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‘Amável, sonhadora e alegre’, descreve família de jovem morta pelo ex-namorado

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(Arquivo pessoal)

“Amável, exemplar e cristã”. É assim que amigos e parentes descrevem Vitória Alves Silva, morta aos 22 anos pelo ex-companheiro na tarde dessa quarta-feira (7) em Belo Horizonte. Em conversa com o BHAZ, uma familiar que preferiu não se identificar, disse que a morte é uma tragédia que vai deixar um vazio.

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“Ela era uma pessoa muito amável, exemplar, cristã. Nasceu e cresceu dentro da igreja. Já foi professora de crianças, e as crianças eram atraídas por ela de tão doce que ela era”, disse. A jovem também era atleta de vôlei e jogou no Minas Tênis Clube.

Vitória foi atacada pelo ex-noivo no fim da tarde de ontem na Avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha, em BH. Após o crime, Wallef César Oliveira Gonçalves fugiu e teria tentado se esconder nas proximidades da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas foi preso. Ele passa por audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (8).

“É horrível, uma menina tão nova, sonhadora, amada. A gente via no olhar dela a alegria. É um sentimento de vazio, porque todo natal e ano novo a gente estava juntos, e agora não sei como vamos fazer. Ela era muito amada por nós”, conta.

Vitória Alves estava terminando o curso de Investigação e Perícia Criminal e tinha planos de se casar com Wallef. Segundo familiares, os dois iriam casar ainda este ano e estavam com a viagem de lua de mel comprada. Porém, Vitória decidiu terminar o relacionamento no último sábado (3) quando percebeu que o noivo tinha problemas com álcool. Ele não aceitou o fim da união.

“Ela estava empolgada com o casamento, ela queria se casar. Só que a gente da família percebia alguns sinais. Ela se afastou da gente em alguns momentos. Ela sempre foi muito família, mas em alguns eventos deixava de ir por causa dele”, relata a familiar.

Velório ocorre nesta sexta-feira

Para a familiar, Vitória vai deixar um vazio na vida de todos os que a conheceram. “Ela ajudava muito a mãe e a irmã. É uma perda muito grande, porque ela não media esforços para ajudar a gente”, diz.

O corpo de Vitória será velado amanhã a partir das 6h em um cemitério da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O crime

Segundo a Polícia Militar, o crime foi premeditado. Vitória estava no ponto de ônibus, indo para faculdade quando foi abordada pelo ex. Imagens de um circuito de segurança registraram o momento em que os dois conversavam em pé, na calçada da avenida, quando Wallef pega uma faca no bolso do casaco e ataca Vitória. A jovem cai no chão, o assassino sobe na moto e foge.

Uma ambulância particular passava pelo local no momento do crime e um médico teria prestado socorro, mas a vítima não resistiu. A polícia montou uma operação para prender Wallef César, que confessou o crime,

A moto foi apreendida e levada para o pátio do Detran. O suspeito não tem antecedentes criminais e a documentação da moto estava em dia. O crime será investigado como feminicidio.

Nessa quarta-feira (7), a lei Maria da Penha completou 18 anos.

Lei Maria da Penha

O principal dispositivo legal que atua em prol das mulheres no Brasil é a Lei Maria da Penha, que considera as cinco principais formas de violência: física, moral, psicológica, patrimonial e sexual (leia mais aqui).

Um exemplo recorrente, mas pouco debatido, é a violência psicológica, que só foi tipificada como crime em março do ano passado. Outra raramente comentada é a patrimonial, que serve de pano de fundo para, praticamente, todas as demais. No final das contas, é importante compreender que uma mulher pode ser agredida física, mental e moralmente.

A Lei 14.132/2021 inseriu no Código Penal o artigo 147-B, que classifica a violência psicológica como “causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação”.

A pena prevista para quem pratica a violência psicológica é de seis meses a dois anos de reclusão, além de multa. Alguns exemplos, segundo a delegada Luciana, incluem monitorar o celular da vítima e reduzir o contato social dela.

Confira abaixo a definição de cada forma de violência:

Física: “qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal”;

Sexual: “qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos”;

Patrimonial: “qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades”. Um exemplo é quando o responsável legal, que detém os recursos financeiros, deixa de pagar pensão alimentícia para a mulher;

Moral: “qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria”. Por exemplo, acusar a mulher de traição ou rebaixá-la por meio de xingamentos.

A Lei Maria da Penha atua em conformidade com a Constituição Federal, além dos tratados internacionais ratificados pelo Estado brasileiro. Além de promover o combate à violência, o código estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Isabella Guasti

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.
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