[Coluna do Orion] Intervenção no Rio é saída honrosa de Temer contra derrota na reforma

Da esquerda para direita generais Braga Netto, Fernando e Villas Bôas

Oportunista ou necessária, a intervenção federal decretada pelo presidente Michel Temer é arma para disfarçar a falta de apoio político e iminente derrota em eventual votação da reforma da Previdência. Como já foi dito, a Constituição, em seu artigo 60, diz que, em casos de intervenção federal, estado de sítio e ou de guerra, não pode haver mudança na Constituição, nem mesmo discussão. O entendimento é de que deputados federais e senadores não teriam liberdade plena de voto.

Então, o assunto reforma da Previdência está fora da pauta. Primeiro, pela falta de apoio político; depois pelo impedimento constitucional derivado da medida extrema de intervenção. Para ser votada, a partir de agora, o governo teria que revogar a medida que tem validade desta sexta (16) até 31 de dezembro, até o fim do governo.

Oficialmente, a medida foi tomada para acabar com o grave comprometimento da ordem pública no Rio. Por meio dela, o governo do Rio está assumindo a falência de seu sistema de segurança pública, além de constatar que é impossível combater o tráfico de drogas e armas sem o auxílio federal. Claro que sim e confirma que as forças federais não estavam fazendo a parte delas, afinal, quem deveria cuidar das fronteiras e do combate ao tráfico de drogas e armas são as Forças Armadas e a Polícia Federal.

Ainda assim, é preciso aguardar pra ver. Tenho minhas dúvidas a respeito do sucesso, porque militares do Exército não foram treinados para fazer a segurança interna. Se fracassarem, a autoridade do Estado ficará em xeque. A intervenção deveria ser feita nos presídios, onde o crime organizado mantém seus escritórios, com telefone celular e outras regalias.

O presidente usou frases de efeito, em seu pronunciamento, para demonstrar autoridade. Mais uma jogada de marketing, porque, se der certo, imagina encontrar ambiente e apoio políticos para votar, então, quem sabe, a reforma da Previdência.

Aos cariocas, nossa solidariedade nesse momento difícil, que, com a intervenção, ficará ainda mais incerto.

Sindicato constrange deputados favoráveis à reforma

Outdoors constrangem deputados mineiros sobre a reforma da Previdência (Reprodução/SINDIFISCO/MG)

A falta de apoio político à reforma da Previdência ficou agravada ainda mais com o carnaval de protesto em Belo Horizonte e em todo o país. Aqui, em Minas, num gesto de ousadia, o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais (o Sindifisco-MG) lançou campanha no início do mês, e que foi incrementada durante o carnaval, contra a aprovação das mudanças. E o foco da campanha foram os deputados mineiros que são a favor e os indecisos.

A campanha espalhou outdoor pelas principais avenidas de Belo Horizonte e em pontos estratégicos do interior de Minas, com a foto de, pelo menos, 15 deputados federais que são a favor e dos que se dizem indecisos, alertando-os para os riscos de ficarem contra a maioria dos mineiros nessa matéria e de não serem reeleitos.

É claro que a campanha repercutiu bastante na população e irritou os parlamentares pela exposição desfavorável. Assessores desses deputados têm telefonado para o sindicato reclamando da inclusão de seus nomes na lista de indecisos ou de favoráveis divulgada na campanha (www.quemvotacontravoce.com.br). Pedem a exclusão. Outros protestam e exigem a retirada de seus nomes.

A campanha teve como princípio o placar, com a intenção de voto dos parlamentares, produzido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), em Brasília. Aos que reclamaram, o sindicato os convidou a gravar e enviar um vídeo com posição clara contra a reforma.

Durante o carnaval, o sindicato fez marchinha, que repercutiu em vários blocos da cidade, distribuiu leques e bottons alusivos à campanha e ainda assim sugeriu, provocativamente, a formação de um bloco caracterizado como o “Bloco dos ex-deputados”, em referência ao destino dos parlamentares que votarem a favor da reforma. As ações, claro, repercutiram nas redes sociais e muitos deputados, agora, ficaram constrangidos em defender a reforma.

 (*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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