Covid-19: Empresários detonam protocolos da PBH e sinalizam embate

presidente da Abrasel em coletiva
Empresários não concordam com protocolo da PBH (Amanda Dias/BHAZ)

Comerciantes, lojistas e donos de bares e restaurantes de Belo Horizonte pretendem tomar medidas próprias para tentar reativar a economia da capital mineira. Em coletiva na CDL (Câmara dos Dirigentes Logistas), na manhã desta quinta (16), os representantes dos setores criticaram a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) e cobraram um cronograma de abertura de leitos para o tratamento da Covid-19. Agora, eles pretendem ouvir a sociedade para tomar decisões e pressionar a gestão municipal.

Os setores alavancados pela CDL e Abrasel farão um manifestação na próxima quarta-feira, na Praça da Liberdade. Na ocasião, os representantes “ouvirão a população” sobre a reabertura do comércio.

Desabafo

“Chegamos ao limite. A gente vai fazer o que esperávamos que a prefeitura fizesse. Agora, já que não podem fazer isso, alguém tem que fazer. Tem coisa que a gente consegue fazer sem a prefeitura, claro que a gente gostaria de ter a PBH como protagonista, mas não estão fazendo isso”, disse o presidente da CDL, Marcelo de Souza e Silva. “Sinto que existe uma preguiça. Quero crer que é preguiça, mas no final acredito que seja falta de competência”, acrescentou.

Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, os protocolos apresentados pela PBH, nessa terça (15), são inviáveis. Ele afirma que já há “desobediência civil” em BH. “Não acho que fechamos cedo, acho que não soubemos reabrir. Essa ameaça de multar a população para o uso de máscara se mostrou absolutamente ineficaz. Os números indicam que BH ainda não entrou em um platô seguro. Mas precisamos de um plano.Vamos ficar fechado até quando? Temos que apostar na educação, solidariedade e boa informação. A desobediência civil já está acontecendo, basta dar uma volta nas periferias para ver que bares e restaurantes estão abertos. Não podemos perder o controle
Temos que criar uma solução para retomada” afirmou.

Protocolos da PBH

Nessa quarta (15), a PBH (prefeitura de Belo Horizonte) apresentou os protocolos de funcionamento de bares, restaurantes e lanchonetes, de atividades no formato drive-in, do segmento de vestuários, e de shopping centers, centros de comércios e galerias de lojas da capital.

Os termos foram construídas a partir do diálogo constante e das sugestões enviadas por cada segmento, ajustadas de acordo com critérios apontados pela Vigilância Sanitária e pelo Comitê da PBH. Confira alguns itens dos procolos e como será o “novo normal” quando as atividades receberem o aval da prefeitura para funcionar:

Bares, restaurantes e lanchonetes

  • Capacidade máxima de 1 pessoa a cada 7 m², incluindo os funcionários.
  • Aferir as temperaturas de clientes e funcionários por termômetro digital infravermelho antes da entrada no estabelecimento.
  • Privilegiar a disposição dos clientes em área externa do estabelecimento e/ou em locais com maior ventilação.
  • Uma mesa a cada 6,5 m², respeitado o distanciamento mínimo de 2,5 m entre mesas, com no máximo duas cadeiras por mesa.
  • Máximo de duas pessoas por mesa.
  • É admitido o uso das calçadas para disposição de mesas mediante licenciamento junto ao município e isolando-se a área para evitar aglomeração e circulação.
  • Vedado o modelo de self-service. Admite-se serviço com buffet com isolamento dos alimentos em relação aos consumidores e montagem do prato por profissional do estabelecimento devidamente paramentado.
  • Proibida a abertura de espaços de entretenimento infantil (kids) ou área de lazer, caso o estabelecimento possua.
  • Funcionários devem vestir uniforme somente no local de trabalho. Uniformes, equipamentos de proteção e máscaras não devem ser compartilhados.

Drive-in

  • O evento deverá ser realizado em local descoberto e cercado, possibilitando a restrição da quantidade de veículos a serem estacionados no local.
  • Vedada a entrada de motocicletas, bicicletas, veículos conversíveis com a capota aberta, vans e similares e pessoas sem carro.
  • Máximo de 4 ocupantes por veículo.
  • Distância de no mínimo 1,5 m entre os carros.
  • Vedada a saída do público do veículo, exceto para ida ao banheiro.
  • Vedada a venda de ingressos e alimentos no local. Permitida a venda apenas antecipadamente por meios eletrônicos.
  • Caso o cliente tenha adquirido itens de alimentação, deverá ser direcionado para drive thru e recebê-los diretamente no carro.
  • Uso obrigatório de máscaras ao sair do veículo e quando houver atendimento pela equipe do evento.

Vestuário (Atacado e varejo)

  • Capacidade máxima de 1 pessoa a cada 7 m², incluindo os funcionários.
  • Controlar o fluxo de entrada e saída de pessoas no estabelecimento e organizar filas internas e externas, observando o distanciamento de 2 metros entre as pessoas.
  • Manter em locais separados o estoque geral do estoque exposto, ou seja, aquele que é utilizado nas vitrines, araras, ilhas expositoras ou qualquer estoque que terá contato com o cliente.
  • Proibir que os clientes tenham contato físico com as peças do estoque. O manuseio poderá ser feito apenas nas peças que fazem parte do mostruário, higienizando as mãos com álcool 70% antes e após o toque.
  • Vedado o uso de provadores.
  • Orientar expressamente os clientes a lavarem a roupa adquirida antes de usar.
  • Quando houver devolução ou troca de produtos, estes devem ser mantidos em separado durante 72 horas antes de retornarem ao estoque e/ou mostruário.
  • Os clientes devem ser orientados a permanecer de máscara durante todo o tempo em que permanecerem no estabelecimento.

Shopping centers, centros de comércio e galerias de lojas

  • Aferir a temperatura e higienizar as mãos, com álcool 70%, de todos que entrarem nesses locais.
  • Dentro de cada loja, limitar a capacidade de pessoas, incluindo funcionários, equivalente à limitação aplicada a lojas do mesmo segmento independentemente da localização.
  • Limitar a capacidade total do shopping a uma pessoa a cada 7 m² de área comum de circulação interna, incluindo funcionários, não sendo contabilizadas áreas de lazer e de estacionamento.
  • Limitar a utilização de escadas e esteiras rolante com marcação de espaço respeitando o distanciamento de 2 metros entre as pessoas.
  • Vedado parque de diversão para crianças, cinemas e demais atividades de entretenimento e recreação, assim como eventos e campanhas com potencial de causar aglomeração.
  • Capacitar vigilantes, técnicos de segurança e colaboradores para fiscalização das medidas de prevenção e combate à Covid-19.
  • Uso obrigatório de máscara durante todo o período de funcionamento e de máscara e face shield para profissionais em contato direto com o cliente.
  • Informar, em cartazes disponibilizados na entrada, o número máximo de clientes permitidos simultaneamente no interior do estabelecimento.
  • Intensificar a manutenção da ventilação natural, quando possível, tanto para as áreas comuns dos shoppings centers, centros de comércio e galerias de lojas, quanto dos estabelecimentos instalados nestes.
  • Vedada a utilização de adornos e decorações que possam dificultar a higienização.
  • Higienizar cestas, carrinhos de compra e semelhantes a cada uso ou sempre que se fizer necessário com álcool 70%.

Pico x Platô

Desde que a pandemia do novo coronavírus teve início, muito se fala sobre o pico da doença. Minas Gerais, por exemplo, contou com diversas projeções sobre o ápice da Covid-19. Algumas datas foram apontadas até que chegou-se ao dia 15 de julho, esta quarta-feira, como o provável momento em que o número de casos atingiria uma “máxima”.

O pico, no entanto, ainda não foi registrado. Especialistas explicam que o momento exato do ápice de casos só deve ser notado quando os números começarem a diminuir de forma sistemática. Consultado pelo BHAZ, na segunda-feira (13), o médico infectologista Carlos Starling fez um alerta: a situação não indica, necessariamente, uma melhora. “Um platô significa que a saúde vai ficar pressionada por mais tempo”, disse.

“No pico, você atinge um número alto de casos e depois inicia uma redução. Já no platô, o número de casos atinge um alto nível e se mantém, pressionando o sistema de saúde por um tempo maior. É pior”, explica.

Carlos ainda diz que a situação não pode sair do controle. “Mantendo o sistema de saúde pressionado, é preciso ações para ir diminuindo o número de casos para evitar que exista um pico dentro do platô, onde há uma grande quantidade de infectados. Se isso ocorrer, há a possibilidade de um colapso na saúde”, finaliza.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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