Relação com o STF, centrão e mais: A entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional

Jair Bolosnaro (PL) foi entrevistado nesta segunda, no Jornal Nacional (Reprodução)

O candidato Jair Bolsonaro (PL) foi entrevistado nesta segunda-feira (22) no Jornal Nacional. Os entrevistadores, Renata Vasconcelos e William Bonner abordaram temas como a conturbada relação do presidente com o STF, meio-ambiente, a relação de Bolsonaro com o parlamento e corrupção.

A entrevista durou 40 minutos e foi transmitida em rede nacional.

Xingamentos a ministros

No começo de sua entrevista ao Jornal Nacional ao ser perguntado sobre as vezes em que atacou o sistema eleitoral, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro afirmou que nunca xingou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“É fake news que eu xingo ministro”, afirmou o presidente, interrompendo a pergunta de William Bonner.

No entanto, em no mínimo duas ocasiões, ele se referiu a dois ministros do STF com xingamentos. O primeiro a ser ofendido foi Luís Roberto Barroso, em 6 de agosto de 2021 em Joinville (SC). Um mês depois, foi a vez de Alexandre Moraes, em fala a apoiadores no dia 7 de setembro, em São Paulo.

No Jornal Nacional, o apresentador William Bonner retrucou o presidente, e lembrou do xingamento contra Moraes. “Xinguei um ministro, não ministros.”, disse Bolsonaro que relatou que à época, sofria perseguição por parte do atual presidente do TSE.

Pandemia

Questionado pela entrevistadora Renata Vasconcellos se ele se arrependia da forma como conduziu a pandemia do Covid-19, especialmente de ter imitado pessoas morrendo com falta de ar, Bolsonaro defendeu a postura que adotou na ocasião.

“Não errei nada no que falei. Lockdown serviu para atrapalhar nossa economia e contaminar mais em casa”, disse o candidato ao ser questionado sobre episódios em que desestimulou a vacinação contra a doença, imitou pacientes com falta de ar e chegou a dizer “E daí? Eu não sou coveiro” sobre vítimas da doença.

O presidente ainda chamou a defesa do tratamento precoce para a covid de “liberdade do médico”. Destacou, ainda, que pagou o auxílio emergencial “imediatamente”.

Bolsonaro também classificou como “circo” a CPI da Covid, encabeçada por nomes como os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O relatório final da comissão propôs o indiciamento do presidente por crimes cometidos na gestão da pandemia.

Sobre a imitação que o presidente fez de pessoas com falta de ar, Bolsonaro negou que tenha feito isso.

Críticas ao IBAMA

Ao ser questionado sobre o problema das queimadas, Bolsonaro afirmou que há abuso por parte do Ibama em parte das fiscalizações realizadas pelo órgão na Amazônia. Ele se referiu à queima de material apreendido em áreas desmatadas.

“Há um abuso de uma parte. Abuso por parte do Ibama nas fiscalização”, disse ele. “O que diz a lei? Um trator, por exemplo, tem tocar fogo se não puder retirar daquele o local. O que o pessoal do Ibama faz: toca fogo mesmo podendo retirar o material de lá”, acrescentou.

Como presidente da República, disse, sua orientação é o cumprimento da lei. Ele ainda afirmou que a Amazônia é do tamanho da Europa Ocidental, para justificar dificuldades de fiscalizar a região.

Centrão

William Bonner perguntou a Bolsonaro porque, depois de se posicionar de forma crítica aos deputados do chamado “centrão” ao longo da campanha de 2018, ele havia mudado de postura, dizendo agora “que sempre foi do centrão”.

 Em resposta, Bolsonaro afirmou que Bonner o estava “induzindo a ser um ditador”, por ser, em sua visão, impossível governar sem contar com o apoio dos mais de 300 parlamentares que compõem o grupo.

Afirmou, ainda, que dizia não ser do centrão porque no seu tempo isso não existia. O grupo de deputados que se caracteriza por estar sempre alinhado ao governo e ser movido por interesses fisiológicos, contudo, existe desde o governo de José Sarney (1985-1990).

Corrupção

Durante a entrevista, Bolsonaro negou que exista corrupção em seu governo.

Questionado pelo apresentador William Bonner sobre o caso dos “pastores lobistas”, que levou à demissão do então ministro da educação Milton Ribeiro, Bolsonaro respondeu: “Que escândalo no MEC, Bonner? Saída do ministro é escandaloso. Cadê o duto do dinheiro vazando? Não sabe e está me acusando?”.

Milton Ribeiro é acusado de favorecer aliados de pastores evangélicos utilizando recursos do MEC por parte do ex-ministro Milton Ribeiro, um deles a pedido do próprio presidente Jair Bolsonaro. Ele também é investigado pela cobrança de propina em ouro de prefeitos de municípios menores para que tivessem acesso aos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O presidente sustenta que não existem provas contra o seu ex-ministro.

Próximas entrevistas

O candidato Ciro Gomes (PDT) será o próximo a ser entrevistado bela bancada do Jornal Nacional, nesta quarta (24). Luís Inácio Lula da Silva (PT) será ouvido na quinta-feira (25). Na sexta-feira, será a vez de Simone Tebet (MDB) de passar pela sabatina do Jornal Nacional.

Pedro Munhoz[email protected]

Editor de Política do BHAZ. Graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos e em História pela UFMG, trabalhou como articulista de política no BHAZ entre 2012 e 2013. Atuou como assessor parlamentar desde 2016, com passagens pela Câmara dos Deputados, Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!