Brumadinho: Três vítimas seguem desaparecidas, 16 pessoas físicas e duas jurídicas viram rés após 4 anos

vítimas ainda desaparecidas Brumadinho
Nathália de Oliveira Porto de Araújo, Tiago Tadeu da Silva e Maria de Lourdes da Costa Bueno seguem desaparecidos (Reprodução/Redes sociais)

A Polícia Civil de Minas Gerais concedeu coletiva de imprensa, nesta terça-feira (24), para falar do andamento dos trabalhos após quatro anos do rompimento da barragem em Brumadinho. No total, 267 vítimas já foram identificadas, faltando ainda três.

Durante esses quatro anos, completos amanhã (25), 400 servidores estiveram presentes atuando no caso. Mais de 200 pessoas foram ouvidas, e a Justiça Federal aceitou a denúncia oferecida pelo MPF (Ministério Público Federal), resultando no indiciamento de 16 pessoas físicas (veja abaixo) e duas jurídicas (Vale e Tüv Süd).

A Barragem do Córrego do Feijão, da Vale, rompeu no dia 25 de janeiro de 2019. Foram 270 mortos, sendo que duas pessoas estavam grávidas. Três seguem desaparecidas, são elas: Nathália de Oliveira Porto de Araújo e Tiago Tadeu da Silva, ambos funcionários da Vale, e Maria de Lourdes da Costa Bueno, uma turista estava próxima da região no momento da tragédia.

Polícia Civil segue com trabalhos

O delegado Luiz Otávio Paulon, um dos responsáveis pelo inquérito de Brumadinho, disse que, em termos de investigação criminal em Minas Gerais, a Polícia Civil entregou “o melhor resultado possível”. “Concluímos a investigação em praticamente um ano e, em decorrência da complexidade dos fatos, pela quantidade de vítimas, a Polícia Civil como um todo foi mobilizada”.

Paulon reforça que, assim como os bombeiros, a Polícia Civil também continua com os trabalhos, principalmente pelo IML na identificação de fragmentos corpóreos. “Foi um trabalho muito complexo. Mais de 5 terabytes de material digital sendo analisados e dezenas de aparelhos eletrônicos periciados. A investigação foi bem sucedida, a medida que, o Ministério Público chancelou. A denúncia do MP foi semelhante ao nosso indiciamento”.

Mais de mil segmentos analisados

De acordo com a médica-legista Naray Jesimar, diretora do Instituto Médico-Legal Dr. André Roquette (IMLAR), mais de mil segmentos humanos foram analisados.

“No inicio havia uma esperança grande para o IML ser acionado apenas por lesões corporais, não imaginávamos tantas mortes. O índice de identificação é o maior do mundo em termos de resgate e quantidade. A maior parte foi feita em 2019 e 2020. Temos alguns exames aguardando identificação, ao todo recuperamos 1004 segmentos. Desses, 267 foram identificados. Outros 400 segmentos foram reindentificados e 36 estão sob analise”.

Ainda segundo a profissional, cerca de 60% da área atingida já foi vasculhada pelo Corpo de Bombeiros. Espera-se que as três joias restantes estejam em outros locais, com o desafio cada vez maior. “Grande parte da lama foi devolvida e eles não foram encontrados. Quanto mais o tempo passa, mais difícil fica. No início das buscas era comum encontrar pedaços de corpos. Agora, são outros fragmentos que complicam ainda mais nas análises”.

Homenagens

Naray aproveitou o momento para homenagear as vítima da tragédia, ressaltando as que ainda não foram encontradas. “Que nós possamos restituí-las às famílias o mais rapidamente possível, para conseguirmos fechar o ciclo de luto. É um luto individual, para cada família, e coletivo, envolvendo toda uma comunidade”.

“Hoje faltam: Nathália de Oliveira Porto de Araújo, nós prestamos nossa homenagem à tia que a criou, dona Maria Joana da Cruz que, ao que tudo consta, até hoje aguarda a Nathália voltar do trabalho. Maria de Lourdes da Costa Bueno também está faltando ser encontrada, estava em uma pousada, e prestamos nossas homenagens a Patrícia Moreira, filha dela”.

“E o Tiago Tadeu da Silva, prestamos homenagens aos pais Lúcia e Arnaldo, e a viúva, Daisy Laura. Na verdade, nas pessoas desses três indivíduos, nós queremos prestar uma homenagem a todas as vítimas”, completa.

Réus (pessoas físicas)

  1. FÁBIO SCHVARTSMAN (então Diretor-Presidente da VALE);
  2. SILMAR MAGALHÃES SILVA (Diretor da VALE);
  3. LÚCIO FLAVIO GALLON CAVALLI (Diretor da VALE);
  4. JOAQUIM PEDRO DE TOLEDO (Gerente executivo da VALE);
  5. ALEXANDRE DE PAULA CAMPANHA (Gerente executivo da VALE);
  6. RENZO ALBIERI GUIMARÃES DE CARVALHO (Gerente da VALE);
  7. MARILENE CHRISTINA OLIVEIRA LOPES DE ASSIS ARAÚJO (Gerente da VALE);
  8. CÉSAR AUGUSTO PAULINO GRANDCHAMP (Geólogo especialista da VALE);
  9. CRISTINA HELOÍZA DA SILVA MALHEIROS (Engenheira da VALE);
  10. WASHINGTON PIRETE DA SILVA (Engenheiro especialista da VALE);
  11. FELIPE FIGUEIREDO ROCHA (Engenheiro da VALE);
  12. CHRIS-PETER MEIER (Gerente da TÜV SÜD no Brasil; na Alemanha Gestor);
  13. ARSÊNIO NEGRO JUNIOR (Consultor técnico da TÜV SÜD);
  14. ANDRÉ JUM YASSUDA (Consultor técnico da TÜV SÜD);
  15. MAKOTO NAMBA (Coordenador da TÜV SÜD);
  16. MARLÍSIO OLIVEIRA CECÍLIO JÚNIOR (Especialista da TÜV SÜD).
Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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