Dorival Caymmi já dizia que “o mar quando quebra na praia é bonito”. A fascinação pelas águas salgadas não só despertou o olhar do cantor e compositor baiano, mas também do artista plástico José Pancetti, que retratou como ninguém o “beijo” entre o mar e a areia. Parte desse trabalho está em cartaz, a partir desta terça (3), na Casa Fiat de Cultura, no bairro Funcionários, região Centro-Sul de BH.
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A exposição “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…” reúne 46 obras do artista, realizadas entre 1936 e 1956. A mostra, que tem curadoria de Denise Mattar, também conta com trabalhos nunca antes exibidos para o público, além de uma cronologia ilustrada e uma instalação imersiva.
Estão previstas várias atividades educativas durante o período de exposição. A programação contempla também o minicurso “Azul em Pancetti e seus contemporâneos”, nos dias 11 e 18 de setembro. As vagas são limitadas com inscrição gratuita pelo Sympla.
Esta é a primeira vez que os trabalhos do artista são expostos em BH, estando disponíveis até 17 de novembro. Mais informações podem ser conferidas neste link.
Exposição é dividida em seis núcleos
Para traduzir a trajetória do artista e suas principais obras, a exposição é dividida em seis núcleos. São eles: Retratos, Paisagens, Naturezas-mortas, Bahia, Marinhas e Família.
Além disso, os visitantes vão poder conferir uma obra inacabada de Pancetti, ‘Composição – Bahia Interior o meu atelier, Itapoan’. A pintura foi feita em Salvador, em 7 de outubro de 1957, mas precisou ser interrompida após o artista precisar, meses depois, ser internado e morrer, no Rio de Janeiro. A obra não chegou a ser assinada e está até hoje com a família.
Outro recurso para o público mergulhar na história do artista será a cronologia ilustrada. A instalação traz os destaques da vida dele, desde o nascimento em Campinas, passando pela mudança em São Paulo, o período na Itália e a vivência na Marinha, até se dedicar totalmente à pintura.
A exposição também exibirá um documentário inédito sobre Pancetti, realizado por Ula Pancetti, neta do artista. O filme traz depoimentos de familiares, críticos e personalidades, como Anita Pancetti, esposa do artista, José Roberto Teixeira Leite, historiador e crítico de arte, Luiz Carlos Barreto, cineasta, e Almirante Max Justo Guedes, da Marinha do Brasil.
Quem passar pela exposição vai poder, ainda, se apaixonar e “mergulhar” nas águas salgadas, por meio da instalação imersiva que traz imagens e sons do mar. A obra conta também com uma trilha de Dorival Caymmi, amigo de Pancetti.
Artista foi pintor de paredes e militar da Marinha Brasileira
Filho de imigrantes italianos, José Pancetti foi pintor, escultor, desenhista e gravador. De origem humilde, executou diversos ofícios: foi operário, auxiliar de ourives, trabalhador de redes de esgotos e faxineiro de hotel.
Nascido em Campinas (SP), o artista logo cedo se mudou para São Paulo. Devido às dificuldades financeiras enfrentada pela família dele, foi enviado à Itália, ainda jovem, onde ingressou na Marinha Marcante.
A infância difícil e as privações da adolescência deixaram marcas profundas na personalidade e na saúde de Pancetti, assim, o ingresso na Marinha Brasileira foi um alívio para as suas atribulações. O pintor teve seu talento descoberto na instituição militar – ofício que influenciou fortemente a sua obra e a relação com o mar.
Pancetti começou pintando um camarote e logo passou a pintar postais e tampas de caixas de charutos. A partir daí, seu interesse pela pintura se intensificou e chegou a estudar por um curto período no Núcleo Bernardelli (Rio de Janeiro), um ateliê livre que tinha orientadores em vez de professores.
Anota aí!
Exposição “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…”
Data: até 17 de novembro
Local: Casa Fiat de Cultura | Praça da Liberdade, 10 – Funcionários, BH.
Entrada gratuita
casafiatdecultura.com.br
