Matriz, Circus Rock Bar e outros: Relembre casas de shows que marcaram a cena roqueira de BH

11/07/2024 às 15h28
Professor da UFMG vê problema na falta de descentralização das atividades em BH (Reprodução/Instagram/Circus Rock Bar)

Em 2024, o Dia Mundial do Rock, celebrado neste sábado (13), vem em tom de nostalgia. Não só pela quarta edição do Prime Rock Brasil, que chega a BH com grandes artistas da geração oitentista, mas também pela remota lembrança dos múltiplos encontros nas casas de shows da capital mineira, em tempos passados. A saudade é tanta que o BHAZ resolveu relembrar alguns desses espaços que não existem mais, mas que agitaram as noites da juventude belo-horizontina de outrora.

Para tanto, o portal conversou com o professor e pesquisador da música Nísio Teixeira, do setor de Comunicação Social da UFMG. Como muitos, Nísio também frequentou alguns desses espaços, e afirma que é possível separá-los em três categorias: casas de shows de rock, bares que tocavam rock e, por último, casas de shows gerais, que eventualmente recebiam apresentações do gênero. Focaremos, então, nas duas primeiras. Bateu a deprê? Então já separe o lenço e confira!

Matriz

Debaixo do Edifício JK, residiu, por 21 anos, o Matriz, uma das mais simbólicas casas de rock de BH. Por lá, bandas de punk e metal dividiam o piso xadrez do “inferninho”, abraçados pelo público eufórico. Durante a pandemia de Covid-19, o estabelecimento teve de se reinventar como restaurante, mas não sustentou as finanças por muito tempo. Em março de 2020, o Matriz se juntou à Casa do Jornalista, formando a Casa Matriz.

Em maio de 2024, os proprietários no negócio anunciaram outra mudança: a troca de gerência, após 24 anos na ativa.  “Nossa vida é muito pesada. Já estamos na idade de dar um tempinho”, disse Edmundo Correa, gerente, ao BHAZ, na época. O empreendedor cultural Léo Moraes, que comanda a Autêntica, e um grupo de investidores assumiram o espaço.

Lord Pub

Inaugurado em 2005, o Lord Pub unia elementos medievais ao som do mais clássico rock’n’roll. Com dois andares, o bar abrigava palco, sinuca, telão e televisões no primeiro, e sushi bar e lounge no segundo. Todos os ambientes eram decorados com quadros e plotados por grandes ícones do rock, guitarras e artigos relacionados.

Com a pandemia de Covid-19, os proprietários do lugar passaram a conviver num clima de incertezas. “Passamos por crises anteriormente, que revertemos com trabalho. Mas um problema como esse, de ruptura total no faturamento e sem saber quando vai terminar, foi inédito. Não há como fazer planejamento”, disse Gustavo Jacob, sócio-proprietário do estabelecimento, ao BHAZ, em 2021. Pouco tempo depois, o bar fechou as portas.

(Circuito do Rock/Divulgação)

Bar Nacional

Sucesso nos anos 1990, o Bar Nacional funcionou entre 1994 e 1997 na avenida do Contorno, em BH. O local foi um dos responsáveis pelo nascimento da cena que revelou nomes como Jota Quest e Skank. A banda de Samuel Rosa, inclusive, homenageia o bar na música Garota Nacional, de 1996.

Stonehenge

Em 2021, a comunidade roqueira de Belo Horizonte sofreu um duro golpe. O Stonehenge Rock Bar, um dos verdadeiros redutos do gênero na capital, foi mais uma das vítimas da pandemia de Covid-19 entre as casas comerciais da cidade.

Considerado um dos bares do rock “raiz” em BH, foi fundado em 19 de novembro de 1999. Completou 21 anos em 2020, temporariamente fechado, e chegaria aos 22 anos em 2021.

No início, o bar tinha uma piscina bem no meio. Mas, com pequenos acidentes de pessoas pulando dentro, o dono decidiu pelo fechamento. E ainda existia o “inferninho”, um espaço que se transformou em estúdio de ensaio de bandas.

Stonehenge Rock Bar - BH em Detalhes

Circus Rock Bar

Inspirado no espetáculo The Rolling Stones: Rock and Roll Circus, o Circus Rock Bar agitou as noites belo-horizontinas com seu Picadeiro do Rock. Em dois andares, o espaço reunia mesa de sinuca, espaço lounge e sushi bar. Do mezanino, era possível ter uma vista do palco, que tinha o formato de um picadeiro.

Aliás, foi justamente o disco da banda inglesa que serviu de trilha sonora na última noite de rolê por lá. Ao som de “You Can’t Always Get What You Want”, dos Stones, músicos, seguidores, amigos e colaboradores se despediram do espaço em 2016.

Sobre os fechamentos

Segundo Nísio, os fechamentos em massa podem ter a ver, entre outras coisas, com a mudança de percepção do público e com a própria configuração imobiliária de BH. “A cidade experimenta uma reconfiguração urbana que aponta pra verticalização, né? A maioria desses lugares foram fechados e viraram prédios”, destaca o professor.

Ele também chama a atenção para o samba, que vai em sentido contrário ao do rock. Segundo Nísio, o estilo dos batuques aproveita bem o momento de descentralização cultural, e, por isso, vem ganhando vários espaços dedicados pela cidade. “Como gênero, o rock ficou um pouco para trás. Inclusive politicamente falando. No fio do censo, se formos pegar casas voltadas aos ritmos, o samba leva a disputa hoje. E com uma rede bem esparramada”, finaliza.

Apesar disso, o rock segue vivo em BH, e o BHAZ preparou agenda com shows especiais neste final de semana. Clique aqui e programe seu rolê.

Anota aí!

Classificação etária: Livre
Entrada: Gratuita

Thiago Cândido

Jornalista pela UFMG. Repórter no BHAZ desde 2023. Participou de reportagem vencedora do Prêmio CDL/BH de Jornalismo 2024.

Thiago Cândido

Email: [email protected]

Jornalista pela UFMG. Repórter no BHAZ desde 2023. Participou de reportagem vencedora do Prêmio CDL/BH de Jornalismo 2024.

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