As investigações sob o caso de feminicídio de Lorenza de Pinho, esposa do promotor André Luis de Pinho, foram concluídas nesta sexta-feira (veja aqui) e apontaram que a mulher fazia tratamento para o transtorno de depressão e relatava problemas no relacionamento em cartas.
A equipe do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) explicou nesta sexta (30) que Lorenza fazia uso de medicamento psiquiátrico para tratar a doença, que segundo as investigações, foi agravada nos últimos meses. Conforme apontam as investigações, Lorenza foi assassinada pelo marido no dia 2 de abril após ser intoxicada e asfixiada por ele.
O homem confessou ter administrado doses excessivas de medicamento à a esposa antes de matá-la, além de ter oferecido mais de um litro de bebida alcoólica junto com a medicação, o que não é recomendado pela medicina.
“Um dos medicamentos encontrados no corpo [de Lorenza] estava com dosagem em 40mg de remédio em adesivo, sendo que a prescrição medica era de 10mg. Ela não tinha histórico de uso de alcóolico, a não ser o dia anterior à sua morte”, explica o procurador Marcos Paulo Miranda, um dos profissionais responsáveis pela investigação.
Sobrecarga emocional
A equipe do MPMG explicou que Lorenza estava fragilizada emocionalmente. A vítima se sentia cansada e passava muito tempo sozinha no quarto. “Eles tinham cinco filhos, e ela não conseguia mais exercer o ‘papel de mãe’ que ele esperava. Ela suspeitava que ele era infiel, passaram algumas dificuldades financeiras, e isso tudo foi uma crescente”, explica a promotora Gislaine Test Colet.
Já o delegado Alexandre Fonseca, chefe de investigação da Polícia Civil, explica que Lorenza relatava profunda tristeza, um dos sintomas de depressão, e que percebia o marido ‘distante. “Foi encontrada uma carta dela com tudo o que estava passando, falando sobre como ele tratava ela de forma indiferente. Há cinco meses o casal não tinha sequer relações íntimas, segundo fala na carta”, afirma o delegado.
Crime ficou evidente após necrópsia do IML
Ainda segundo os investigadores, o crime só foi descoberto porque as equipes da Polícia Civil identificaram de forma ágil que o corpo tinha várias marcas de violência. O laudo oficial veio do IML (Instituto Médico Legal), já que o primeiro atestado era falso e apontava que a vítima morreu por engasgo.
“A asfixia foi fruto de ação contundente na região cervical, e foi detectada por que os peritos encontraram hemorragia na região cervical durante vida da vítima anterior à sua morte. Segundo prova documental e testemunhal, o socorro médico só compareceu ao local quando Lorenza já estava morta. Fica nítido e claro que houve asfixia no pescoço. Esta é também, junto à intoxicação, a causa da morte de Lorenza”, explica o promotor Claudio Maia.
André Luís, autor do crime, foi denunciado nesta sexta-feira pelo assassinato da esposa. Os médicos responsáveis pelo atendimento de Lorenza no hospital ao qual ela foi encaminhada também foram denunciados – um deles, mais de uma vez.
Além da denúncia ao TJMG, a equipe responsável pelas investigações também suspendeu o sigilo de Justiça do caso. “O trabalho ocorreu com bastante dedicação e esforço conjunto com a PCMG. Tudo transcorreu com segurança e foi um trabalho regular, tudo muito bem registrado. Muitas ações foram filmadas. É um momento triste, porém é momento de nos colocar à disposição”, disse o delegado Joaquim Neto e Silva.