Casa no Aglomerado da Serra, em BH, concorre a prêmio internacional de arquitetura

O “Barraco do Kdu” concorre ao prêmio de “Casa do Ano” (Leonardo Finotti/Divulgação)

Uma casa localizada no Aglomerado da Serra, região Centro-Sul de Belo Horizonte, está concorrendo ao prêmio internacional de arquitetura “Casa do Ano”, promovido pelo site “ArchDaily”. A construção batizada de “Casa no Pomar do Cafezal” ou “Barraco do Kdu” é lar do artista Kdu dos Anjos.

“Bora colocar a favela de Minas Gerais no topo do mundo”, escreveu o criador do Centro Cultural Lá da Favelinha em suas redes sociais.

A votação está no ar até 15 de fevereiro e o resultado será divulgado no dia 17. Para votar, clique aqui.

Em conversa com o BHAZ, ele conta que tudo começou com o trabalho que realiza junto com o Levante, um coletivo de arquitetos focado na elaboração de projetos em favelas e periferias. Foi em um destes projetos que conheceu Fernando Maculan, que se tornou o arquiteto principal da casa.

“Eu apresentei para ele o terreno que eu já tinha aqui no aglomerado. Ele fez o projeto junto com o coletivo Levante e comecei a construir a casa em 2018”. Depois de dois anos de construção, o “Barraco do Kdu” estava de pé.

Kdu do Anjos conta que, no final de 2022, o projeto da casa no Aglomerado da Serra ficou entre os mais curtidos da internet. Na sequência, foi eleito um dos 50 mais interessantes do Brasil. “E ontem chegou a notícia de que nossa casa estava concorrendo à ‘Casa do Ano’. Não teve uma inscrição. Foi tudo uma curadoria deles”.

“Acho que é muito importante, principalmente para Belo Horizonte, porque a gente não está no circuito Rio-São Paulo, para as coisas aqui funcionarem a gente precisa de validação e, infelizmente, às vezes essa validação tem que ser internacional”.

Proposta inovadora

O artista explica que a casa, de 66 metros quadrados, foi construída, propositalmente, com tijolos expostos, sem reboco e pintura. “Ela é uma casa que tem uma pegada industrial. A gente não tem energia elétrica ou cano dentro das paredes, é tudo externo”.

Ele destaca ainda a disposição dos tijolos na horizontal. “Além de ter uma estética rústica, ele consegue espantar o calor por ser deitadinho”, diz.

“O chão é de cimento queimado. Os pedreiros falavam que eu tinha que colocar porcelanato pela estrutura da obra, mas queria cimento queimado, que lembra casa de vó”.

Outro fator chave no projeto são as três principais janelas, que se comportam como portas. “É como se fosse uma folha que abre de fora a fora, então a casa fica totalmente escancarada para receber ventilação”.

“É uma casa pequena, mas ela sustenta todo o beco. É a última casa do beco e ela sustenta todo o beco, que deve ter umas quinze casas”, conta orgulhoso.

Para Kdu, seu lar é também uma expressão de quem ele é como pessoa. “Eu acho que é muito a minha cara, porque eu amo morar na favela. Sou essa pessoa moderna que está sempre inovando, sempre inventando e, ao mesmo tempo, prezo muito pela tradição, pela raiz. E acho que é uma casa que tem isso. Eu mantive essa coisa antiga, mas com uma estética que fica moderna”.

Veja fotos da ‘Casa no Pomar do Cafezal’, de Kdu dos Anjos

Casa de Kdu dos Anjos, no Aglomerado da Serra, concorre a prêmio internacional de arquitetura
(Leonardo Finotti/Divulgação)
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Casa de Kdu dos Anjos, no Aglomerado da Serra, concorre a prêmio internacional de arquitetura
(Leonardo Finotti/Divulgação)
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(Leonardo Finotti/Divulgação)
Casa de Kdu dos Anjos, no Aglomerado da Serra, concorre a prêmio internacional de arquitetura
(Leonardo Finotti/Divulgação)
Edição: Roberth Costa
Isabella Guasti[email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.

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