Baianas repete gesto tradicional e comove BH: ‘Ozadia é ficar em casa’

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Tradicional gesto, repetido nesta segunda, emocionou foliões (Reprodução/baianasozadas/Instagram)

O coração sensibilizado do folião belo-horizontino recebeu outra dose de alento nesta segunda-feira (15) – que seria – de Carnaval. O bloco que sai às segundas e se caracterizou como o maior da festa da capital mineira, o Baianas Ozadas, resolveu dar um tempero pra lá de saboroso para os carnavalescos: repetiu o tradicional gesto de lavar a escadaria de São José, na avenida Afonso Pena, no Centro.

O ato simbólico se repete todos os anos e faz menção a uma das maiores festas populares da Bahia, quando fiéis lavam as escadas da Igreja do Bonfim em Salvador. “Pelo bem da cidade. Ozadia em sintonia, fé e esperança para que tenhamos muitos futuros Carnavais com alegria”, escreveu o perfil oficial o bloco no Instagram.

Além do gesto de lavar a escadaria e uma faixa com os dizeres “Hoje a ozadia é ficar em casa”, uma criança soltou uma pomba da paz para, na sequência, um percussionista repetir refrãos da música Andar Com Fé, de Gilberto Gil. “Andá com fé eu vou / Que a fé não costuma faiá”, cantou, ainda na manhã desta segunda cinzenta, sem o tradicional Carnaval, suspenso pela pandemia do novo coronavírus.

‘Energia boa’

O vídeo nem bem foi publicado e já choveram comentários dos saudosos foliões, comovidos pelo difícil momento atravessado pela humanidade. “Parabéns pela iniciativa, nesse momento tão difícil!???”, afirmou Denise Ribeiro. “Energia boa! Vamos com fé…????????️”, escreveu Kélvio Luís.

Outras mensagens seguiram a proposta do gesto do Baianas Ozadas: “Meu coração está cheio de amor!!! Asé??✨”; “Emocionante!?❤️”; “Que lindo muito axé pra nós ????❤️”; Lindo demais… Ano que vem faremos hááá festa merecida….”; “Parabéns! Emocionada aqui” foram alguns comentários.

Quer ter mais uma dose de energia gostosa? Clique aqui para relembrar imagens do desfile da Baianas Ozadas em 2020; aqui em 2019, aqui em 2018 e aqui em 2017.

Então, Brilha

No sábado (13), o Então Brilha já tinha mexido com a saudade do folião belo-horizontino. O tradicional bloco que aparece junto com o raiar do sol aos sábados de Carnaval promoveu ações por BH: pontualmente às 5h30 da manhã, a cidade recebeu o tradicional foguetório e várias outras intervenções para não deixar o momento tão querido passar em branco.

Os fogos de artifício começaram antes mesmo de o dia clarear por completo e a ação foi transmitida ao vivo nas redes sociais. Além disso, o Então, Brilha também estendeu faixas em pontos que fazem parte do trajeto do bloco. Em uma das passarelas sobre a avenida do Contorno, a frase “Gente é pra brilhar” apareceu em uma faixa preta, estendida ao som do hino do bloco e com muito glitter e fumaça rosa e amarela.

Abalo emocional

O sentimento é compartilhado por milhões de pessoas em todo o país e vai muito além de apenas saudade de uma festa. Sem a tradição pela primeira vez na história da celebração, muitos dos foliões perdem não só um evento pelo qual têm carinho, mas também uma válvula de escape que ajuda a impulsionar o emocional para enfrentar o início do ano – o que seria muito bem-vindo após um 2020 de tantos desafios.

“Não poder contar com essa válvula de escape, exatamente quando as tensões se intensificam devido à pandemia, pode aumentar os sentimentos depressivos, a ansiedade e a frustração”, explicou a mestre em psicologia positiva, Flora Victória, ao Metrópoles. Segundo ela, o cancelamento da festa afeta não só quem gosta de seguir os blocos na rua, mas todos que já se acostumaram à data com mudanças: “O cancelamento acentua a quebra de normalidade que estamos vivendo”.

Reconhecer esses impactos emocionais não significa que a festa deveria ser realizada este ano. Muito pelo contrário: evitar aglomerações é uma das formas mais eficazes de frear a transmissão do coronavírus e uma ação tão importante que os próprios blocos fizeram questão de salientar, como foi o caso do Então, Brilha. Mesmo assim, assimilar essa mudança não é tão fácil.. “O conhecimento dos riscos não impede as pessoas de se sentirem deprimidas”, pontuou Flora.

Thiago Ricci[email protected]

Editor-executivo do BHAZ desde agosto de 2018, cargo ocupado também entre 2016 e 2017. Jornalista pós-graduado em Jornalismo Investigativo, pela Abraji/ESPM. Editor-chefe do SouBH entre 2017 e 2018; correspondente do jornal O Globo em Minas Gerais, entre 2014 e 2015, durante as eleições presidenciais; com passagens pelos jornais Hoje em Dia e Metro, TVs Record e Band, além da rádio UFMG Educativa, portal Terra e ONG Oficina de Imagens. Teve reportagens agraciadas pelos prêmios CDL, Délio Rocha, Adep-MG e Sindibel.

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