‘Esperamos mais transparência’, diz advogada de candidata negra que alegou irregularidades em concurso da UFMG

10/07/2024 às 18h29 - Atualizado em 11/07/2024 às 11h18
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Candidata negra alegou irregularidades em concurso da UFMG (Amanda Dias/BHAZ)

Uma candidata negra de um concurso da UFMG (Universidade Federal de Minas GeraiS) acionou a Justiça para tentar anular o processo seletivo. De acordo com a advogada de Giselle Magalhães, Isabela Corby, o edital previa que a vaga seria preferencialmente destinada a pessoas negras.

“Apesar de não ser uma vaga exclusiva, a minha cliente, mesmo com o melhor currículo da segunda fase, não passou. Além disso, ela relatou uma série de irregularidades que põem em dúvida a legitimidade do concurso”, explica Isabela.

A principal questão levantada pela advogada foi a decisão de realizar a prova oral de forma online, sem que isso estivesse previsto no edital. “Apenas os membros da banca poderiam estar online, mas não havia previsão de que os candidatos estariam online. Portanto, se não há previsão expressa, o concurso deve ser presencial”, destaca. Segundo ela, a mudança não comunicada foi ilegal e prejudicial ao processo.

Além disso, a prova oral online permitiu que os candidatos assistissem à avaliação dos outros, o que é contra as regras de sigilo do processo. “Todos os candidatos deveriam estar em uma sala online, conectados ao mesmo tempo, mas isso não ocorreu. O link da prova foi enviado para todos, permitindo que um candidato assistisse à avaliação do outro”, detalha Isabela. Ela também mencionou que os candidatos entregaram seus roteiros de apresentação em momentos diferentes, dando mais tempo de preparação ao último candidato.

UFMG vai refazer etapa do concurso

A UFMG reconheceu os descumprimentos e decidiu refazer a etapa do concurso. No entanto, para Isabela e a cliente dela, o certo seria refazer todo o processo seletivo. De acordo com a advogada, a banca avaliadora precisa ser substituída, já que foram os membros atuais que cometeram as irregularidades. “Refazer o concurso sem mudar os membros da banca não resolve o problema”, destaca.

Além disso, Isabela diz que há “indícios” de que houve um tratamento inadequado, possivelmente hostil, da banca em relação aos candidatos negros. “A candidata também está buscando acesso às atas e vídeos da prova, direito garantido juridicamente, mas até agora a universidade não respondeu a esses pedidos. Esperamos mais transparência nos processos seletivos, especialmente aqueles que visam a inclusão racial”.

A advogada salienta a importância de existir um letramento racial no corpo docente para evitar situações como essa. “Minha cliente tem o melhor currículo da segunda fase, com 95 pontos. Em uma instituição privada, ela já estaria contratada com essa pontuação. Já estamos em articulação com a Educafro, uma organização da sociedade civil, para que a Reitoria seja observadora desse concurso”, conclui Isabela.

Nota da UFMG na íntegra

“Em relação ao concurso citado, regido pelo Edital 2144/2023, informamos que a Câmara do Departamento de Fisiologia e Biofísica decidiu anular a prova de apresentação de seminários. Os esclarecimentos sobre a motivação e o prazo para convocação dos candidatos para nova prova estão definidos no comunicado 5/2024: https://www.icb.ufmg.br/institucional/legislacao-editais/publico-interno-2/concursos-inscricoes-on-line-adjunto-a/edital-2144-2023-prof-adjunto-a-depto-de-fisiologia-e-biofisica-area-de-conhecimento-regulacao-neural-das-funcoes-cardiaca-e-ou-vasomotora-ou-fisiologia-respiratoria-ou-fisiologia-digestoria/1159-comunicado-anulamento-de-prova-do-concurso-para-magisterio-superior-edital-2144-2023/file“.

Amanda Serrano

Com experiência nas principais redações de Minas, como Jornal Estado de Minas e TV Band Minas, além de atuação como assessora política, Amanda Serrano é, atualmente, repórter do Portal BHAZ. Em 2024, fez parte da equipe vencedora do Prêmio CDL/BH de Jornalismo.

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Email: [email protected]

Com experiência nas principais redações de Minas, como Jornal Estado de Minas e TV Band Minas, além de atuação como assessora política, Amanda Serrano é, atualmente, repórter do Portal BHAZ. Em 2024, fez parte da equipe vencedora do Prêmio CDL/BH de Jornalismo.

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