Jovem é chamado de ‘preto sujo’ por colega de trabalho e perde o emprego após denunciar racismo

jovem relata racismo em supermercado que trabalhava
Após procurar a delegacia para registrar o caso de injúria, Douglas, a autora das falas e uma testemunha foram demitidos (Reprodução/TV Globo)

Um rapaz de 18 anos denuncia ter sofrido racismo por parte de uma ex-colega de trabalho, na última quinta-feira (12). O episódio ocorreu no supermercado em que os dois trabalhavam, em Santa Maria, no Distrito Federal. A mulher, que trabalhava como faxineira, teria chamado o jovem de “preto velho” e Saci Pererê” em conversa com outro colega. A Polícia Civil investiga o caso.

Em entrevista à Globo, José Ribamar, que presenciou as ofensas, disse que a funcionária havia o questionado: “E aquele preto sujo, não vem trabalhar hoje, não?”. Depois de dizer que não sabia, ele alega que a mulher ainda insistiu na fala preconceituosa. “Aquele Saci Pererê gostou do banho que eu dei nele semana passada?”, teria dito.

Douglas Ferreira Lustosa, vítima das ofensas, relatou à polícia que a mulher havia jogado um balde de água no pé dele na semana anterior, o que contextualiza a fala da ex-colega. Quando chegou ao trabalho, na quinta-feira, José o relatou o que a mulher havia falado e Douglas chegou a procurar a gerência do estabelecimento para que providências fossem tomadas, mas isso não aconteceu.

Supermercado demite os envolvidos

Douglas então registrou uma queixa na 20ª Delegacia de Polícia e a mulher acabou sendo presa, mas foi liberada após pagar fiança. Ela agora vai responder pelo crime em liberdade.

Depois que o episódio virou caso de polícia, tanto a vítima como a autora e a testemunha foram demitidas do estabelecimento. Em nota enviada ao Metrópoles, a gerência do supermercado disse que os três funcionários foram desligados “em virtude de redução de quadro por motivos da pandemia da Covid-19”.

“Dois colaboradores se desentenderam perante clientes e funcionários, tanto um, quanto outro, agredindo de forma recíproca, utilizando-se de palavras indecorosas, desmerecedora e até racistas”, diz ainda o comunicado.

José Ribamar, no entanto, alega que a demissão teve sim relação com o episódio de racismo. “Eles falaram: ‘estamos te mandando embora porque você foi testemunha do Douglas’, e não tem motivo para me mandar embora, eu não fiz nada de errado”, disse à TV Globo.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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