Maioria dos eleitores brasileiros votaria em um candidato gay para a Presidência, aponta pesquisa

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Maioria dos eleitores que votariam em um candidato LGBTQIA+ são mulheres (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Uma pesquisa aponta que 60% dos brasileiros votariam em um candidato gay à presidência do país, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Atlas, nesta quarta-feira (11). O levantamento mostra que 24% dos eleitores não considerariam eleger um candidato homossexual, e que as mulheres são mais progressistas do que os homens nessa escolha.

O El País Brasil divulgou a pesquisa do instituto, intitulada “Impacto da orientação sexual dos candidatos sobre a intenção de voto ― Posicionamento político do eleitorado LGBT”. Nela, os números sinalizaram que 60% dos eleitores votariam em um candidato assumidamente gay para a presidência da República.

Para os resultados da pesquisa, o instituto entrevistou 2.884 pessoas entre os dias 26 e 29 de julho, e o estudo tem margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Do total, 24% consideraram algo impensável votar em um candidato gay para a presidência, e os 17% restantes afirmaram não saber se votariam ou não.

Mulheres são mais progressistas

Na segmentação por gênero da pesquisa, as mulheres se mostram mais progressistas no que diz respeito ao apoio a políticos LGBTQIA+. Isso porque 69% delas afirmaram que votariam em um candidato gay, e apenas 19% disseram o contrário. Já os homens representam 50% dos votantes em representantes homossexuais, e 29% rejeitaram a possibilidade.

Por sua vez, o recorte por religião da pesquisa aponta que os evangélicos são os mais conservadores, uma vez que 42% deles afirmaram que não votariam em um candidato homossexual. Enquanto isso, apenas 17% dos católicos responderam que não escolheriam um político gay para assumir a presidência.

Quanto a outras religiões, 14% deram resposta negativa à proposta e 7% de agnósticos e ateus também afirmaram não votar em um candidato gay. Ante a isso, 76% dos que tem outras religiões elegeriam um homossexual, e 74% de agnósticos ou ateus. Quanto aos católicos, 66% deles elegeriam, e 38% de evangélicos.

Pessoas com baixa escolaridade desaprovam

No quesito escolaridade, 73% de pessoas que possuem ensino superior disseram que votariam em um homem gay, enquanto 60% com ensino médio e 51% com ensino fundamental afirmaram o mesmo. O inverso acontece entre os que negariam o voto a um homossexual: os que cursaram até o ensino fundamental totalizam 27%, os que tem o ensino médio 25% e aqueles que possuem o ensino superior formam minoria, sendo 16%.

A pesquisa do Instituto Atlas também questionou se o fato de um candidato ser assumidamente gay teria algum impacto para os eleitores. Para 67% dos entrevistados, isso não teria impacto algum em sua escolha, e para 24% o fato diminuiria a chance de votar nessa pessoa. Em contrapartida, 9% disseram que isso aumentaria a chance de escolha.

Entre os eleitores que se declaram homossexuais, o estudo mostra que 94% deles desaprovam o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), e 61% de heterossexuais também acham que o presidente não faz uma boa gestão. Os que aprovam correspondem a 37% de héteros e 6% de homossexuais.

Homossexuais são antibolsonaristas

Em relação a um possível impeachment do atual governante, 91% dos entrevistados LGBTQIA+ são a favor, ante a 54% de heterossexuais. Já entre os que são contra o afastamento de Bolsonaro, os homossexuais correspondem a 7%, e os héteros, a 42%.

Com tais resultados, o estudo mostra uma tendência antibolsonarista entre os eleitores homossexuais. A pesquisa também aponta que 63% deles tem Lula (PT) como candidato favorito para o primeiro turno das eleições presidenciais de 2022. Já entre os heterossexuais, o petista tem o apoio de 38% deles.

Jair Bolsonaro ganha o segundo lugar com o apoio de 37% dos héteros, e 6% dos gays. O candidato Ciro Gomes (PSB) tem o favoritismo de 7% dos homossexuais, e 6% dos heterossexuais, e João Doria (PSDB) de 6% e 3% desses grupos, respectivamente.

Baixo apoio a Eduardo Leite

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que recentemente se declarou gay, conta com o apoio de 4% dos homossexuais participantes da pesquisa, e 3% dos heterossexuais. O CEO do Instituto Atlas, Andrei Roman, disse que o baixo apoio da comunidade LGBTQIA+ com a candidatura de Eduardo pode ter relação com a falta de apoio do tucano às causas dessa bandeira.

“Isso indica que a população gay tem um pé atrás com relação a ele, porque ele não fez da defesa de direitos deste segmento da sociedade uma parte central de sua trajetória política”, apontou Andrei Roman.

Edição: Roberth Costa
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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