Um grupo de manifestantes da Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade) foi atacado nessa quinta-feira (18) enquanto panfletava sobre o ato “Fora Bolsonaro Racista”, marcado para ocorrer neste sábado (20). Na ocasião, cerca de 15 integrantes do movimento social distribuíam os anúncios na estação Lagoinha, no Centro de Belo Horizonte, quando um homem apareceu no intuito de espalhar os papéis.
“A gente estava aqui no metrô da Lagoinha, até então com uma receptividade ótima, aí um rapaz veio e tentou pegar da minha mão os panfletos. Na hora eu achei que era brincadeira e falei ‘Uai, pode levar então e me ajudar a panfletar’. Ai ele começou a gritar ‘Bolsonaro 2022’ e coisas do tipo e começou a me puxar pra jogar os panfletos fora”, conta o presidente da Unegro, Alexandre Braga, ao BHAZ.
“Nisso, um dos meninos tentou filmar pra gente descobrir quem era, mas ele conseguiu agarrar o menino, que é bem ‘magrinho’, e bateu nele, deu um chute, deu um soco no braço e ficou bem marcado, quase que quebra o braço dele”, acrescenta o militante.
‘Seus bando de viado’
O rapaz que foi agredido pelo homem enquanto tentava filmá-lo é Gabriel Filadelphio, de 19 anos. Ele conta que o celular ficou completamente destruído e que, por isso, ele ainda não conseguiu salvar o vídeo do agressor.
“Ele apertou o aparelho com tanta força que trincou a tela. Agora nem estou conseguindo mexer nele. O homem deu vários socos no meu braço direito. O telefone está vibrando e recebendo chamadas, porém não consigo fazer nada. Vou ter que arrumar a tela para poder ver o vídeo”, relata o jovem ao BHAZ.
Ainda de acordo com Gabriel, antes de fugir, o homem ainda os ofendeu com xingamentos de cunho homofóbico e reafirmou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Seus bando de ‘viado’. Aqui é Bolsonaro 2022”, teria dito o agressor.
‘Ataque à democracia’
Apesar de ferido, Gabriel disse que não precisou procurar o hospital. Ele e os demais manifestantes logo foram procurar a polícia para registrar uma ocorrência contra o homem.
“A intolerância, a agressão e a violência que sofremos é um tipo de violência política que não deve acontecer. O Brasil é um país democrático e a liberdade de expressão é garantida. Aquilo que ocorreu ontem foi um ataque à democracia e à constituição”, pondera.
Nesta sexta-feira (18), o movimento “Quilombo Raça e Classe” prestou solidariedade à Unegro, por meio de nota. “É mais um tipo de de violência que traduz a política racista genocida implementada pelo governo Bolsonaro e seus seguidores contra o povo pobre e preto”, disse.
Em nota enviada ao BHAZ, a Polícia Civil de Minas Gerais disse que já assumiu a investigação dos fatos e que, até o momento, o homem não foi detido.