O Carnaval de Belo Horizonte consolidou-se em 2018 como um dos melhores do Brasil. Prova disso é a pesquisa realizada pela empresa Google que apontou a folia da capital como a segunda melhor do país. Mas, como em toda grande festa, ajustes são necessários.
Durante a cobertura realizada pelo Bhaz as equipes que estiveram nas ruas perceberam algo em comum nos blocos: o levantamento de fios da rede elétrica para a passagem de trios elétricos. Para justificar o ato, organizadores dos blocos alegavam que haviam contratados técnicos para execução dessa atividade.
Por conta disso, o Bhaz foi à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para conhecer os perigos que isso pode causar. O engenheiro elétrico de Segurança do Trabalho Demétrio Aguiar afirmou que essa prática, apesar de ser considerada comum, é indevida, visto os problemas que pode causar.
“Quando se levanta um fio sem ter a devida autorização, já se tem um erro. E ele pode ser ainda maior se olharmos os problemas que podem acarretar à sociedade”, disse. Alguns dos problemas são a falta de energia e os acidentes que podem ser provocados por uma possível queda de poste.
Na folia deste ano o caso que exemplifica a fala de Demétrio é o desfile do bloco Baianeiros. No domingo de Carnaval, uma das pessoas que estavam no trio levantou os cabos para que o veículo pudesse passar, mas, por pouco, não foi estrangulado. “É preciso ter autorização para fazer intervenção na rede elétrica. Somente a Cemig pode mexer naquele local. Se qualquer bloco precisar levantar fios, deve fazer a troca do trajeto do desfile e não levantá-los e amarrá-los”, afirmou.
Demétrio Aguiar disse que as pessoa acreditam que a rede elétrica é inofensiva. “De fato ela é, desde que ninguém mexa nela, pois poste quebra igual palito. O movimento de levantar fios impacta no poste, pois não sabemos se ele está comprometido. O esforço realizado pode ocasionar sua queda e consequentemente acidentes. A rede elétrica precisa ser respeitada”, aponta o engenheiro.
Cemig explica o motivo de não participar da liberação do alvará
Ao entrar em contato com os responsáveis por alguns blocos de Carnaval, o Bhaz foi informado que eles sempre fazem o levantamento dos fios para que o trio possa passar. Com isso, surgiu uma dúvida: por qual motivo a Cemig não faz parte da equipe responsável por conceder o alvará para aos blocos? Demétrio explica: “A Cemig não faz parte, pois as redes estão em conformidade com a legislação vigente. Se ela participasse estaria assumindo a responsabilidade caso alguma tragédia acontecesse”, conta.
Para verificar se a rede elétrica está em conformidade com as regras estabelecidas, Demétrio disse que a empresa realiza a inspeção dos fios e que isso é motivado não somente em decorrência do Carnaval. “Como há o tráfego de caminhões pela cidade precisamos verificar se está tudo em conformidade”, afirma.
A realização de festividades nas ruas aliada à prática de levantamento de fios pode causar um grande problema denominado “pirâmide do acidente”. “Como os próprios blocos dizem que levantam os fios, uma coisa podemos afirmar: uma hora o acidente acontecerá. No episódio do Baianeiros, se fosse no período noturno, a tragédia aconteceria, pois as pessoas estariam impossibilitadas de se comunicar com os que estavam no trio elétrico. Aquele homem seria esmagado e consumado por labaredas de chama”, destacou.
Sobre uma punição aos blocos que realizam o levantamento da fiação, Demétrio afirma: “A Cemig não tem o poder de punir, pois é a prestadora do serviço. Orientamos para que não mexam e, com isso, cumprimos nossa parte. A fiação se encontra no alto exatamente para não ser mexida”. Caso o poste fique danificado, a Cemig pode acionar os causadores para que eles paguem o prejuízo.
A equipe do Bhaz que estava nas ruas durante o Carnaval identificaram que alguns blocos levantavam os fios com cabos de vassoura. Essa prática é ainda mais repudiada pelo engenheiro Demétrio. “Levantar os fios com vassoura é pior ainda. Antes o cabo era de madeira mas, se ele estivesse molhado, não seria mais isolante e poderia causar choque elétrico. Agora que eles são de tubo metálico, o perigo é redobrado”, afirmou.
Para evitar tragédias em festividades a Cemig realiza campanhas de conscientização em rádios e emissoras de TV, além de comprar espaços para divulgação. “A orientação sempre acontece para que tudo ocorra em alegria”, afirmou Demétrio.