalha em dupla, então são 400 posições. Hoje não esta acontecendo isso, não tem efetividade. E a própria guarda está insatisfeita com a função dela. Tinha uma parceria com a policia militar, que ela iria gerar a ocorrência, mas nem isso foi feito. Além disso, tem que dar uma atenção pra guarda, para que ela pelo menos tenha um material decente pra trabalhar, que isso gera mais segurança pra população. Outra coisa que a gente vai fazer é colocar as câmeras de segurança da cidade, que são apenas 1222. É um absurdo uma cidade do tamanho de Belo Horizonte só ter essas câmeras. Dessas daí, aproximadamente 700 estão no Movi. 260 só estão em pontos comerciais da cidade. Outro absurdo é que apenas 1000 dessas comunicam com o centro de operações da prefeitura. Desde 2011 tem uma licitação para aumentar esse numero. O objetivo da câmera é impedir que o crime aconteça. Mas se acontecer, a comunicação tem que ser rápida para que a policia militar ou a guarda municipal punir com rapidez.

Jéssica Munhoz – Como você avalia os diversos movimentos de ocupação que vêm ocorrendo em BH e Região Metropolitana, tais como Ocupa Isidora, Dandara, Tina Martins, Espaço Comum Luiz Estrela, afora as manifestações espontâneas do movimento hip hop, por exemplo, com o Duelo de MC’s?

Luis Tibé – Bem, a prefeitura não considera a cultura como uma prioridade. A gente vê várias ações culturais da cidade com dificuldade de acontecer. A gente vê um exemplo prático e bacana da cidade que foi o carnaval. O carnaval aconteceu com os blocos se organizando, a cidade se organizando e aconteceu um belo carnaval. A prefeitura não ajudou e depois quis se apropriar do carnaval. A gente vê os produtores de evento na área da cultura com enorme dificuldade com qualquer evento na cidade pra acontecer. As vezes dois dias antes do evento, você não tem alvará, você não sabe se o evento vai acontecer. E isso gera turismo. Tem que linkar a fundação municipal de cultura com a Belotur. Pra incentivar o turismo de evento, o próprio turismo de negócio na cidade, ocupar a rede hoteleira, gerar empregos. A gente vê a propaganda da prefeitura hoje, o investimento nisso é baixíssimo. A prefeitura divulga o que ela tem feito na cidade. Tem até um slogan que é muito engraçado: “A prefeitura fez sua obrigação”. Isso você não tem que divulgar. Obrigação você tem que fazer. Tem que divulgar a cidade fora pra trazer turismo pra cidade. E a cultura é uma forma de fazer isso. Você vê, por exemplo, o Santa Tereza a gente tem o Clube da Esquina que em qualquer lugar do planeta seria um movimento muito valorizado, seria um ponto turístico da cidade. A gente vê essas coisas sem acontecer. Outra coisa, nas vilas e favelas que é outra secretária que a gente vai criar, tem muita manifestação cultural sub aproveitada. Tem muito talento naquelas regiões que a gente deixa de divulgar pro resto do país e até pro mundo. Então a prefeitura tem que fazer um movimento muito forte nesse sentido, nesses movimentos que já existem, tem que fomentar, ser parceiro deles. Quem vai ganhar é a cidade.

Thiago Ricci – Conversamos com Marcio José de Aguiar, engenheiro civil especialista em transporte e trânsito, e coordenador das disciplinas de transporte da Fumec. Ele afirmou que Belo Horizonte não dá a devida atenção para a implantação do desejado metrô. Faltam articulações políticas, esforço para conseguir financiamento etc. Como será sua postura em relação a esse assunto?

Luis Tibé: Inicialmente falar de metrõ em campanha era até melhor nem falar, porque a população não aguenta mais. A gente que é candidato e vê alguém falar que vai fazer o metro, isso nem tem que falar, tem que fazer. E pra fazer, sem ter união dos deputados federais, estaduais, se não tiver união da cidade, tem chance zero de acontecer. A prefeitura não tem condições de fazer o metro. Quem tem é o governo federal e tem que ter pressão, pressão grande. Mas os recursos estão escassos. A realidade do país é muito ruim. A gente sabe como está a situação, sem recursos. A saúde está muito ruim. A gente vê um hospital sem dinheiro. Quando a gente vai falar em metro, que é o que resolveria a questão de transporte na cidade é falar uma coisa… A vergonha que foi a última eleição na cidade, a prefeitura fazer buracos na cidade inteira falando que está fazendo sondagem pro metro e não acontecer nada. Claro, tem que ser objetivo e fazer uma política com a camâra federal, com a nossa bancada pra que a gente brigue firmemente com o governo federal para que esse recurso venha. Agora, enquanto isso não acontece a gente tem que trabalhar com o que tem. E o que que tem na cidade que não funciona? Por exemplo: Ciclovias. 88 KMs de ciclovias na cidade. Vai conversar com o pessoal que usa ciclovia. Eles não estão satisfeitos, porque a ciclovia não se comunica, ela não é interligada. A Pampulha é uma vergonha. Se você passa lá de bicicleta, você bate uma na outra. Então o que a gente tem que fazer? Fazer ciclovias das estações, que é onde tem alimentação do MOVI e do metro e criar ciclovias pra acessar a residência das pessoas. As pessoas tem agilidade do MOVi, que foi um serviço que aconteceu por causa da Copa do Mundo, e quando ela volta pra casa ela não tem ramificações. A rota do MOVI é extremamente burra. Você demora 1 hora, ou 1 hora e meia pra chegar na sua casa. Então a gente tem que fazer ciclovia. Aumentar de 88 KMs para 400 KMs, essa é a ideia nossa. Mas uma ciclovia que realmente funcione, que te leve a sua casa, e que te faça realmente usar a bicicleta, com estacionamentos das bicicletas nas estações. Além disso uma coisa que a gente tem que fazer com transporte é melhorar a rota de distribuição é aumentar o número de suplementares que você aumentaria a opção das pessoas pra chegarem em casa, com rapidez e tranquilidade.

Maira Monteiro – No Complexo da Lagoinha, existe uma grande concentração de usuários de crack. Como e de qual maneira enfrentar esse problema? Vai trabalhar apenas em consultório de rua e redução de danos, o que é feito atualmente? Ou será mais audacioso?

Luis Tibé: Nem só a questão da cracolândia, mas as pessoas em situação de rua na cidade a gente tem que ter uma ação forte, porque isso só tá aumentando. Mas tá aumentando por vários fatores. Primeiro: Falta de oportunidade. A questão da secretária de vilas e favelas também vai atender isso, a gente criar oportunidades para que isso não aconteça. Agora, a cidade não é escura só nesses pontos. Belo Horizonte virou uma cidade escura, e de modo geral. A iluminação por si só já diminui o numero de incidências de ocorrências. Nessas regiões especificamente a gente tem que combater, porque já está acontecendo a situação. A gente tem que fazer uma política, e é claro que não vai acontecer imediatamente, pra evitar que a pessoa fique dependente do crack. Essas pessoas tem que ser tratadas como doentes. Elas precisam de ter um tratamento adequado ao problemas que elas tem. A gente precisa fazer casa de recuperação, arrumar vagas nisso, fazer parcerias com as que já existem pra receber essas pessoas. E com isso até economiza o custo que tem com problemas que geram uma cracolândia. Você iluminar, você colocar um policiamento ostensivo, claro, policiamento militar não é responsabilidade da prefeitura, mas é preciso fazer uma parceria com o governo do estado, para que nesses pontos críticos a gente colocar uma presença efetiva. Com iluminação, com limpeza, com o que a gente pode fazer hoje, que é ação social neles, remetendo os casos extremos para as casas de recuperação é uma ação que se pode fazer já. E combater o mal onde ele se inicia que é na educação, é na oportunidade que a cidade tem que dar para as pessoas pra ver o motivo que está levando a pessoa pra aí e não deixar isso acontecer.

Jéssica Munhoz – O município é responsável pela educação infantil, que é dividida na etapa da creche (0-3) e da pré-escola (4-5). A pré-escola se tornou obrigatória, no entanto não há vagas suficientes em BH. Nesse sentido, a não abertura de novas vagas, segundo o professor, poderia enquadrar em crime de responsabilidade. O senhor vai abrir novas vagas? Já as creches não são obrigatórias e, por isso, a oferta de vagas é ainda menor. Em Belo Horizonte há grande demanda por creches, sobretudo nas populações de baixa-renda. O que o senhor fará para suprimir esta demanda?

Luis Tibé: Na verdade hoje as UMEIS recebem os de 4 a 6. O gargalo na cidade é de 0 a 3. A gente só tem 35% das pessoas nessa faixa etária que são contempladas. A ação que a gente vai fazer imediata é aumentar vaga de creche. Porque essa parceria com a rede particular de creche é um custo menor. Um aluno na rede própria da prefeitura custa aproximadamente R$630 ou R$650. Nessas creches, R$270.A ação imediata que tem que fazer é aumentar o número de vagas nessas creches pra gente suprir. E mais um motivo pra fazer isso com bastante efetividade nas regiões que são menos favorecidas na cidade que são as vilas e favelas, porque com isso você libera a mãe pra trazer recurso, pra gerar receita e girar a economia. E as mães hoje não podem sair porque elas não tem onde deixar os filhos. Isso tem que ser feito com rapidez e efetividade pra deixar as mães e pais com tranquilidade.

Jéssica Munhoz – A carga horária atualmente é de 8h diárias e as UMEIs só atendem 4h30 por dia. Portanto, não atende a demanda dos pais. Qual proposta para solucionar esse problema?

Luis Tibé: Exatamente. O custo da UMEI é mais alto. Na creche o custo é menor e a prefeitura está dificultando para essas creches que existem. A burocracia é muito grande. O que funciona mesmo é um trabalho praticamente voluntariado, as pessoas querem fazer. Porque se for olhar pela prática, de remuneração não existiria isso. Então a gente tem que tratar essas pessoas como parceiros. Ajudá-los a cumprir um papel, facilitar para que elas tirem os meninos da rua, colocar num local seguro para que a família consiga trabalhar. Então, é uma coisa que a gente vai focar muito é nessa parceria, ao invés de ficar dificultando. A prefeitura hoje, não só nessa situação, ela dificulta muito as coisas ao invés de tentar realizar. A gente tem que acabar com isso, acabar com a burocracia, que eu chamo de “burrocracia”. A gente está no século XXI, um tanto de ferramenta tecnológica que diminuiria custo, que faria uma gestão melhor e hoje a prefeitura é travada em várias coisas. Como eu disse, nos eventos, a própria prestação de contas das creches, ela dificulta. Enfim, os taxistas são severamente fiscalizados pela prefeitura. Não que não se deva fiscalizar, mas tem limite. A prefeitura não os trata como parceiros. Então são várias ações nesse sentido que a gente vai facilitar para que as pessoas tenham uma relação mais prática com a prefeitura.

Thiago Ricci – O senhor citou nesta entrevista a vontade de romper com o modelo político atual. Em 2013, a Procuradoria-Geral da República pediu quebra do sigilo bancário do PTdoB, referente a movimentações financeiras suspeitas realizadas em 2008, dois anos após o senhor assumir a executiva nacional do partido. Na Justiça estadual, o senhor foi condenado em ação movida pelo Ministério Público de improbidade administrativa. Diante disso, como convencer o eleitor de que se trata de uma nova política?

Tibé: Bom, na realidade toda pessoa que está na vida pública, a justiça tem que verificar todos os atos que são feitos. A questão que aconteceu na primeira instância, a gente já foi condenado a uma multa de R$5000, o crime não existe, já superou isso na segunda instância e mesmo assim eu estou recorrendo, porque eu não acho justo. Foi uma questão que foi feita para praticamente todos os vereadores da cidade com relação a verba indenizatória. Essa coisa já foi superada, não estamos mais respondendo sobre isso, só tem uma multa que eu estou recorrendo. E a questão da prestação de contas do partido é uma prestação de contas nacional que envolve contabilidade e também está sendo apurado tudo que é irregular. A Justiça tem que atuar, e a gente tem que abrir tudo pra que apure tudo que é lícito ou ilícito. Já a questão da ruptura é romper com um modelo. É romper com esse modelo onde na campanha você recebe ajuda e depois você compromete serviços. A gente está fazendo algo completamente diferente. É isso que a gente não está fazendo na nossa campanha. O sistema político é o mesmo para todos os partidos. A gente vê as diferenças ocorrendo agora. Grandes partidos querendo se apropriar, dizendo que são o novo, uma nova opção pra cidade. E que realmente não são. As pessoas até mesmo questionam o modo nosso de fazer campanha, colocar carro de som na rua, colocar bandeira na rua, mas eles não falam que eles tem o tempo de televisão todo, e que a gente tem um tamanhinho. Como é que a gente coloca nossas propostas? Como é que a população vai saber o que a gente vai fazer pra cidade? É muito desigual. Então, os grandes estão falando em uma nova política, porque eles não começam agora na eleição pegando o tempo de televisão e dividindo igualitariamente? Aí sim você pode falar que eles estão pensando numa nova política. A gente viu essa reforma que aconteceu, e que não é reforma, foi simplesmente tentar acabar com os pequenos, e diminuiu o tempo de campanha, diminuiu o tempo de televisão e diminuiu qualquer possibilidade de fazer propaganda. Hoje se pode fazer muita pouca coisa. Isso foi uma ação, mais uma vez dos grandes, pra acabar com os menores. Só que eles deram um tiro no pé. Porque a gente se organizou. A gente é dito como partido pequeno, mas somos o maior grupo que está nessa disputa. São 8 partidos tidos como menores pelos grandes, mas somos o maior grupo. São 310 candidatos a vereadores e essa ação da base de conversar com as pessoas, de mostrar como a nossa candidatura foi consolidada. Não foi uma candidatura de bastidores, resolvida em Brasília, em gabinetes, que tira um candidato de última hora, o coloca como vice de outro e na última semana define as coisas. Não. Nós começamos lá atrás, dialogando, conversando com a população, trazendo o partido para um arco de alianças.

Maira Monteiro – A leitora Camila Godoy Moreira enviou para a gente que gostaria de saber qual o planejamento para amparar melhor os moradores de rua. O tema também foi mencionado pelas nossas leitoras Elizabeth Braga de Souza e Marisa Labruna Drummond Fortes.

Luis Tibé: Bem, na verdade isso mostra claramente o que é o formato dessa gestão. É uma gestão fria, inclusive no trato com as pessoas que mais precisam. A gente viu em várias situações inclusive a infelicidade do prefeito em alguns comentários, de falar por exemplo que a população estava precisando de baba. E realmente precisa de baba quem está numa situação daquela. Você acha que alguém quer dormir na rua, debaixo de uma coberta debaixo de um viaduto? É obvio que não. Mas por que uma pessoa está nessa situação? Porque não tem oportunidade, não tem emprego, está passando fome, ela não tem onde morar. Os abrigos são horríveis, percevejos nos abrigos é mato. Nos abrigos, não tem condição de dormir lá, porque elas são roubadas. Então elas vão pra rua. Os voluntários é que alentam um pouco a situação dessas pessoas. Levam uma sopa, uma coberta. Então a gente incentivando o voluntariado, cuidando melhor dos abrigos trazendo essas pessoas pra essa ação emergencial que é de tirá-las da rua e arrumar uma ocupação. Qual seria essa ocupação? Com as oportunidades que a cidade vai gerar, de emprego, de fomentar turismo, de ocupação da rede hoteleira, de fazer a cidade voltar a andar. Ninguém quer ficar na rua, ninguém quer ficar debaixo de um viaduto, ninguém quer ficar ali. A gente precisa atender rapidamente melhorando esses abrigos, fomentando a ação dos voluntários hoje, porque a cidade tem essa característica de querer ser voluntário. Organizar para as pessoas que querem ajudar de alguma forma, consigam ter uma ação efetiva pra diminuir o sofrimento dessa população.

Guilherme Scarpellini – Hoje, os gestores municipais reclamam de queda na arrecadação e de que o fundo de participação dos municípios não tem sido suficiente. Já temos uma prefeitura inchada com quase 40 secretarias e secretarias-adjuntas. No seu plano de governo, está previsto a criação de mais uma secretaria — a Secretaria de Vilas e Favelas. A medida não iria na contramão da necessidade de enxugar a máquina pública?

Luis Tibé: Na realidade a nova secretária, não é que a gente vai criar outra. A gente vai pegar o serviço que já existe em várias das secretárias e otimizá-lo, colocando em uma secretária pra cuidar desse tema. A ideia é pegar a Urbel e incorporar nessa secretária e o serviço de todas as outras, por exemplo, secretária de esportes vai realizar uma ação específica em vilas e favelas, uma pessoa da secretária de esportes fica no guarda-chuva da vilas e favelas. Então a gente não vai aumentar, muito pelo contrário, a gente vai otimizar a gestão. E o segredo de uma boa administração é otimizar a gestão. A gente denunciar, criar um canal aberto para as pessoas que trabalham na secretária, seja o Office boy, o atendente ele fazer denuncias de alguma coisa que está ocorrendo de errado. Criar uma relação diferente com a própria Câmara Municipal, para os vereadores realmente fazerem o papel deles que é o de fiscalizar realmente a gestão, que isso hoje não acontece. E eu quero fazer de Belo Horizonte, vou te falar que é a coisa que eu sei, que é fazer do parlamento que a gente tenha uma relação pela minha trajetória. Então nós vamos criar uma relação diferente com o legislativo. Essa questão de otimizar a gestão da prefeitura é que é o grande segredo de economizar para fazer as coisas que realmente precisam.

Jéssica Munhoz: O senhor nasceu em berço político. Seu pai Tibelindo fundou o PTdoB e hoje preside o PRP. Sua mãe também já foi ligada à executiva do PTdoB. Nesse sentido, alguns de seus concorrentes se vangloriam ao dizer que não têm apadrinhamento político. Teme algum tipo de rejeição nas urnas por ser considerado um político de berço?

Luis Tibé: Não, muito pelo contrário, eu me orgulho de ter berço político, eu tive bom exemplo na minha casa, meu pai sempre fala que o que orgulha um político é ele sair pela rua e ser reconhecido pelas boas obras que fez. Então a política é necessária, ela é um instrumento de transformação, política feita com responsabilidade. Eu tenho sempre citado um exemplo atual de político que é o Papa. A gente vê o Papa Francisco fazendo uma política maravilhosa, abrindo as portas da igreja. E a boa política como eu falei, é um instrumento de transformação. O que a gente tem que ser contra, e radicalmente contra é a politicagem. O fato da gente organizar um partido e as pessoas que querem nivelar com a régua deles, a população vai observar isso durante a eleição. A gente não teve nenhum problema com nada disso que está acontecendo aí. Zero, zero, zero. Muito pelo contrário. A gente está construindo grupo. Eu sou o deputado federal que aumentou sua votação em Belo Horizonte, quando todos diminuíram. Construindo grupo sempre. O nosso partido que é dito pequeno, na eleição passada foi o segundo mais votado de Belo Horizonte. Então o que a gente tem construído sempre é diálogo, grupo. E isso que possibilitou essa disputa agora estar tão forte.

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