Quando o upcycling encontra a religiosidade: Favelinha Fashion Week cria looks inspirados em Clara Nunes

31/08/2024 às 11h16
Clara Nunes foi a grande homenageada da noite. (Andreza Rezende/BHAZ)

O Favelinha Fashion Week 2024 homenageou a cantora Clara Nunes com o desfile “Clara Nunes: da Serrinha pro Serrão”, na noite dessa sexta-feira (30), no Museu da Moda de BH. Com 20 figurinos confeccionados pelo ateliê de upcycling Remexe Favelinha, o grupo de estilistas procurou ser fiel aos elementos que marcaram a imagem da artista mineira, que nos deixou em 1983.

Durante sua carreira, o estilo de Clara Nunes foi marcado pela religiosidade, com peças de rendas, adereços na cabeça e tons pastéis, reverenciando sua fé afro–brasileira. Na coleção de looks, o Remexe mixou a identidade estética da cantora às referências de estilo do que tem sido usado no Aglomerado da Serra.

“Além da referência maior desse desfile ser a Clara Nunes, a gente quis trazer também a referência do Serrão. Essa coisa das vestimentas periféricas, dos looks periféricos de contexto social que o Remexe traz, de upcycling, de reutilização de tecidos, e não da gente comprar os tecidos. A gente fez uma triagem bem legal de tecidos claros, respeitando a tradição de Clara”, explica a estilista do Remexe, Haninne.

Na passarela, os 20 looks foram desfilados por agentes culturais do Lá da Favelinha, como Kdu dos Anjos, Vini Joe, Patchaire, integrantes do Remexe e do Favelinha Dance, entre outras pessoas que fazem o movimento acontecer. Entre rendas e bordados, um dos principais elementos que remetem Clara Nunes presente nas roupas foi a estrela.

“Trabalhamos muito com a estética das estrelas e das flores, além dos tecidos claros, os búzios, as conchas, as rendas, a gente usou franjas também. Então nós, fomos buscando essa linha mais tradicional dela, trazendo a nossa metologia junto. Eu vejo como uma coisa mais atual, ainda assim querendo trazer a história e pisando nos dias atuais com nossas vestimentas de hoje”, acrescenta Haninne.

A escolha do tema veio da relação de Clara Nunes com a Serrinha, tradicional comunidade do Rio de Janeiro e berço do Império Serrano. “A gente brincou que, hoje em dia, Clara Nunes subiria para o Serrão, atrás dos bailes, talvez, atrás dos pagodes e sambas, daí, nós quisemos brincar com essa estética dela nos dias de hoje, e as costureiras amaram a ideia, e sempre com muito respeito”, explica o produtor Kdu dos Anjos.

Já a escolha do local para a realização do desfile foi feita antes do tema surgir, e, daí, veio a ideia de homenagear a artista. Isso porque o Museu da Moda está com uma exposição ativa dos looks, acessórios e itens que marcaram a carreira da cantora, intitulada “Clara Nunes – Eu Sou a Tal Mineira”. O FFW chegou como uma composição à curadoria da mostra.

O projeto do Centro Cultural Lá da Favelinha promoveu três dias de atividades gratuitas de moda, por meio de oficinas e do desfile, que fechou a programação, nesta sexta-feira. O Museu da Moda foi espaço para aulas de upcycling, bordado e Libras para a moda. Na festa de encerramento, o Favelinha Dance apresentou três números de dança com MTGs criadas com músicas de Clara Nunes.

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Classificação etária: Livre
Entrada: Gratuita

Andreza Miranda

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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