É falsa a informação de que houve morte por inalação de fumaça durante protestos em BH

Reprodução/Twitter + Reprodução/StreetView

NOTA DA REDAÇÃO: O BHAZ reconhece que a versão inicial divulgada pela Polícia Militar sobre o motivo da internação de Edi Alves Guimarães foi retificada pelo posicionamento do Hospital Risoleta Toletino Neves (HRTN), que afirmou, em trecho, que “os exames realizados não evidenciaram intoxicação por monóxido de carbono”. O portal retificou a informação nos materiais divulgados anteriormente ao comunicado do HRTN e reforça que, em momento algum, culpabilizou os movimentos pela fatalidade envolvendo Edi e nem mesmo, em qualquer outra ocasião, desqualificou ou criminalizou as mobilizações da Greve Geral.

Por Apubh, Sindifes, Sinpro-MG e Sindrede-BH*

Os movimentos em Defesa da Educação Pública, Gratuita e de Qualidade, integrados por sindicatos docentes e técnico-administrativos de instituições públicas e privadas, vêm a público lamentar profundamente o falecimento da trabalhadora Edi Alves Guimarães, de 53 anos, ocorrido no dia 14 de junho último, em decorrência de problemas cardíacos e neurológicos. Nos solidarizamos com os familiares da trabalhadora, principalmente com seus oito filhos, apresentando nosso respeito e pesar.

Como foi amplamente noticiado pela mídia mineira e nacional, a trabalhadora passou mal nas proximidades de uma manifestação contra a reforma da Previdência e contra os cortes na Educação propostos pelo atual governo. Diversos veículos de mídia, no entanto, prestaram o grande desserviço à população e deram um exemplo de péssimo e irresponsável jornalismo, quando tentaram colocar a culpa dessa fatalidade às manifestações contrárias à retirada de direitos, que ocorreram em Belo Horizonte.

Jornais impressos, emissoras de rádio e televisão, sites e blogs na internet informaram, sem qualquer investigação, perícia, laudo ou fonte técnica, que a Sra. Edi havia sido vítima de intoxicação devido à inalação de fumaça advinda da queima de pneus durante uma manifestação no início da manhã do dia 14/06. Essa associação entre a manifestação e a morte da trabalhadora foi frontalmente desmentida em nota oficial do Hospital Risoleta Toletino Neves (HRTN) na tarde dessa última terça-feira, 18/06. Esse hospital atendeu a trabalhadora, realizou exames e deu o tratamento e medicação para o quadro cardíaco e neurológico que ela apresentava. A nota do hospital negou que a inalação de fumaça da queima de pneus e a intoxicação a ela associada tivessem relação com o quadro apresentado pela paciente ou com seu óbito.

Em tempo de produção e disseminação de fake news, espera-se mais de veículos de comunicação dito sérios, que deveriam se pautar pela investigação e apuração dos casos noticiados. O que assistimos no episódio da morte da Sra. Edi, no entanto, foi a mídia se comportar como vetor de notícias falsas, carregadas de subjetividade e sensacionalismo, possivelmente, motivados pela busca de “likes” e comentários em suas matérias.

Parece-nos que essa estratégia está relacionada à necessidade de desqualificar e até mesmo criminalizar as mobilizações da Greve Geral, gerando visões distorcidas e negativas e jogando a opinião pública contra os manifestantes. Relaciona-se um fato isolado à luta contra a reforma da Previdência e aos cortes na Educação, pretendendo-se, com isto, criar uma narrativa que leve a população a ficar contra os movimentos que visam tão somente preservar direitos básicos do povo brasileiro.

O processo de mobilização da população, iniciado no dia 15 de maio, com a sua sequência nos dias 30 de maio e 14 de junho, levou, em Belo Horizonte, mais de meio milhão de pessoas às ruas, de forma pacífica e organizada. Nessas datas, aconteceram aulões em praça pública, intervenções políticas e artísticas, apresentações culturais, dentre outras atividades, de forma educativa, lúdica, pedagógica e coletiva. Tais ações, embora com a participação de milhares de pessoas, tiveram cobertura tímida da grande mídia, que sequer questionou os motivos que levaram a população a se manifestar. Os veículos se apequenaram, se limitando a comparar o número de participantes de manifestações pró e contra as pautas em debate no cenário nacional.

Por entender a importância de a comunicação pública estar à serviço da verdade dos fatos; da necessidade de a democracia ser respeitada com a garantia de seus pilares, inclusive o direito à livre manifestação, e tendo em vista ser criminosa a acusação aos movimentos sociais sem provas e sem direito à ampla defesa e ao contraditório, nós escrevemos esta nota para dar oportunidade de retratação aos veículos de comunicação envolvidos na criação da farsa da criminalização dos movimentos que foram às ruas no último 14 de junho, em dia de Greve Geral dos Estudantes e dos Trabalhadores e Trabalhadoras brasileiros.


* Apubh (Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco), Sindifes (Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino), Sinpro-MG (Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais) e Sindrede-BH (Sindicato dos Trabalhadores da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte).

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