Ato antifascista e antirracista reúne torcidas de Atlético e Cruzeiro em BH: ‘Ditadura nunca mais’

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“Nenhum passo atrás, ditadura nunca mais”, gritam manifestantes (Amanda Dias/BHAZ)

Atos antifascista e antirracista tomaram a região Central de Belo Horizonte na tarde deste domingo (7). Centenas de manifestantes se concentram na avenida Afonso Pena para lutar pela democracia, justiça social e pelo fim da violência contra pessoas negras. A ação reuniu até mesmo torcidas dos rivais Atlético e Cruzeiro, evidenciando que a rivalidade fica em segundo plano quando o tema é democracia.

Entre gritos de ordem, uma cena comoveu os participantes. A multidão parou em um trecho da Afonso Pena, nas proximidades do Parque Municipal, para reforçar a luta contra o fascismo. “Vamos fazer 1 minuto de silêncio pela memória aos que combateram a ditadura ontem e hoje”.

“Viemos às ruas para poder afastar, recuar as forças fascistas que estão se instaurando no Brasil inteiro e aqui em BH também. A gente percebeu que em BH começou essa crescente recentemente. Parece que se aproveitaram da pandemia e começaram com carreatas, com atos antidemocráticos, pedindo fechamento de Congresso, de STF… Isso não pode ser permitido”, afirmou Rafael Santos, do coletivo Somos Democracia BH.

“Nenhum passo atrás, ditadura nunca mais” e “Fora, Bolsonaro” foram outros gritos que entoaram o movimento, que se encontrou com outros grupos às 15h, na Praça Sete, e, em seguida, rumou em direção à Praça da Liberdade.

Sobre o risco de sair às ruas e formas aglomerações mesmo em meio à pandemia, o presidente nacional da unidade popular, Leonardo Péricles, gravou um vídeo defendendo seu ponto de vista. Sou negro, morador de periferia e vou dizer porque vou às ruas no domingo.

“Enfrentamos uma pandemia sem governo, sem condições básicas para que a maioria de nós, trabalhadores, faça quarentena. Quem mais sofre com isso é nosso povo negro, maioria da classe trabalhadora do Brasil. Estamos sendo jogados à morte”, afirmou.

“Até para que o risco que [esses trabalhadores] correm seja menor, há a necessidade sim da gente ir às ruas. Tem risco? Tem. Mas podemos ser explorados no shoppings, nas ruas, nas casas das patroas que deixam nossos meninos caírem do 9º andar, nos hospitais trabalhando sem EPI adequado. Mas não podemos ir às manifestações com a devida proteção para justamente derrotar esse governo de fascista que é o maior obstáculo para que a quarentena seja possível?”, complementou.

Atos

Com o avanço dos protestos antirracistas em todo o mundo, manifestantes de Belo Horizonte aproveitaram a oportunidade para reivindicar mudanças. Ao menos dois movimentos se reuniram na região Central da cidade com o mesmo mote: fim da violência do Estado contra pessoas negras e a manutenção e valorização da democracia.

Por volta das 11h, o coletivo Antifa BH se reuniu na Praça da Bandeira para descer em direção à Praça Sete, onde, por volta das 15h, se encontrou com a ação intitulada de “Vidas pretas importam”.

Os representantes de um dos movimentos que tomaram as ruas no domingo defenderam que a manifestação é um ato contra a violência da polícia nas favelas:

“Violência essa que é historicamente direcionada ao nosso povo preto. Contra o estado genocida que cumpre seu plano cruel de ceifar a vida de pessoas pretas, contra todos os dedos que apertaram os gatilhos que tiraram as vidas de nossos irmãos e irmãs”.

Cuidados

Apesar da necessidade de reivindicar mudanças sociais, os organizadores dos dois atos reconheceram que se tratava de um momento delicado para promover aglomerações nas ruas. Por isso, pediram que todos os manifestantes tomem os cuidados básicos para evitar a contaminação pelo coronavírus, como o uso de máscaras e de álcool em gel.

Além disso, eles pediram que quem convive com pessoas do grupo de risco evite ir às ruas e recomendaram o mesmo para aqueles que estiverem com qualquer sintoma da doença. A essas pessoas, a orientação foi que se manifestem de dentro de suas casas, por meio de cartazes, panelaços e demais atividades sonoras.

E os organizadores também alertaram para outros cuidados: “Leve seu cartaz, use roupas de cor neutra ou pretas, cubra tatuagens, prenda o cabelo, use a sua voz, tenha força”.

Movimento Vidas Pretas Importam

Onde? Concentração na Praça Sete – Saída em direção à Praça da Bandeira

Quando? Domingo, 7 de junho, às 15h

Mais informações? Acesse aqui

Movimento Antifa BH

Onde? Concentração na Praça da Bandeira – Saída em direção à Praça Sete (onde se junta ao “Vidas pretas importam”)

Quando? Domingo, 7 de junho, às 11h

Mais informações? Acesse aqui

Amanda Dias[email protected]

Fotógrafa e videomaker no portal BHAZ desde 2019. Formada em Cinema e Audiovisual no Centro Universitário Una.

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