Conheça a história do Birosca S2, charmoso restaurante no Santê em BH

birosca s2
Birosca S2 é restaurante no Santa Tereza que mantém a arquitetura do bairro na década de 1960 (Divulgação/Daniel Iglesias)

Como tudo no Santa Tereza, o Birosca S2 é um cantinho pitoresco, aquela casa de vô pintada em um quadro. Os espaços na energia mágica do bairro quase sempre guardam um elemento surpresa, seja ele gastronômico ou cultural. No caso do Birosca, o elemento magnético é a comida mineira autoral e afetiva comandada pela chefe Bruna Martins.

Comemorando 10 anos, o Birosca BH é liderado, desde o início, por uma cozinheira de mão-cheia, que exerce a paixão desde criança.

O charmoso restaurante guarda não só a glória do reconhecimento pela crítica gastronômica mineira, mas, também, a luta para se estabelecer na cidade e dar espaço para as mulheres no meio.

História da Birosca

A história por trás da Birosca começou no curso de música que Bruna fazia na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Lá, a então estudante vendia sanduíches para pagar suas contas, da mesma forma que vendeu na escola para fazer sua própria renda e não depender dos pais.

Percebendo que o preparo dos sanduíches tomava muito de seu tempo, a dona do Birosca S2 viu em uma das disciplinas do curso de música, chamada “A Música de Milton Nascimento”, a oportunidade de unir suas duas paixões.

“Eu me interessei muito por tentar unir a música e a gastronomia de forma coerente porque os bares de BH com música ao vivo tinham uma comida muito simples”, diz Bruna Martins.

Imóvel do restaurante

Foi então que, numa visita ao bairro Santa Tereza, em meio aos estudos sobre a origem do Clube da Esquina, a chefe conheceu o local que se tornaria o Birosca S2. “Estava com um valor muito baixo porque, na verdade, era um barracão. Aí eu pedi ajuda dos meus pais para alugar”.

“A minha ideia era ajeitar a parte interior da casa, fazer uma reforma simples, chamar alguns amigos músicos para tocar e fazer jantares particulares. E aí, nessa história, quando a gente foi quebrar umas paredes, o espaço ficou muito maior do que eu imaginava”, lembra Bruna.

As coisas não saíram de acordo com o planejado pela chefe, porém, tomaram um rumo muito melhor. Após a inauguração do espaço, muitas pessoas apareceram na porta querendo comer no local. E o que era para ser algo exclusivo tornou-se um restaurante com operação convencional.

“Aí eu entendi que aquilo era uma missão, tudo o que eu planejava de ser uma coisa menorzinha e mais exclusiva acabou virando um restaurante mesmo”, declara Bruna.

Decoração ‘casa de vó’

Quem vai no Birosca BH dificilmente não se encanta pela decoração interna e externa do espaço. A casa guarda as características arquitetônicas da década de 1960 e tem elementos decorativos vintages, desde as louças usadas para servir os pratos até os detalhes dispostos nas paredes.

“Na época, eu não tinha quase nada de dinheiro e acabei optando por mobiliar o espaço com móveis de segunda mão, garimpos e tal. Então a casa ficou com essa carinha de casa de vó. Fiz reformas e depois peguei a casa ao lado para aumentar o espaço”, conta a dona do local.

“Ao longo dos anos fui estudando muito, fazendo um esforço para transformar o menu e tendo essa ambição de me tornar uma chefe mais conhecida”, diz Bruna. Veja fotos abaixo.

Participação no Mestre do Sabor

Em 2021, Bruna Martins recebeu o convite para participar do reality da Globo “Mestre do Sabor”. A participação da chefe serviu para alavancar o público da Birosca S2 após a fase complicada da pandemia.

“Durante o programa, eu fui bem, consegui ir até as etapas quase que finais e acabou que, pós-pandemia, isso foi muito importante, porque o cenário estava muito triste, as pessoas estavam sem dinheiro, a gente não tinha nenhuma perspectiva”, relembra.

“E aí foi uma forma de divulgar de novo o Birosca, que já existia há muitos anos, mas precisava de uma repaginada de marketing. E tudo isso foi muito importante para a gente retomar o funcionamento pós-pandemia” complementa Bruna.

Cozinha feminina

Um dos requisitos de Bruna para a cozinha do Birosca era que ela fosse composta somente por mulheres.

“Dentro dos estabelecimentos profissionais, as cozinheiras sempre foram pouco reconhecidas, e eu quis fazer uma cozinha totalmente feminina para dar mais protagonismo profissional para as mulheres e mais respeito, porque o ambiente de cozinha profissional é muito tóxico”, afirma.

‘Não tem nada de romantizado’

Embora reconheça que a Birosca BH tenha ganhado um lugar importante na gastronomia belo-horizontina e mineira, Bruna Martins diz que “não tem nada de romantizado nessa história”. A chefe chama a atenção para o tempo de trabalho que teve para ser reconhecida somente agora.

“São 10 anos como chefe para um trabalho muito suado e muito cansativo, para a gente estar começando a ser realmente reconhecido agora. Existem pessoas que têm uma facilidade para serem reconhecidas, a maioria são homens, em muito menos tempo de carreira”, declara.

“A Birosca é um restaurante que está lotado desde quando abriu, os clientes sempre aprovaram o restaurante. Essa crítica gastronômica esta começando a enxergar ela agora”. Recentemente, o estabelecimento saiu na lista dos 100 melhores restaurantes do Brasil.

“No momento está sendo excelente eu me sinto realmente feliz de perceber que as pessoas estão reconhecendo tanto trabalho que a gente tem, mas eu não deixo de ter um olhar crítico também, porque, de fato, demorou”, diz a chefe. “É maravilhoso, mas não deixa de ser uma luta”.

10 anos de Birosca

Neste ano, a casa completa 10 anos de existência. As comemorações começaram em novembro de 2022, com o lançamento das “Bodas de Fubá” da casa.

Durante duas noites, o público pôde degustar de um menu especial desenvolvido para a comemoração. O cardápio tem como protagonista o fubá, em homenagem à culinária mineira, e ainda está disponível na Birosca S2.

Segundo Bruna Martins, o menu degustação está previsto para voltar no próximo inverno.

Birosca S2 cardápio

De forma geral, o cardápio da Birosca S2 se propõe a homenagear a comida mineira com uma releitura dos alimentos e pratos tradicionais. “Eu sou uma chefe dessa nova geração que está trazendo a gastronomia mineira com um novo olhar”, diz Bruna.

“Então a gente entrega a tradição e a memória afetiva e também entrega uma gastronomia moderna e autoral”, afirma a chefe. O menu do restaurante é atualizado sazonalmente. Confira algumas das atuais opções:

Beliscos (serve duas a três pessoas):

  • Bolinho de Pirão de Rabada com maionese de agrião R$ 42
  • Broa de fubá com creme de milho, tartar de pupunha, requeijão de raspa e parmesão d’Alagoa R$ 42
  • Franguin à Passarin: tulipinhas de frango com goiabada fermentada e coalhada de fígado R$ 46
  • Pescaria: torresmo de peixe com coalhada temperada, tomatinhos da roça em sua água e lambari curado (possui opção vegetariana com mandiopan) R$ 42
  • Pimentinha: pimenta de cheiro recheada com porco e caramelo de pequi e maionese por cima (possui opção vegetariana com pirão de queijo) R$ 44

Entradas (serve duas a três pessoas):

  • Beringela à Napolitana: beringela ao forno com gremolata e creme de queijo fresco R$ 49
  • Bochecha de Porco: bochecha braseada com molho fresco de amendoim com ervas e pão com coalhada de cabra R$ 52
  • Empada Ribeirinha: tortinha crocante com pirão de cascudo e creme de limão com pimenta de cheiro R$ 42
  • Suã com Salada Caipira: braseado de suã com salada de mamão verde com tamarindo e torresmo R$ 52
  • Rosbife de carne de sol e pão de alho com fonduta de queijo: carne de sol curada, picles de abóbora e castanha baru R$ 52

Pratos principais individuais:

  • Empadãozinho de Pato feito com sobrecoxa confitada, creme de queijo azul e pêras ao vinho R$ 76
  • Galinhada Caldosa: arroz caldoso com galinha capiria, vegetais e verduras da roça, coraçãozinho e caldo de embutidos à parte (possui versão vegetariana com cogumelos, brócolis capiria e creme de castanha) R$ 68
  • Raviolone e Barriga: raviolone de creme de milho, gema e Parmesão d’Alagoa e barriga de porco assada R$ 78
  • Surubim Curado: filé de surunim com pamnha caseira, quiabos tostados e molho leve de iogurte R$ 76
  • Ossoboco com jiló e Canjiquinha: braseado de ossobuco com jiló desmanchado e canjiquinha cremosa com queijo de cabra R$ 74

Refeições para compartilhar (serve duas a três pessoas):

  • A famosa torta de camarão da casa com creme de abóbora catupiry e massa folheada R$ 159
  • Churrasco de Tucunaré defumado com azeite de picada do mato e tropeiro de dois feijões com farelo de broa, baru, couve e torresmo de peixe (possui versão vegetariana com churrasco de palmito punha) R$ 149
  • Cupim das Bodas: cupim de panela ao molho de café, mandioca gratinada com queijo da Serra do Salitre, farofa crocante com alho, banana à milanesa e conservas do mercado R$ 159
  • Surubim de Páscoa: surubim curado e confitado com azeitonas, cebolas, alho, batatas e vegetais da roça, ovos capirias, tudo regado à azeite (acompanha arroz com brócolis e amêndoas e farofa crocante) R$ 159

O cardápio também oferece sobremesas como canudinhos de coco queimado, bombom gelado e torntinha de chocolate branco. Bebidas sem álcool, cervejas, drinques e vinhos também estão no menu. Confira o cardápio completo aqui.

Birosca S2 fotos

Anota aí:

Endereço: Rua Silvianópolis, 483 – Santa Tereza
Horário de funcionamento: Quarta à sexta-feira: 18h às 23h | Sábado: 12h às 23h | Domingo: 12h às 16h
Reservas no WhatsApp: (31) 99957-7267

Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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