Eliminado dos Jogos de Tóquio, Nory revela depressão e fala de ‘medo’ após caso de racismo

arthur-nory-barra-olimpíadas-de-tóquio
Arthur Nory não fez uma boa apresentação e acabou eliminado (Reprodução/@arthurnory/Instagram)

O ginasta Arthur Nory não conseguiu um bom desempenho na barra fixa e está de fora da final das Olimpíadas de Tóquio. Depois da apresentação, que aconteceu na madrugada deste sábado (24), o atleta desabafou sobre a eliminação e a respeito da repercussão dos últimos dias acerca do ato racismo que cometeu contra Ângelo Assumpção, em 2015. Ele disse que seu mau desempenho não foi por conta da onda de comentários feitos sobre o caso.

Segundo o GE, o atual campeão mundial da barra fixa não culpou os xingamentos que recebeu na última semana. “Eu tive muito medo, fiquei muito acuado para tudo. Eu estou abrindo meu coração de verdade. Tudo o que aconteceu na minha história desde o episódio de racismo de 2015, que vem à tona sempre que eu apareço”, desabafou.

“Então é um processo de amadurecimento diário, de entender e melhorar. A gente tem que buscar esses erros e melhorar. Assim como no esporte. Mas, no esporte, essa chance é só de quatro em quatro anos. Mas é aprender com isso e melhorar. Para Paris, fazer diferente”, afirmou Arthur Nory.

‘Medo desde o episódio do racismo’

Em entrevista coletiva após a performance, o ginasta garantiu mais uma vez que seu mau desempenho não teve a ver com a repercussão do caso de racismo. “Não foi por isso, chega um momento que… Eu sempre tive muito medo, muito medo, desde o episódio do racismo, medo de falar, medo de assumir, medo de tudo”, pontuou.

“Fico sempre acuado, pensando em colocar o sorriso no rosto, brigando comigo para isso. E nestes últimos anos vem isso muito forte, e no momento que você desabafa, assume, vem muita paulada. Venho tomando muita paulada agora e não vou mais me esconder. Vou assumir essa responsabilidade. É procurar melhorar todos dias”, acrescentou.

Burnout e depressão

Arthur Nory também desabafou sobre problemas enfrentados nos últimos meses. Segundo o ginasta, ele teve depressão e burnout, que é a síndrome de esgotamento mental por conta do trabalho: “Foi ano difícil, tive burnout, depressão, tive que parar um tempo, voltar, focar na barra. E estou aqui em mais uma Olimpíada”.

“Atleta, ser humano, a gente erra. Treinei bastante, foi um ano complicado, mas eu me entreguei. Fui até o fim brigando, ajudando a equipe no que eu podia”, finalizou o atleta. Arthur também fez uma postagem no Instagram, em que assumiu as responsabilidades pelos seus erros na vida e no esporte, referindo-se ao que o fez ser eliminado.

“Errei e erros acontecem pra quem é ser humano. Na vida e no esporte. Assumo toda responsabilidade. É doído, é complicado, mas vem como um aprendizado”, escreveu o medalhista. “Me superar todos os dias, as dores, ficar longe de casa, as críticas, os linchamentos e colocar a cara a tapa, de frente”.

Arthur deseja evolução

Ele também disse não ter medo de assumir seus erros e de se perdoar atualmente. “Para os que comemoram o fracasso alheio, meu desejo de que evoluam (como vi muitos aqui). Foi um dia de aprendizado e vontade de querer estar mais e mais. Aos que torcem por mim, muito obrigadooo”, disse Nory. Veja a publicação completa:

Nory já havia se pronunciado

Nessa quarta-feira (21), Arthur Nory se pronunciou em seu Twitter sobre a repercussão que o racismo cometido contra o atleta Ângelo Assumpção tinha tomado. Com a aparição do atleta nas Olimpíadas de Tóquio, os internautas relembraram o episódio de 2015, entre Nory, Assumpção e outros dois ginastas brasileiros.

À época, Arthur Nory postou em seu antigo Snapchat vídeos em que aparecia fazendo comentários racistas sobre Ângelo Assumpção, ao lado dos colegas de seleção Fellipe Arakawa e Henrique Flores. “Seu celular quebrou, a tela quando funciona é branca… Quando ele estraga é de que cor?”, dizia Nory, em meio a risos, nas imagens.

Com o assunto de volta à tona, Nory questionou, em seu Twitter: “É normal tanto xingamento, ódio e desejar o mal aqui no Twitter?”. A funkeira Valesca Popozuda respondeu: “Não é! Mas quando a gente erra, é melhor assumir o erro e pedir desculpas. Porque aqui no Twitter ninguém passa pano mais não. Vamos melhorar o discurso e assumir os erros. Beijos e boa sorte”.

‘Até hoje pago por isso’

Arthur se defendeu, dizendo que assumiu seus erros e que continua pagando por eles: “Eu errei e eu assumi. Paguei por ele e, até hoje, pago por isso! Nunca escondi meu erro e sempre busquei conhecimento para me tornar uma pessoa melhor. Eu não sou o mesmo de 5 anos atrás. Veja meu canal do YouTube, veja minhas postagens no Instagram…”.

Edição: Giovanna Fávero
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!