‘Não vou tomar vacina’: Internautas dispensam imunização contra Covid-19 e especialista faz alerta

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O BHAZ conversou com um infectologista para descobrir se as vacinas contra a Covid-19 são seguras (Reprodução/@Matheus63764714/Twitter)

O novo coronavírus acompanhou a população mundial de forma trágica em 2020. Por conta disso, a sociedade vê na vacinação contra a Covid-19 uma esperança para que a vida volte minimamente ao normal de maneira mais segura. Entretanto, muitos são os que não confiam nas vacinas que passaram por aprovação dos órgãos de saúde públicos. Prova disso é a hashtag #NãoVouTomarVacina, que entrou nos assuntos mais comentados do Twitter nesta quinta-feira (17).

Algumas pessoas já comentavam sobre não quererem tomar a vacina contra a Covid-19, seja por medo ou por questões político-ideológicas. Esse movimento ganhou mais força, promovendo a hashtag por causa do julgamento que o STF abriu. Tal julgamento foi instaurado para decidir se a vacinação será obrigatória ou não. Isso causou revolta em alguns internautas, que se recusam a receber a imunização contra o coronavírus.

Perguntado sobre a questão da vacina contra a Covid-19 ser um experimento científico, o infectologista Leandro Curi afirma, ao BHAZ, que de fato é. “De fato a gente está com um momento muito recente das vacinas pra gente afirmar com categoria que é uma vacina que, há longo prazo, gerará imunidade”. Segundo ele, todas as vacinas que tomamos hoje em dia passaram por anos de estudo para comprovar a eficácia delas.

Porém, isso não desqualifica as vacinas que já foram testadas e aprovadas por órgãos de saúde nacionais e internacionais, até o momento. “A partir do momento que a Anvisa, a FDA ou qualquer outro órgão aprova a vacina quer dizer que ela passou por um rigoroso critério para ser aprovada”, explicou Leandro. O infectologista, que trabalha no Comitê de Combate ao Coronavírus de Ibirité, afirmou que o jeito certo de realizar a imunização é com a vacina.

Certeza da eficácia com o tempo

Leandro Curi disse que saberemos se a vacina contra a Covid-19 é eficaz daqui a alguns anos, e deu o exemplo da antitetânica. “A vacina de tétano a gente tem que tomar ela depois de dez anos porque os níveis de anticorpos dela vão caindo a cada dez danos. A gente só sabe isso porque estudamos a vacina há décadas”. De acordo com o profissional, sabe-se muito pouco sobre os imunizantes à Covid-19 por falta de tempo hábil para as pesquisas.

“O que não quer dizer que não é para tomar”, destacou Leandro Curi. O infectologista disse que se as vacinas foram aprovadas, é porque são seguras. “Não tem remédio, a profilaxia é a máscara e o distanciamento. Os números estão dando um salto e nossa esperança ficou na vacina. Quem fala que não vai ser cobaia conhece muito pouco de vacina. Então quando você sobe uma hashatag dessa você está sendo irresponsável”, apontou.

Muitos internautas afirmaram na hashtag que “estavam dentro” da não imunização. “Óbvio que não vou tomar. Dou um jeito mas essa vacina não vou tomar.”, postou uma pessoa. “Precisamos nos posicionar o quanto antes, caso contrário, seremos muito em breve uma China! #NaoVouTomarVacina“, disse uma mulher.

De acordo com Leandro Curi, esse movimento acaba vindo de uma parte da população que mais está insatisfeita com a situação pandêmica. “É uma população que já nega a ciência, a máscara, infelizmente às vezes já segue umas lideranças mais controversas. O negacionismo agora na pandemia está indo a favor do vírus, essas pessoas estão dando força pro vírus e são as que mais reclamam da situação do corona e que a economia está ruim”.

‘Sobra pra quem tem cérebro’

Em contraponto, várias pessoas começaram a fazer piadas e memes da hashtag, destacando que era um absurdo não querer a imunização. “É até melhor, sobra pra quem tem cérebro”, comentou um internauta. Confira outros tweets cômicos que acabaram surgindo:

Vacinas e saúde pública

Com algumas pessoas deixando de se imunizar, surge uma questão um tanto preocupante: o movimento pode atrapalhar a imunização coletiva? “Dependendo do tanto de pessoas que não se vacinarem e assumindo que a vacinação em massa vai gerar a imunidade de rebanho, sim. Mas tudo depende”, diz Leandro Curi. Ele também ressalta que é muito importante que as pessoas se informem sobre o processo de testagem das vacinas.

“Toda vacina para ser aprovada tem que passar pela fase pré-clínica, fase um, dois, três e quatro, e o estudo de dosagem e segurança primeiro é feito em animais, e a fase tardia é testada em humanos. Nenhuma vacina ou medicamento não foi testado em células de organismos [animais] antes de passar para aos seres humanos”, esclareceu Leandro.

Sobre a importância da vacinação contra a Covid-19, o infectologista deixou claro que as vacinas já contribuíram bastante para a saúde pública, e que é preciso crer nelas. “Eliminou a poliomielite, ela não existe mais no Brasil, eliminou a varíola, o sarampo voltou em 2018 por descuido vacinal, ela protege as crianças da meningite, da pneumonia, a rubéola em mães”.

“A vacina mudou o percurso da saúde pública mundial e se a gente está passando agora apor uma crise sanitária, a gente tem que crer, (…) incentivar o uso dela”, finalizou Leandro.

Edição: Roberth Costa
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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