Covid-19: Jovens representam metade da população com 2ª dose atrasada em BH

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Predominância passou da faixa etária entre 40 e 49 anos para de 20 a 29 anos (FOTO ILUSTRATIVA: Envato)

Um novo levantamento da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) mostra um dado crítico sobre os jovens em Belo Horizonte. Segundo o índice, metade dos belo-horizontinos com a segunda dose contra a Covid-19 atrasada tem entre 12 e 29 anos. O boletim, com base em dados extraídos da plataforma OpenDataSUS em 6 de dezembro, foi divulgado nesta sexta-feira (17).

Somados os grupos com idade entre 12 e 19 anos e de 20 a 29 anos, são 70.522 pessoas que ainda não completaram o esquema vacinal contra o novo coronavírus. Em seguida, estão os adultos com 30 a 39 anos, com 30.078 atrasados. Em terceiro lugar, estão aqueles de 50 a 59 anos, com 16.627.

A faixa etária que apresentou a melhor performance é a de 70 a 79 anos, com 2.709 atrasados, seguida daqueles com 60 a 69 anos, que ainda tem 9.134 pessoas em atraso na segunda aplicação. O número aumenta entre os idosos maiores de 80 anos, com 3.698 atrasados.

Levando em consideração apenas os jovens entre 12 e 19 anos, a performance é melhor e 9.969 adolescentes ainda não completaram o esquema vacinal, enquanto 60.553 entre 20 e 29 anos não voltaram para receber a segunda dose. No total, 180 mil pessoas capital mineira ainda não se imunizaram completamente na capital mineira.

Questão de raça

Ainda segundo o levantamento, 92% do público-alvo se encontra coberto com a primeira dose de
algum imunizante contra o novo coronavírus. No entanto, ainda há um importante contingente de
pessoas que não retornaram para a segunda dose. Com relação à faixa etária, enquanto no último informativo havia predominância dos indivíduos de 40 a 49 anos, os dados atuais revelam um alargamento desse grupo de jovens adultos para a faixa de 20 a 49 anos.

De acordo com a análise dos pesquisadores, o aumento expressivo, em curto espaço de tempo, do número de pessoas que não retornaram para a segunda aplicação representa um alerta para a saúde pública. Foi constatado ainda que o maior risco de não retornar para segunda dose se encontra no grupo populacional economicamente ativo, mais especificamente homens e adultos jovens, de maior vulnerabilidade social, inferido pelo marcador social raça/cor de pele parda/preta.

Os dados mostram, mais uma vez, que as pessoas negras representam a maioria dos atrasados, com 62.143 que ainda não completaram o esquema vacinal. Esse número é de 41.309 para os brancos. Ainda há 75.394 pessoas que estão na categoria “outros” ou “sem informação”. Os pesquisadores reforçam a necessidade de melhoria da qualidade da base de dados em saúde, na medida que mais de 30% de não preenchimento do campo raça/cor. Segundo o estudo, a categoria é um “importante marcador social, tem sido negligenciado, fragilizando a identificação de grupos prioritários para ações de controle”.

Desigualdade

Os dados demonstram a desigualdade na capital mineira, conforme os responsáveis pelo levantamento. “Tais achados reforçam possíveis desigualdades injustas, conhecidas como iniquidades sociais na vacinação, intrinsecamente relacionadas aos determinantes sociais e culturais subjacentes”, destacam no boletim.

Para melhorar os números de segunda dose, além da melhoria nos bancos de dados, os especialistas propõem uma busca ativa pelos atrasados. “Ações de vigilância devem ser planejadas no intuito de compreender o perfil desses indivíduos, elaborar estratégias de busca ativa no sentido de promover meios para facilitar a vacinação completa da população”, sugerem.

Os pesquisadores apontam que a suscetibilidade da população à infecção e doença grave pelo novo coronavírus só diminuirá à medida que a cobertura vacinal específica avance, sobretudo nos “desertos vacinais da cidade”, representados por territórios socialmente vulneráveis.

Edição: Roberth Costa

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