Pix de R$ 1 para campanha de Bolsonaro provoca caos na prestação de contas

Jair Bolsonaro
Ideia da campanha é que as contribuições mostrem o número real de eleitores de Bolsonaro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram uma campanha de incentivo a doações de pequenos valores – normalmente de R$ 1, por meio do Pix – para “declarar o voto” no candidato à reeleição e tentar relacionar com o número de votos nas urnas.

No entanto, a iniciativa acabou criando um caos na campanha do presidente. A ação, que, segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), começou de maneira espontânea, propõe que bolsonaristas façam um Pix de um valor simbólico para a conta da campanha do presidente.

O filho de Bolsonaro ainda disse que a equipe está “precisando” da ajuda. “Só R$ 1 para declarar o voto em apoio à reeleição do Bolsonaro, o que servirá de parâmetro antifraude”, diz uma mensagem que circula em grupos de aplicativos de conversas.

A ideia da campanha é que as contribuições mostrem o número real de eleitores de Bolsonaro, para servir como “prova” caso eles contestem o resultado das eleições presidenciais. O mandatário e seus apoiadores questionam, frequentemente e sem provas ou indícios de fraude ou falha, a segurança das urnas eletrônicas.

Prestação de contas

Acontece que o grande volume de pequenas doações complicou o trabalho da equipe que faz a prestação de contas da campanha de Bolsonaro.

Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e advogado da campanha, relatou a situação à Folha de S. Paulo.

Segundo ele, até o início da tarde dessa terça-feira (13), cerca de 300 mil Pix para a campanha de Bolsonaro haviam sido feitos, em valor médio de R$ 2.

Como os extratos de doação de campanha têm que ser feitos individualmente, preenchendo várias informações, o custo contábil dessa prestação de contas é maior que o valor recebido.

“Tudo isso está de acordo com a lei, claro. Mas como temos o prazo de 72 horas para fazer as prestações de contas parciais, o contador estava um pouco aflito. O volume é muito grande para fazer no braço”, disse o advogado à Folha.

Segundo ele, o contador tenta desenvolver uma metodologia de tecnologia da informação para agilizar o processo. Por outro lado, Carvalho Neto afirma que não seria de bom tom desestimular a campanha promovida pelos apoiadores do presidente.

“Hoje é uma questão mais tecnológica que jurídica. A matéria ainda não está definida, no entanto. Ontem o contador colocou esse problema e eu disse que não tem alternativas, temos que prestar contas de tudo. Devolver é tão complexo quanto contabilizar e ficar com os valores”, completou.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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