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Estrutura urbana planejada favorece tempo de deslocamento para o trabalho em BH, avalia pesquisa

10/01/2025 às 12h58
BH é considerada a capital com o transporte público mais eficiente, tendo em vista deslocamento ao trabalho
A informação é resultado da pesquisa desenvolvida pelo Instituto Cidades Responsivas. (Letícia Vianna/BHAZ)

Belo Horizonte foi considerada a cidade com o transporte público mais eficiente comparada a outras oito cidades brasileiras, levando em conta o tempo de deslocamento diário entre a residência e o endereço dos locais que oferecem o maior número de oportunidades de trabalho aos moradores em um intervalo máximo de 45 minutos. De acordo com a pesquisa, desenvolvida pelo Instituto Cidades Responsivas, por meio do Indicador de Mobilidade Urbana, o dado é favorecido pela estrutura urbana planejada de BH, que cresceu entorno da Avenida do Contorno, a partir de um centro, o que diminui o percurso na cidade.

Segundo Guilherme Dalcin, cientista de dados do Instituto Cidades Responsivas, a pesquisa não avalia questões ligadas à qualidade dos ônibus, possíveis atrasos, funcionalidade das linhas e, até mesmo, medir o tempo que cada indivíduo precisa percorrer. “Geralmente, esse tipo de pesquisa é muito cara e poucas cidades contêm essas informações levantadas e detalhadas, porque é muito subjetivo. O nosso intuito é abordar a mobilidade pensando nas oportunidades que podem ser acessadas pela população, tendo em vista a organização das cidades”, explicou o pesquisador ao BHAZ.

A capital mineira foi analisada juntamente com São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Fortaleza e Porto Alegre. O indicador analisou o sistema de mobilidade das cidades com base na eficiência com que os domicílios estão conectados às vagas de trabalho existentes no próprio município e as cidades aos arredores.

Pensando nisso, quando o indicador está mais próximo de ‘1’ (a melhor taxa possível) significa que o número de casas equivale às oportunidade de trabalho formais em um prazo de até 45 minutos. BH tem o maior índice para o transporte público (0.36), seguida de Curitiba (0.26), São Paulo (0.23), Porto Alegre (0.23), Fortaleza (0.19), Florianópolis (0.19), Salvador (0.16) e Rio de Janeiro (0.13).

A análise também avaliou o tempo de deslocamento entre os municípios da região metropolitana, e o prazo de percurso de transporte individuais, como automóveis.

Entenda os índices

Para chegar nos índices, o instituto usou a localização dos domicílios, por meio de dados fornecidos pelo Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e dos empregos do mercado formal, indicados pelo Ministério do Trabalho. Assim, com base no tempo de deslocamento, indicados pelo Google e OpenStreetMap, o estudo conseguiu avaliar quantas oportunidades a pessoa conseguiria alcançar no intervalo de tempo estabelecido.

“Nós não avaliamos somente o número absoluto de oportunidades, porque cidades maiores, como São Paulo, sairiam em vantagem comparada às demais. Por isso, incluímos a quantidade de pessoas que vão concorrer a um trabalho específico naquela região”, contou Dalcin ao BHAZ. Ele também ressalta que os tempos de deslocamento foram analisados entre 6h30 e 8h dos dias úteis, e foram consideradas as opções mais rápidas. Além disso, o percurso entre os domicílios e as paradas de ônibus foram inseridas.

A escolha do prazo foi baseada no livro sobre acessibilidade urbana, ‘Ordem sem Design’, de Alain Bertaud. Na obra, o autor cita que, em cidades grandes, o trabalho é acessível em deslocamentos de até uma hora. Porém, o especialista do instituto optou por reduzir 15 minutos, já que as previsões pareciam ‘otimistas’.

BH teria melhor estrutura urbana

Para o cientista de dados, o que coloca Belo Horizonte a frente das demais capitais é a estrutura urbana. “Assim como Curitiba, BH é uma cidade radial. Ela cresce em algo próximo a um círculo, a partir de um centro e, pensando nisso, o percurso na cidade é menor. Além disso, não há barreiras geográficas que impedem o deslocamento e crescimento de densidades próximas à região central. Diferente de Florianópolis, por exemplo, que tem vários morros, ou o Rio de Janeiro que tem pontos de distância de até 40 km.”, explicou.

Questionado se linhas como o Move contribuiriam para o encurtamento do prazo, Guilherme pondera que este é outro fator curioso. “Criar essa conexão imediata entre o centro e a periferia (bordas da cidade) é importante, porque um dos problemas dessa proximidade de empregos é transportar essa população que geralmente necessita da mobilidade pública. Por isso, essas linhas mais rápidas contribui para essa aproximação”, conta.

O pesquisador ressalta que, para os centros urbanos alcançarem melhores índices, é fundamental repensar as densidades populacionais no plano diretor da cidade e as permissões de ocupação para cada região da cidade. Esse ajuste permitiria, de forma mais eficiente, que mais pessoas residissem nas áreas com maior concentração de empregos ou incentivaria a criação de novos postos de trabalho nas regiões com maior densidade populacional.

“Como a gente lida com planejamento urbano no instituto, vemos essa solução para aproximar as pessoas do local de trabalho, sem precisar mexer diretamente na infraestrutura de transporte. O segundo passo seria a melhoria da mobilidade pública, como ônibus e metrô, justamente ‘correndo atrás’ das ineficiências que o plano diretor não conseguiu dar conta. Assim, conectando, de forma eficaz, as zonas mais afastadas dos centros urbanos”, finalizou.

Ana Magalhães

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e do programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Estagiária do BHAZ desde agosto de 2024.
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Ana Magalhães

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Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e do programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Estagiária do BHAZ desde agosto de 2024.

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