Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram uma campanha de incentivo a doações de pequenos valores – normalmente de R$ 1, por meio do Pix – para “declarar o voto” no candidato à reeleição e tentar relacionar com o número de votos nas urnas.
No entanto, a iniciativa acabou criando um caos na campanha do presidente. A ação, que, segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), começou de maneira espontânea, propõe que bolsonaristas façam um Pix de um valor simbólico para a conta da campanha do presidente.
O filho de Bolsonaro ainda disse que a equipe está “precisando” da ajuda. “Só R$ 1 para declarar o voto em apoio à reeleição do Bolsonaro, o que servirá de parâmetro antifraude”, diz uma mensagem que circula em grupos de aplicativos de conversas.
Surgiu espontaneamente uma campanha de doação de R$ 1,00 para a campanha do Presidente Bolsonaro (assim como há outra de R$ 1.022,00 de produtores rurais).
— Flavio Bolsonaro #B22 (@FlavioBolsonaro) September 13, 2022
Informo que doação de qualquer valor é bem-vinda, desde que seja do seu coração.
E, sim, estamos precisando.Seguem os dados: pic.twitter.com/ddWQqbH6RE
A ideia da campanha é que as contribuições mostrem o número real de eleitores de Bolsonaro, para servir como “prova” caso eles contestem o resultado das eleições presidenciais. O mandatário e seus apoiadores questionam, frequentemente e sem provas ou indícios de fraude ou falha, a segurança das urnas eletrônicas.
Prestação de contas
Acontece que o grande volume de pequenas doações complicou o trabalho da equipe que faz a prestação de contas da campanha de Bolsonaro.
Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e advogado da campanha, relatou a situação à Folha de S. Paulo.
Segundo ele, até o início da tarde dessa terça-feira (13), cerca de 300 mil Pix para a campanha de Bolsonaro haviam sido feitos, em valor médio de R$ 2.
Como os extratos de doação de campanha têm que ser feitos individualmente, preenchendo várias informações, o custo contábil dessa prestação de contas é maior que o valor recebido.
“Tudo isso está de acordo com a lei, claro. Mas como temos o prazo de 72 horas para fazer as prestações de contas parciais, o contador estava um pouco aflito. O volume é muito grande para fazer no braço”, disse o advogado à Folha.
Segundo ele, o contador tenta desenvolver uma metodologia de tecnologia da informação para agilizar o processo. Por outro lado, Carvalho Neto afirma que não seria de bom tom desestimular a campanha promovida pelos apoiadores do presidente.
“Hoje é uma questão mais tecnológica que jurídica. A matéria ainda não está definida, no entanto. Ontem o contador colocou esse problema e eu disse que não tem alternativas, temos que prestar contas de tudo. Devolver é tão complexo quanto contabilizar e ficar com os valores”, completou.