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A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) divulgou, nesta terça-feira (25), o balanço parcial sobre a operação “Waterfall”. Desde o início da manhã, o trabalho é feito para identificar ligações clandestinas de água, os conhecidos “gatos” em BH e região Metropolitana. A Polícia Militar, a Polícia Civil e a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) também estiveram envolvidas na operação e ajudaram a fiscalizar 19 ligações em 18 imóveis.
Esta é a segunda vez que uma operação deste porte ocorre em Minas. A primeira teve o foco em Montes Claros, na região Norte do estado.
“A maior perda de água está na região Metropolitana de BH. A gente compara 200 litros de perda, em média, por imóvel, em um mês, no interior, contra 480, quase 500 litros na Metropolitana”, destaca o diretor de Relacionamento com o Cliente e Regulação, Cleyson Jacomini.
Em um dos imóveis a suspeita é de que haviam duas inconsistências na rede hídrica. Segundo os dados apresentados, apenas 4 ligações não apresentaram irregularidades. Em 5, os técnicos confirmaram as suspeitas. Os agentes ainda fiscalizam 9 redes.
Uma outra ligação passará por uma perícia mais específica. Os técnicos encontraram uma inconsistência em um hidrômetro. Boa parte da água que passava não era medida. A análise ocorrerá para saber se houve um desvio instalado no aparelho ou se ele estragou com o tempo.
Além disso, duas pessoas foram conduzidas para prestar esclarecimentos. De acordo com a Sejusp, a tendência é de que este número aumente, já que muitos responsáveis pelos locais não se apresentaram ainda.
Motel na Pampulha está entre alvos de operação
A unidade do motel Fantasy, na avenida Portugal, região da Pampulha, é um dos alvos da operação que mira ligações clandestinas de água na Grande BH.
“Aqui a gente tá fazendo uma verificação rotineira e uma avaliação para saber se existe uma rede paralela abastecendo sem passar pelo nosso hidrômetro”, explica Valter.
“A ligação de água é uma ligação única. O que a gente tem encontrado nessas ligações com suspeitas de fraude é que o cliente burla [o abastecimento]. A água passa pelo sistema de medição e abastece o imóvel ao lado”.
O BHAZ entrou em contato com a rede Fantasy, mas ninguém vai se pronunciar sobre o assunto. O espaço segue aberto caso a empresa queira se manifestar.
‘Gatos geram diversos prejuízos’
De acordo com a Companhia, o prejuízo das fraudes pode chegar a R$ 170 milhões por ano. Para além do déficit financeiro, existem diversos outros problemas causados quando uma ligação clandestina ocorre.
“No momento em que você tem o processo de desvio de água, você tem o processo de afetar a coletividade. As pessoas precisam entender que o fato de desviar água, desequilibra o sistema. Embora seja um crime tipificado no código penal, nosso objetivo é a regularização”, explica Cleyson.
Valter Lucas, gerente de hidrometria e perdas da Copasa, também explica que uma irregularidade deste nível pode comprometer a qualidade do abastecimento.
“Quem faz uma ligação paralela corre o risco de contaminar as tubulações de água de um bairro, até de uma cidade. Além disso, o prejuízo para a cidade é de uma forma que o custo desse “gato” ele é transferido para todos os clientes da Copasa”, destaca.
“Gato” é crime
Popularmente chamadas de “gato”, as ligações clandestinas destinadas a desviar serviços, para não pagar devidamente pelo fornecimento, configuram crime. Os envolvidos podem responder por estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal e até por furto, conduta que se enquadra no artigo 155 do CP.
O crime de estelionato tem pena de reclusão, de um a cinco anos, e multa. Já o furto prevê reclusão, de um a quatro anos. No entanto, na modalidade qualificada, a pena do art. 155 pode ser de dois a oito anos, chegando a 10, caso haja emprego de explosivos ou artefatos que causem perigo comum.