Depois de quase três meses após o ínicio das campanhas de vacinação contra a Covid-19, somente 28,1% das crianças tomaram a segunda dose na capital mineira. Já na faixa etária dos 5 aos 11 anos, 73,5% dos pequenos foram vacinados com a primeira dose. A baixa adesão à vacinação infantil na cidade pode ser percebida por meio de dados do boletim epidemiologico divulgado pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte).
Segundo o boletim epidemiológico, com dados atualizados até o dia 1º de abril, apenas 54 mil crianças retornaram aos postos para completar o esquema vacinal. Para o infectologista Leandro Curi, o recuo tem origem na escassez de campanhas de incentivo à vacinação da faixa etária, potencializada por notícias falsas sobre a ineficácia do imunizante.
“Muita gente não toma as vacinas e não leva os filhos para tomar. Tem um tempo que não vejo campanhas enfáticas do poderes estaduais e municipais”, explica. “Tudo é desencadeado por alguma coisa. Quando o poder público abre mão da máscara e das medidas de distanciamento, fala que as coisas estão melhorando e que a pandemia está muito suave, acaba criando uma ilusão”, acrescenta Curi, repreendendo a flexibilização nas medidas de proteção.
Ilusão de normalidade
Para o infectologista, a série de decisões influencia diretamente na forma como a sociedade encara o vírus. Os responsáveis pelas crianças passam a crer que podem transitar livremente – inclusive em ambientes fechados – sem completar o esquema vacinal e com a dispensa do uso de máscaras. Desse modo, pais que eram receosos acabam deixando de incentivar a segunda dose, o que caracteriza um risco a médio prazo.
Leandro ainda opina que, embora o cenário epidemiológico apresente avanços na capital mineira, a baixa adesão à vacinação infantil é reflexo de fatores acumulados. Além das notícias falsas, o infectologista credita a situação problemática à crença dos pais de que os pequenos são “cobaias da vacinação”. Até mesmo alguns profissionais da saúde optam por não recomendar a vacina pediátrica, o que seria um desserviço à sociedade.
“É uma pena porque, se pensarmos de forma técnica, a criança no primeiro ano de vida recebe aproximadamente 24 vacinas. Os pais quase nunca contestam origem, marca ou tecnologia dos imunizantes, ao contrário do que ocorre hoje em relação à Covid-19”.
Risco nas escolas
Por fim, o especialista destaca que, no meio do ano, as doenças respiratórias são mais frequentes entre o público infantil. Nas escolas, é esperado que as bronqueolites e asmas típicas da estação se aliem à alta nos casos de Covid, o que deve ser problemático para quem não completou o esquema vacinal.
“Sigo insistindo que a vacinação infantil é tão importante quanto a dos adultos. Se não orientarmos nossas crianças, o risco é muito maior”, finaliza.
Nesta quarta-feira (6), a PBH convoca crianças de 5 anos sem comorbidades, nascidas de fevereiro a julho de 2016, vacinadas com a Pfizer Pediátrica. O intervalo mínimo entre as aplicações é de 8 semanas. É necessário levar documento de identidade ou certidão de nascimento, CPF e cartão de vacina. Veja os locais de vacinação neste link.