Mais 11 mulheres relatam ter sofrido abuso sexual de pastor preso em BH

viatura da pcmg
O homem de 38 anos foi preso na última terça-feira (8) enquanto saía da igreja que administra, no bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte (Amanda Dias/BHAZ)

Ao menos onze mulheres se manifestaram contra o pastor preso na última terça-feira (8), em Belo Horizonte, alegando que também sofreram abusos sexuais do líder religioso. Conforme a Polícia Civil, cinco vítimas já registraram denúncias contra ele e outras seis sinalizaram, pelas redes sociais, que também sofreram abusos.

Essas últimas devem procurar as autoridades para formalizar a denúncia nos próximos dias. Ao todo, são nove registros na Delegacia da Mulher: quatro antes da prisão do investigado e cinco depois.

O homem de 38 anos foi preso enquanto saía da igreja que administra, no bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte. Segundo as denúncias das primeiras vítimas, ele se aproveitava dos momentos de fragilidade das fiéis, que o procuravam em busca de auxílio espiritual.

 A delegada Carolina Bechelany acredita que a repercussão do caso incentivou as mulheres buscarem ajuda. “É exatamente essa divulgação dessas prisões que fortalecem e empoderam as vítimas desses crimes sexuais a procurarem a polícia”, disse, em entrevista coletiva nessa sexta-feira (11).

Ainda segundo a Polícia Civil, os novos relatos serão adicionados às investigações que já estão em andamento. “Outras informações serão repassadas em momento oportuno, para não atrapalhar os trabalhos investigativos”, explicou a corporação em nota (leia na íntegra abaixo).

Crime sexual

O crime de estupro é previsto no art. 213, e consiste em “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Mesmo que não exista a conjunção carnal, o criminoso pode ser condenado a uma pena de reclusão de seis a 10 anos.

O art. 217A prevê o crime de estupro de vulnerável, configurado quando a vítima tem menos de 14 anos ou, “por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”. A pena varia de 8 a 15 anos.

Já o crime de importunação sexual, que se tornou lei em 2018, e é caracterizado pela realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem sua anuência. O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, como ônibus e metrô. Antes, isso era considerado apenas uma contravenção penal, com pena de multa. Agora, quem praticá-lo poderá pegar de um a 5 anos de prisão.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima de qualquer tipo de violência de gênero ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:

Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher
av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190

Casa de Referência Tina Martins
r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221

Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher)
r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171

Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher
r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380

Aplicativo MG Mulher
Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Nota da Polícia Civil na íntegra

“A Polícia Civil de Minas Gerais informa que após a divulgação da prisão preventiva de um pastor em Belo Horizonte por abusos sexuais, outras 5 mulheres já registraram boletim de ocorrência. Existem ainda outras seis mulheres que, por meio das redes sociais, sinalizaram terem sofrido abusos e devem procurar a PCMG nós próximos dias. Ao total são 9 registros, 4 antes da prisão e 5 após.
A investigação está em andamento e outras informações serão repassadas em momento oportuno, para não atrapalhar os trabalhos investigativos”.

Com PCMG

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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