Cerimonial de BH fecha as portas e deixa mais de 30 comissões de formatura sem festa: ‘Sonho perdido’

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Alguns estudantes já tinham pago mais de R$16 mil para empresa (Eber Faioli/UFMG)

Uma empresa de Belo Horizonte deu fim ao sonho da festa de formatura de centenas de estudantes. O Cerimonial Via Essencial encerrou repentinamente os contratos de mais de 30 comissões de formandos, alegando dificuldades causadas pela pandemia. Desde o e-mail que informou dessa rescisão contratual, enviado em 29 de dezembro, os estudantes afirmam que não conseguem nem entrar em contato com a empresa. Ao BHAZ, o cerimonial disse que devolverá todos os valores aos estudantes.

O estudante de medicina da Unifenas, Caique Ambrosio, é membro de uma das comissões que tinha contrato com o Cerimonial Via Essencial. Em conversa com o BHAZ, ele relata a série de dificuldades que os formandos encontraram com a empresa. “Desde o início da pandemia ficou difícil o diálogo. Foram várias demandas que começaram a não ser respondidas”, relembra.

Arquivo Pessoal/Caique Ambrosio

Com a festa de formatura agendada para julho de 2022, a turma de Caique começou a observar alguns sinais controversos da empresa ainda no ano passado. Além da demora para responder as demandas da turma, a empresa agendou o repasse dos pagamentos para as empresas contratadas para janeiro de 2022.

“Em dezembro, [a dona da empresa] desmarcou uma reunião em cima da hora com a gente. Depois ela mandou um folder para informar que estava em recesso. Só que a gente observou que o folder estava com a data de 2020 ainda”, detalha o estudante.

Dezenas de comissões

No dia 29 de dezembro, os estudantes que tinham contrato com a empresa receberam o e-mail que informava do cancelamento das festas. “Ainda em dezembro [a dona] chegou a fazer degustações com a gente. Deixou a gente continuar planejando as festas. Eu acho que isso foi maldade”, comenta o estudante.

Na mensagem enviada, a empresa diz que a restituição dos valores pagos será feita em até 90 dias. As dezenas de comissões envolvidas já buscam, por meios judiciais, garantir a devolução. “A esperança agora é receber o dinheiro de volta, mas eu não acredito em Papai Noel”, lamenta Caique.

Os estudantes afirmam que já tentaram contato por e-mail e telefone desde então, sem obter resposta da empresa. A sede da empresa, na região leste de BH, também já teria sido desativada.

Sonho por água abaixo

Para os estudantes, o cancelamento gerou também um desgaste emocional. Segundo Caique, muitos formandos já tinham chegado a pagar mais de R$ 10 mil pela festa. “Quando a gente entra na faculdade, além do sonho de formar, tem o sonho de comemorar. Agora a gente pensa que foi tudo por água abaixo”, desabafa.

“É muito deprimente. No final do ano acabou com a festa de todo mundo, é a perda de um sonho. A gente já estava com quase 80% pago, agora teria que começar do zero”, acrescenta.

O que diz a empresa

O Cerimonial Via Essencial reforça, por meio de nota (leia abaixo na íntegra), as informações prestadas no comunicado aos estudantes. A empresa fala sobre a crise por conta da pandemia. “O setor de eventos até a presente data sofre os impactos causados pela pandemia e alta da inflação em nosso país”.

Segundo a empresa, é necessário um período para o cálculo dos valores. “Nos prazos designados no comunicado, prestará todas as informações referentes à restituição de valores”, garante.

Nota na íntegra:

“O Cerimonial Via Essencial, através da sua assessoria jurídica, vem ratificar as informações prestadas no comunicado enviado aos alunos.
O setor de eventos até a presente data sofre os impactos causados pela pandemia e alta da inflação em nosso país. Diante da impossibilidade de realizar os eventos com excelência, bem como não causar prejuízos aos alunos, a empresa ratifica as informações do comunicado enviado, no sentido de que se coloca a disposição através do contato informado aos clientes e, nos prazos designados no comunicado, prestará todas as informações referentes à restituição de valores, conforme inclusive determina a legislação vigente sobre o tema.”

Edição: Vitor Fernandes
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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