‘Distopia em Pindorama’ revela sabor ácido de Falso Morel

Trio mineiro estreia primeiro EP na cena underground (Clarice Guimarães/Divulgação)

Náuseas, envenenamento e risco de morte. Você consumiria algo que pode te fazer mal? A resposta mais óbvia vai de encontro ao recém-lançado EP de estreia da Falso Morel, banda mineira composta por Gabriel Pazini, Lucas Eufrosino e Daniel Pazini. No último dia 20, o trio deu à luz uma “Distopia em Pindorama”, já disponível nas principais plataformas de streaming.

Gravado no histórico Estúdio Mezanino, com produção de Paulo Koala, “Distopia em Pindorama” traz uma combinação eclética de sons modernos, com raízes no rock alternativo. As faixas propõem uma mistura original de elementos orientais com toques de Stoner, apimentadas com pitadas de um Punk nada datado.

Gabriel Pazini, compositor, vocalista e guitarrista do grupo, destaca o sabor ácido do trabalho devido ao caldeirão de influências onde mergulha a banda. “Tem um ‘bocado’ de Oasis, Stone Roses, aquela cena britânica dos anos 90 que ‘ressuscitou’ o Rock. Mas também, muita influência da MPB, principalmente na poesia”, aponta.

Distopia em Pindorama

Apesar de apresentar esse tal de som moderno, algumas músicas transmitem certa lisergia. Uma frequência capaz de alterar estados de consciência, manifestando no inconsciente dos ‘viajantes’ uma condição de integração entre indivíduo e universo.

“Nossas letras estão sempre querendo provocar uma reflexão, incitar esse processo de ‘viagem’. E aí surgiu essa ideia do cogumelo no nome da banda. Na região da Escandinávia tem um cogumelo chamado Falso Morel, que, se não for bem higienizado, consumido em doses altas, pode matar”, revela Pazini. “Assim como refletir sobre certos temas, né? Dependendo da dose, pode acabar fazendo mal”.

(Felipe Franco/Divulgação)

Voltamos, portanto, à questão do início. Você consumiria algo que pode te fazer mal? Por aqui, seguimos sem restrições na dieta.

Faixa a faixa

Compositor das letras, Pazini trabalha a escala árabe de sol maior na instrumental “Al imbiryalia taktol”, uma representação da mistura da influência oriental somada à pegada ocidental mais pesada.

“Onze Minutos” vem em sequência, inspirada na alarmante estatística de que a cada onze minutos uma mulher se torna vítima de abuso no Brasil. É o convite a um olhar atento à causa.

A “Síndrome do Impostor” é tema da terceira música do EP, apontando a crescente problemática na contemporaneidade, enquanto a quarta, “Rio em janeiro,” reflete sobre relacionamentos, distância, separação e empatia.

Fechando o compilado, “Distopia em Pindorama” é a canção que explora as origens do nome do Brasil antes da colonização, bem como o panorama atual da sociedade, oferecendo uma mensagem de esperança.

“O disco traz um processo que eu mesmo passei, de me entender. Daí vem essa mensagem de esperança. Eu acho que a gente pode ter se perdido para se encontrar. Errado tanto pra acertar. Espero que a gente tenha conseguido entender muita coisa do passado pra seguir em frente, e melhor”.

Torçamos pra que ele esteja certo. Ouça “Distopia em Pindorama” através deste link.

Edição: Lucas Negrisoli
Thiago Cândido[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais. Colunista no programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Estagiário do BHAZ desde setembro de 2023.

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